Mudou tudo: o que a Globo fez para salvar América do fracasso

21/12/2023 às 14h14

Por: André Santana
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Murilo Benício e Deborah Secco em América

Atualmente em reprise no canal Viva, América (2005) foi uma das novelas das nove da Globo de maior audiência da década de 2000. Porém, não foi fácil alcançar tamanho êxito. A autora Gloria Perez e a direção da Globo tiveram que rebolar para reverter a crise inicial da produção.

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Murilo Benício e Deborah Secco em América (Divulgação / Globo)

América estreou em baixa, enfrentou problemas de bastidores e foi alvo de inúmeras críticas. Mas Gloria e sua equipe foram habilidosos em driblar todas as dificuldades – mesmo que isso representasse a queda do diretor de núcleo da obra…

Crise

Deborah Secco como Sol em América

Deborah Secco como Sol em América (divulgação/Globo)

Exibida originalmente a partir de março de 2005, América sucedeu o grande sucesso Senhora do Destino (2004). Assim, Gloria Perez tinha o desafio de manter o horário nobre da Globo aquecido, o que se revelou uma tarefa das mais espinhosas.

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Mal a novela estreou e a trama já enfrentou uma saraivada de críticas. A principal delas era sobre a mocinha Sol, que foi considerada “chorona” e “fraca” pelo público. A atriz Deborah Secco virou alvo e o público reclamava da maneira “sussurrante” com que ela falava. O par com Tião (Murilo Benício) também foi bastante criticado.

Esses e outros problemas da trama se refletiram na audiência. América viu seus bons índices iniciais despencaram semana a semana. A média semanal chegou aos 40 pontos no Kantar Ibope, bem diferente da primeira semana, quando a novela registrou 49,3. A queda brusca acabou provocando mudanças na novela.

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O resgate

Gloria Perez

A autora Gloria Perez (divulgação)

A primeira medida da Globo para reverter a crise de audiência de América foi afastar o diretor de núcleo Jayme Monjardim. A autora Gloria Perez admitiu a falta de sintonia entre seu texto – mais popular – e a direção – mais “épica”. O descompasso foi apontado como o principal problema para a queda de audiência.

Assim, Marcos Schechtman assumiu a direção geral da trama e promoveu várias mudanças solicitadas por Gloria Perez. A maior delas se deu na trilha sonora. Saíram as retumbantes trilhas incidentais de Marcus Viana, que deram espaço a um repertório mais popular.

A abertura também mudou. O tema, inicialmente, era Órfãos do Paraíso, de Marcus Viana, na voz de Milton Nascimento. Depois, entrou Soy Loco por Ti América, na voz de Ivete Sangalo. A mudança radical obrigou a vinheta a ser totalmente reformulada, ficando mais ágil e colorida.

Mudanças na trama

Gabriela Duarte em América

Gabriela Duarte em América (divulgação/Globo)

Inicialmente, América também deu um nó na cabeça do público por conta dos vários cenários e personagens. A trama tinha núcleos no Rio de Janeiro, na fictícia Boiadeiros e em Miami, o que confundia o espectador. A nova direção, então, apostou em passagens mais “didáticas”, deixando claro onde a narrativa estava a cada mudança de cenário.

Gloria Perez também foi obrigada a mexer no texto. A autora constatou que o público não aprovava o fato de Sol ter desistido de Tião para “tentar a vida” nos EUA. Com isso, Gloria inventou uma doença para Mariano (Paulo Goulart), o padrasto da mocinha, dando um motivo mais “nobre” para a trajetória de Sol – o que não deixou de soar forçado, já que Mariano e Sol não se davam nada bem…

Como o casal Tião e Sol não agradou, a autora apostou em novos pretendentes para ambos. Assim, a mocinha se apaixonou por Ed (Caco Ciocler), enquanto Tião caiu nos braços de Simone (Gabriela Duarte).

Deu certo

Deborah Secco e Caco Ciocler em América

Deborah Secco e Caco Ciocler em América (Divulgação)

As mudanças logo surtiram efeito. A partir de sua sétima semana, América reverteu a tendência de queda e passou a ganhar mais público. Logo o público se envolveu com a trama, transformando a novela num grande sucesso.

América cresceu tanto que chegou a bater incríveis 60 pontos no capítulo do dia 18 de outubro de 2005, quando a trama entrava na antepenúltima semana. Na penúltima semana, dois capítulos atingiram 61. E, na semana final, os números cresceram ainda mais. O último capítulo anotou inacreditáveis 68 pontos de média de audiência.

Na média final, América ficou com 49,2 pontos, o que a tornou a segunda maior audiência do horário na década de 2000, atrás apenas de Senhora do Destino, que cravou 50,3.

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