Marcos Mion é um dos grandes nomes do elenco da Globo e não esconde a alegria em comandar o Caldeirão nos sábados à tarde, agradando pessoas de várias idades.
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Anos atrás, porém, Mion desagradou outro canal – e vários anunciantes –, quando tentou inovar a sua programação. Ele pagou um preço alto por sua ousadia.
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Descontrole com Marcos Mion
Em 2001, o apresentador fazia muito sucesso à frente do programa Os Piores Clipes do Mundo, na MTV Brasil. A Band, buscando renovar a sua programação em 2002, contratou Marco Mion para comandar o horário nobre da emissora.
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“Aquele formato [programa jovem] já está ultrapassado, ele vem na Band desde o ‘H’, do Luciano Huck. Seria mais fácil fazer um programa só de papo-cabeça ou de ‘besteirol’: são dois papéis em que eu me dou bem, mas o desafio é fazer os dois ao mesmo tempo”, adiantou Mion em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, de 17 de fevereiro de 2002.
Assim, entrou no ar Descontrole, programa diário que prezava pela anarquia no palco. A atração buscava manter o jeito escrachado e debochado de Mion na MTV, mas de uma forma mais ampla e bem bizarra.
Programa fora dos padrões
A atração exibia o apresentador e o elenco em pautas como a do carro atirado no mar, a crucificação de Inri Cristo – homem que dizia ser a reencarnação de Jesus –, o confronto de Marcos Mion com uma garota que odiava o formato e a briga de anões no ringue.
Estes e outros fatos chamaram a atenção do espectador, que não entendia muito bem o espírito do programa…
Um episódio específico chamou a atenção das pessoas: o dia em que ele abriu a atração sentado em um vaso sanitário. Ao explicar isso para o jornal O Globo, Mion afirmou que queria acabar com o lado certinho da TV.
“Fiz isso para quebrar os padrões. A molecada adorou, mas a crítica não está preparada para isso. Por que não posso ir ao banheiro? Por que não posso arrotar na TV? Não dá para ficar só conversando com o público”, disparou.
Uma mudança radical
Toda essa anarquia não deu certo. A atração mudou o nome e o conteúdo. Descontrole deu lugar a Sobcontrole, formato que privilegiava musicais e games entre estudantes.
Em entrevista ao podcast PodPah, o apresentador contou como ele reagiu às mudanças impostas pela emissora ao seu programa.
“Eu tomei duas advertências da direção da emissora. E foi um choque violento esse programa e a atração sofreu uma mudança radical. A gente não podia mais criar os quadros. Não gostei da mudança, foi uma facada no meu coração, mas tive que jogar o jogo”, lamentou.
Mudança de vida
A reformulação trouxe uma nova visão para Mion, o que o ajudou muito:
“O Sobcontrole virou uma ‘batalha’ de escolas em prol de instituições. Eu ia gravar nesses locais e isso mudou minha vida. Não era uma coisa que fazia parte da minha vida – pessoas com deficiência, crianças com câncer, não tinha convivência com isso. Eu aprendi muito naquela fase, e hoje isso é um dos pilares da minha vida”.
No entanto, a audiência não subiu, o faturamento continuou baixo e o programa saiu do ar em maio de 2003. Rogerio Gallo, então diretor artístico da Band, pensava em colocar Mion na madrugada de sábado com um programa mais radical e aberto.
A ideia acabou não vingando e o contrato do apresentador foi encerrado. O pastor R.R. Soares alugou a faixa ocupada pelo Sobcontrole e exibiu o seu Show da Fé por 17 anos na Band.