A série Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez, da HBO Max, trouxe um novo bastidor da novela De Corpo e Alma (1992). Bira, papel que projetou Guilherme de Pádua, assassino confesso da atriz Daniella Perez, seria de outro ator: Alexandre Frota. Guilherme morreu neste domingo (06), aos 53 anos, após sofrer um infarto fulminante.
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Para Frota, o destino da filha de Gloria Perez teria sido diferente se ele pudesse ter atendido ao convite da autora para a produção; a Globo impediu tal escalação.
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Convite
Produção da HBO Max, Pacto Brutal elucidou uma questão que sempre rondou a cabeça do grande público: como o criminoso conseguiu um personagem de destaque na novela das oito?
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Foi a própria Gloria Perez quem revelou a opção por Alexandre Frota para o papel. Ela escreveu Bira, terceiro vértice do triângulo com Yasmin (Daniella Perez) e Caio (Fábio Assunção), pensando no ator.
Na época, porém, Frota estava comprometido com as gravações de Perigosas Peruas (1992), na qual vivia Jaú. Diante da negativa do autor Carlos Lombardi quanto à liberação, a Globo optou por mantê-lo na trama das sete. Alexandre comentou o episódio em entrevista ao portal Metrópoles.
“O papel do Bira foi escrito pra mim, a Gloria escreveu pensando em mim. Eu não pude fazer porque não fui liberado pelo autor Carlos Lombardi da novela das 19h. Meu personagem também fazia muito sucesso na novela Perigosas Peruas”, relembrou.
“Era o Jaú, um personagem que se envolvia com a Sílvia Pfeifer, e o Carlos Lombardi não me liberou para que eu fizesse, mesmo o Roberto Talma, que foi o diretor-geral de Perigosas Peruas, e era o diretor em De Corpo e Alma no início, querendo que eu fosse para novela das 20h”, concluiu.
Destino diferente
Alexandre Frota foi categórico ao afirmar que, caso tivesse atuado em De Corpo e Alma, o destino de Daniella Perez poderia ser diferente.
“Eu poderia ter feito caso tivessem me liberado, como não me liberaram, não deu tempo, acabaram colocando infelizmente, o Guilherme de Pádua. Caso eu tivesse feito a novela, o destino seria outro, completamente diferente, e nós poderíamos ter a Dani junto a família dela e casada com o Raul [Gazolla]”, lamentou.
Sem o ator pensado para o papel, a produção do folhetim das oito precisou ir atrás de outro nome.
Escalação por acaso
A produtora Vanessa Jardim relatou, na série documental, que a escalação de Guilherme de Pádua foi totalmente casual:
“Essa escalação foi um acaso. Inclusive foi uma coisa de última hora, que a gente correu atrás porque não tinha nem mais tempo”.
Gloria, questionada por anos sobre a participação de Guilherme na trama, lembro que ele estava no catálogo de atores da Globo por já feito papéis menores.
“Eu estava na sala do Roberto Talma quando ele escolheu esse rapaz. Como ele escolheu? Precisava preencher o papel, e ele mandou buscar na produção de elenco algumas fichas de rapazes na faixa dos 20 anos que correspondem a determinado tipo físico. Ele não foi escolhido na rua. Ele era um ator cadastrado, quem deu carteira de ator pra ele foi o teatro”, salientou.
“A Gloria não se culpa e nem poderá ser culpada de nada, muito pelo contrário. Nem ela e nem ninguém. Foi o destino que fez com o Guilherme fosse escolhido dentro da TV Globo. Todo o processo da Gloria dentro desse assassinato é incrível, ela foi muito guerreira, muito lutadora, ela foi uma mãe coragem”, destacou Alexandre Frota na matéria do Metrópoles.
O assassino no horário nobre
Guilherme de Pádua era um nome desconhecido no meio artístico quando chegou ao Rio de Janeiro. Ele iniciou a carreira com shows em boates e casas noturnas, participando do espetáculo Os Leopardos, no qual um grupo de modelos masculinos dançavam, cantavam e, no final da apresentação, ficavam completamente nus.
Em 1990, ele conseguiu uma ponta na novela Mico Preto. No ano seguinte, foi escalado para o elenco do espetáculo Blue Jeans, dirigido por Wolf Maya.
A grande oportunidade veio em De Corpo e Alma. Temendo perder espaço na narrativa, já que a novela caminhava para o final feliz entre Yasmin e Caio, Guilherme e a então esposa Paula Thomaz assassinaram Daniella Perez na noite de 28 de dezembro de 1992, com 18 punhaladas, sem possibilidade de defesa da vítima.
Condenados, os dois saíram da prisão em 1999, após o cumprimento de um terço da pena. Paula vive longe dos holofotes; Pádua virou pastor evangélico.