Mudou: queridinhos viram protagonistas para salvar Terra e Paixão

Ramiro (Amaury Lorenzo) e Kelvin (Diego Martins) em Terra e Paixão

Ramiro (Amaury Lorenzo) e Kelvin (Diego Martins) em Terra e Paixão

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Uma estratégia que os novelistas costumam usar para fisgar a atenção do público é aumentar o espaço de personagens que tenham caído nas graças da audiência. Walcyr Carrasco, experiente em reformular novelas para ganhar mais plateia, não se furta em utilizar tal artifício.

Ramiro (Amaury Lorenzo) e Kelvin (Diego Martins) em Terra e Paixão (divulgação/Globo)

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Terra e Paixão é um claro exemplo disso. Ramiro (Amaury Lorenzo) e Kelvin (Diego Martins), dois coadjuvantes que poderiam ter passado despercebidos, ganham cada vez mais espaço dentro da novela das nove da Globo. O autor percebeu a força dos personagens e os transformou em praticamente protagonistas do folhetim.

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Promissores

Diego Martins como Kelvin em Terra e Paixão (Ellen Soares / Globo)

Justiça seja feita, tanto Ramiro quanto Kelvin se mostraram personagens promissores logo no início de Terra e Paixão. O capanga, por exemplo, protagonizou uma cena cômica de cara, quando ficou incomodado com um comentário de Cândida (Susana Vieira) sobre o tamanho de seu órgão sexual.

Já Kelvin chamava a atenção no núcleo do bar, tanto por conta de seu visual espalhafatoso quanto por seu caráter um tanto duvidoso. “Truqueiro”, ele demonstrou, de cara, que não era uma pessoa lá muito confiável, mas, ao mesmo tempo, conquistou o público com seu bom humor.

No entanto, a potência dos dois personagens foi elevada ao máximo quando eles se tornaram uma dupla improvável. O romance velado entre o capanga e o garçom acabou agradando o público, tanto por conta do talento dos intérpretes, quanto pelo inusitado da situação. Isso sem falar na tal “química”, que não tem muita explicação. Tudo funcionou.

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Trama própria

Munda (Carol Romano) e Ramiro (Amaury Lorenzo) em Terra e Paixão (divulgação/Globo)

De olho na popularidade da dupla, Walcyr Carrasco e Thelma Guedes não têm economizado em novas histórias envolvendo Ramiro e Kelvin. Além de aumentar o espaço das cenas dos encontros dos dois – com direito a tapinhas na bunda e frases de duplo sentido -, os autores têm investido em tramas diferentes para o casal.

Uma delas foi a chegada de Munda (Carol Romano), que, a princípio, parecia ter sido criada para acrescentar um impedimento ao romance dos rapazes, dando ares de “amor proibido” à história. No entanto, a separação não durou muito e a entrada da ex-noiva de Ramiro serviu apenas para deixar ainda mais clara a relação entre ele e Kelvin.

Tanto que, depois disso, o romance ganhou ares mais explícitos, com direito até a sonhos reveladores do capanga. Assim, a novela tem explorado os sentimentos de Ramiro e as dificuldades que ele tem para assumir, para si mesmo, o amor que nutre pelo “amigo”.

Um novo Félix

Mateus Solano como Félix em Amor à Vida (Divulgação / Globo)

Em Amor à Vida (2013), também de Walcyr Carrasco, Félix (Mateus Solano) começou a novela como um vilão terrível, capaz de jogar a própria sobrinha recém-nascida numa caçamba. No entanto, o personagem, que era homossexual, caiu tanto nas graças do público que Carrasco recalculou sua rota, ao ponto de transformá-lo em herói.

Com isso, Félix se redimiu e assumiu o protagonismo de Amor à Vida. Ele, inclusive, despertou a torcida do público para que tivesse um final feliz ao lado de Niko (Thiago Fragoso), coroando de vez sua posição como “mocinho” da novela.

Ao que tudo indica, Ramiro pode ir pelo mesmo caminho. Afinal, apesar do amor por Kelvin, o rapaz é um capanga de Antônio La Selva (Tony Ramos) e já foi capaz de atitudes abomináveis, incluindo assassinatos. Assim, não vai ser surpresa se, num determinado momento da trama, Ramiro ser definitivamente “transformado” pelo sentimento em relação ao “amigo” e tenha, assim como Félix, um final feliz.

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