Novela de Antônio Calmon, Corpo Dourado foi exibida entre 12 de janeiro e 21 de agosto de 1998. Relembre abaixo 20 curiosidades sobre a trama.
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Confira:
1 – Corpo Dourado partia do assassinato do milionário Zé Paulo (Lima Duarte), em condições similares ao ocorrido com PC Farias, tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Melo à Presidência da República, encontrado sem vida ao lado de sua namorada, também morta, em circunstâncias jamais esclarecidas. Por meio de uma fita VHS, Zé Paulo orientava o filho, Arthurzinho (Marcos Winter), a desposar Selena (Cristiana Oliveira), tipo rústico. A moça era filha bastarda do antigo sócio do empresário, pai de Amanda (Maria Luiza Mendonça). Esta, por sua vez, havia sido noiva de Arthurzinho – os negócios entre as famílias degringolaram após a moça abandoná-lo no altar.
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2 – Zé Paulo fora reservado, a princípio, para Paulo Autran. O elenco provisório contou ainda com Gracindo Jr como Ezequiel, personagem entregue a Antônio Petrin. E Nívea Maria como Hilda; substituída por Lucinha Lins, por conta da semelhança desta com Fernanda Rodrigues, sua “filha”, assim como em A Viagem (1994).
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3 – Fernanda, aliás, gravou sua última cena em Zazá numa terça-feira, mudou o visual – do vermelho para o loiro – no dia seguinte e, na quinta-feira, já estava em Búzios, litoral do Rio de Janeiro, para as primeiras tomadas de Corpo Dourado. A saída de Valéria, sua personagem na novela anterior, foi justificada com uma viagem ao exterior: apaixonada por Douglas (David Cardoso), ela abria mão do rapaz em favor de sua irmã, Lúcia (Juliana Martins), à espera de um filho dele. Já Humberto Martins, o galã Chico, estava reservado para Anjo Mau (1997) quando foi recrutado para a trama das 19h. Seu personagem às 18h, Freddy, foi entregue a Jackson Antunes.
4 – Felipe Camargo, por sua vez, perdeu Billy para Fábio Jr. Mas não deixou o elenco da produção… Fora remanejado para Tadeu, terceiro vértice do triângulo amoroso formado com Billy e Judy (Giovanna Antonelli, de volta à Globo após bons trabalhos na Manchete). Com a alteração, o autor Antônio Calmon aumentou a importância de Tadeu na narrativa e atenuou características do perfil de Billy que não condiziam com Fábio, como a prática de esportes. Também reduziu as cenas em que o forasteiro se dedicava à fotografia, para evitar comparações com Jorge Tadeu, personagem dele em Pedra Sobre Pedra (1992), e atenuou seu “lado mau-caráter”; uma pesquisa de opinião indicou que as telespectadoras preferiam ver o ídolo “mais mocinho” do que vilão.
Atriz entrou para o elenco sem ser avisada
5 – Isabel Fillardis entrou para o elenco sem ser avisada! A atriz garantiu em entrevistas, logo após a estreia, que tomou um susto ao ver seu nome nos créditos de abertura. “Pensaram em mim para fazer o papel, mas não me consultaram“, declarou. Após, enfim, acertar sua participação, Isabel se integrou à trama; contudo, a personagem, Noêmia, “não aconteceu”. A fisioterapeuta, e o marido Nando (Lui Mendes), atleta que se recuperava de uma fratura no fêmur, deixaram Corpo Dourado antes do fim.
6 – A equipe do folhetim evitou a necessidade de “duplicar” uma atriz escalando as gêmeas Joyce e Thaís Caldas para os papéis de Ana e Lana, irmãzinhas endiabradas que “causavam” todas para cima de Kris (Daniel Ávila) e Duca (André Ricardo), netos de Zé Paulo. A ideia era justamente otimizar a produção, sem necessidades de efeitos especiais ou de gravar uma única cena duas vezes, como ocorria em Mulheres de Areia (1993), com Glória Pires, e Cara & Coroa (1995), também de Calmon, com Christiane Torloni.
