Atualmente em reprise no canal Viva, América (2005) foi uma das novelas das nove da Globo de maior audiência da década de 2000. Porém, não foi fácil alcançar tamanho êxito. A autora Gloria Perez e a direção da Globo tiveram que rebolar para reverter a crise inicial da produção.
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América estreou em baixa, enfrentou problemas de bastidores e foi alvo de inúmeras críticas. Mas Gloria e sua equipe foram habilidosos em driblar todas as dificuldades – mesmo que isso representasse a queda do diretor de núcleo da obra…
Crise
Exibida originalmente a partir de março de 2005, América sucedeu o grande sucesso Senhora do Destino (2004). Assim, Gloria Perez tinha o desafio de manter o horário nobre da Globo aquecido, o que se revelou uma tarefa das mais espinhosas.
Mal a novela estreou e a trama já enfrentou uma saraivada de críticas. A principal delas era sobre a mocinha Sol, que foi considerada “chorona” e “fraca” pelo público. A atriz Deborah Secco virou alvo e o público reclamava da maneira “sussurrante” com que ela falava. O par com Tião (Murilo Benício) também foi bastante criticado.
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Esses e outros problemas da trama se refletiram na audiência. América viu seus bons índices iniciais despencaram semana a semana. A média semanal chegou aos 40 pontos no Kantar Ibope, bem diferente da primeira semana, quando a novela registrou 49,3. A queda brusca acabou provocando mudanças na novela.
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O resgate
A primeira medida da Globo para reverter a crise de audiência de América foi afastar o diretor de núcleo Jayme Monjardim. A autora Gloria Perez admitiu a falta de sintonia entre seu texto – mais popular – e a direção – mais “épica”. O descompasso foi apontado como o principal problema para a queda de audiência.
Assim, Marcos Schechtman assumiu a direção geral da trama e promoveu várias mudanças solicitadas por Gloria Perez. A maior delas se deu na trilha sonora. Saíram as retumbantes trilhas incidentais de Marcus Viana, que deram espaço a um repertório mais popular.
A abertura também mudou. O tema, inicialmente, era Órfãos do Paraíso, de Marcus Viana, na voz de Milton Nascimento. Depois, entrou Soy Loco por Ti América, na voz de Ivete Sangalo. A mudança radical obrigou a vinheta a ser totalmente reformulada, ficando mais ágil e colorida.
Mudanças na trama
Inicialmente, América também deu um nó na cabeça do público por conta dos vários cenários e personagens. A trama tinha núcleos no Rio de Janeiro, na fictícia Boiadeiros e em Miami, o que confundia o espectador. A nova direção, então, apostou em passagens mais “didáticas”, deixando claro onde a narrativa estava a cada mudança de cenário.
Gloria Perez também foi obrigada a mexer no texto. A autora constatou que o público não aprovava o fato de Sol ter desistido de Tião para “tentar a vida” nos EUA. Com isso, Gloria inventou uma doença para Mariano (Paulo Goulart), o padrasto da mocinha, dando um motivo mais “nobre” para a trajetória de Sol – o que não deixou de soar forçado, já que Mariano e Sol não se davam nada bem…
Como o casal Tião e Sol não agradou, a autora apostou em novos pretendentes para ambos. Assim, a mocinha se apaixonou por Ed (Caco Ciocler), enquanto Tião caiu nos braços de Simone (Gabriela Duarte).
Deu certo
As mudanças logo surtiram efeito. A partir de sua sétima semana, América reverteu a tendência de queda e passou a ganhar mais público. Logo o público se envolveu com a trama, transformando a novela num grande sucesso.
América cresceu tanto que chegou a bater incríveis 60 pontos no capítulo do dia 18 de outubro de 2005, quando a trama entrava na antepenúltima semana. Na penúltima semana, dois capítulos atingiram 61. E, na semana final, os números cresceram ainda mais. O último capítulo anotou inacreditáveis 68 pontos de média de audiência.
Na média final, América ficou com 49,2 pontos, o que a tornou a segunda maior audiência do horário na década de 2000, atrás apenas de Senhora do Destino, que cravou 50,3.