7 – Flávio Galvão atuou na frente e atrás das câmeras: além de interpretar o médico Orlando, também dirigia as sequências de seus colegas – a única exigência dele, para aceitar a jornada dupla, foi a de não “se dirigir”. Também a promoção de Fábio Junqueira, de assistente de direção a diretor. Fábio, pai do ator Caio Junqueira, atuou em Olho no Olho (1993), de Antônio Calmon, e História de Amor (1995), dentre outras.
8 – A sinopse de Corpo Dourado passou por vários tratamentos – nome dado ao processo de readequação de tramas, personagens e cenários. A princípio, uma história de viés político – Selena era filha de uma guerrilheira, exilada em Cuba -; posteriormente, a inspiração na Família Buscapé, que rendeu a protagonista, sua mãe Camila (Ana Rosa) e os vizinhos Epaminondas (Lafayette Galvão) e Jorginho (Gerson Brenner).
Mudanças na trama
9 – Mudanças também na trama prevista para Judi: em dado momento, a herdeira de Zé Paulo e Isabel (Rosamaria Murtinho), adotada, se defrontaria com sua origem: era filha biológica de uma negra. O conflito deixou de existir, já que o preconceito racial estava em voga nas novelas das 18h e das 20h. Em Anjo Mau, Tereza (Luiza Brunet) escondia do marido rico, Rui Novaes (Mauro Mendonça), a mãe negra e humilde, Cida (Léa Garcia); já em Por Amor (1997), Wilson (Paulo César Grande) rompia com a esposa Márcia (Maria Ceiça), por temer que o filho que esta esperava fosse negro. Também da sinopse original para a aprovada: o balneário onde se desenrolava o folhetim, Marimbá, foi batizado, a princípio, como Aimorés.
10 – Após a estreia, a Globo determinou mais alterações. Saiu de cena a tarja preta que cobria os seios de Alicinha (Danielle Winits), sempre que esta fazia topless na praia – uma ideia proveniente da série Armação Ilimitada (1985), que contou com Calmon na equipe de criação. Os banhos de sol com os peitos desnudos foram mantidos, mas a atriz passou a ser focalizada apenas de costas. Também corrigiram o sotaque paulistano, anasalado, que Marcos Winter atribuiu a Arthurzinho. E diante das dificuldades de José de Abreu com as aulas de surfe, esporte favorito de seu personagem Renato, o autor passou a escrever apenas cenas do tipo na areia, com a prancha a tiracolo.
Atriz se queixou publicamente
11 – Rosamaria Murtinho queixou-se publicamente dos rumos de Isabel. Após a morte de Zé Paulo, a viúva padecia com visões do fantasma, desenvolvendo um quadro similar à esquizofrenia. Mas a assombração não fez sucesso e acabou rifada do enredo. Isabel, curada, casou-se com o motorista da família, Sérvulo (Sebastião Vasconcelos). Ao jornal O Globo, de 12 de maio de 1998, Rosamaria declarou: “Tenho a impressão de que não sou mais necessária na trama“. A saída de Lima Duarte do elenco, em definitivo, também alterou os rumos de Laís (Mara Carvalho), filha de Zé Paulo e Isabel. Tabagista inveterada, Laís sofreria uma parada cardíaca que a deixaria em estado de coma. No “limbo”, ela reencontraria o pai. A personagem deixou o cigarro, passou a devorar doces, enfrentou problemas de saúde e por fim deixou a novela; Renato, seu marido, acabou se envolvendo com a vizinha Debbie (Cláudia Lira).
12 – A mudança mais significativa de Corpo Dourado, contudo, se deu nos bastidores. Após a morte do diretor de núcleo Paulo Ubiratan, em 29 de março de 1998, o diretor geral Flávio Colatrello foi destituído de sua função; Marcos Schechtmann o substituiu. A imprensa noticiou várias versões para a troca: do comportamento inadequado de Colatrello – envolvendo atrasos e distanciamento da equipe – à falta de cuidado com a estética da novela.
13 – Corpo Dourado foi considerada a primeira novela da era Marluce Dias da Silva. Seu antecessor na direção-geral da casa, Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho), havia participado ativamente do processo de produção e lançamento de Anjo Mau e Por Amor; em Corpo Dourado, foi Marluce quem serviu de esteio e de “mestre de cerimônias”, implantando um novo estilo: a figura do diretor de núcleo e o hábito de receber a imprensa na cidade cenográfica, semanas antes da estreia de uma produção.
14 – Outra aposta inusitada da divulgação: além de 150 outdoors distribuídos na Grande São Paulo – onde a antecessora Zazá registrava baixos índices -, a Globo investiu em faixas puxadas por aviões em cidades litorâneas do Rio de Janeiro e de São Paulo.
15 – O psicanalista Alberto Goldin auxiliou Antônio Calmon a traçar o perfil dos personagens, tornando-os mais “autênticos”. Goldin já havia exercido tal função em Malhação (1995) e na série Mulher (1998). Em Corpo Dourado, contudo, suas intervenções foram tão proveitosas que ele acabou atuando como colaborador de texto. Também colaboraram as irmãs Eliane e Lilian Garcia, Ângela Carneiro e Flávia Lins e Silva – Elizabeth Jhin, que integrou a equipe no início, acabou deslocada para Era Uma Vez… (1998), folhetim que Walther Negrão desenvolvia para a faixa das 18h.
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Garota e Garoto Corpo Dourado
16 – O Domingão do Faustão elegeu a ‘Garota’ e o ‘Garoto Corpo Dourado’, repetindo a experiência de outra novela de Calmon, Top Model (1989), cujo concurso promovido no dominical revelou Adriana Esteves, Gabriela Duarte e Flávia Alessandra. Daniele Monte e Paco Vieira, contudo, não tiveram a mesma sorte das atrizes na carreira. O autor criou para eles, a princípio, um casal de veranistas. Posteriormente, transformou Daniele em Arlete, uma jornalista que seduz Arthurzinho; e Paco em Lipe, surdo-mudo que se encanta com Clara.
17 – Uma concha acústica instalada no centro da praça de Marimbá recebeu estrelas da música, como Netinho e Deborah Blando, presentes na trilha sonora com ‘Pra te ter aqui’ e ‘Somente o sol’, tema de abertura. Já Chitãozinho & Xororó animaram o casamento de Alicinha e Jorginho.
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18 – E por falar em abertura… Duas modelos desfilavam por um estúdio tomado por dois caminhões de areia de praia e vegetação natural – apenas o oceano, no final da vinheta, foi produzido em computação gráfica. As câmeras focalizavam o rosto de Isabelle Colmenero e o corpo de Karla Frazão; segundo o designer Hans Donner, responsável pela vinheta (que consumiu cerca de US$ 100 mil e foi toda gravada em película), foram necessárias duas modelos por conta das dificuldades de encontrar a “mulher ideal”: perfil bonito e físico escultural.
19 – O ator Gerson Brenner, foi baleado durante uma tentativa de assalto no km 4 da Rodovia Ayrton Senna, a 700 metros da Via Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. Gerson foi vítima de um golpe, lamentavelmente, comum na região: bandidos depositam pedras na pista, causando furos em pneus e obrigando motoristas a parar no acostamento para eventuais reparos.
Ao tentar reagir diante da abordagem de criminosos, Brenner foi baleado na nunca. O ator luta, até hoje, contra as sequelas do trauma. Por conta do ocorrido, a produção de Corpo Dourado modificou o roteiro do último capítulo, que ainda não havia sido gravado. A cena final, que reuniria todo o elenco na praça da fictícia Marimbá, foi substituída por um momento romântico de Chico e Selena.
20 – Corpo Dourado voltou à telinha em Vale a Pena Ver de Novo, exatos seis anos após sua estreia: 12 de janeiro de 2004. A reprise se estendeu até 4 de junho, totalizando 105 capítulos. ‘Corpo’, contudo, não era a primeira opção da Globo para substituir Anjo Mau (1997), sua contemporânea às 18h em 1998. A emissora pretendia reexibir Estrela-Guia (2001), estrelada pela cantora Sandy, durante o período de férias (janeiro a março). Como Sandy, e seu irmão Junior, haviam deixado o canal recentemente, a reapresentação de Estrela-Guia acabou cancelada.