Morte de ator gerou rebuliço em figurantes da Globo: “Não valemos nada”

Joseph Zimmermann

Uma tragédia complicou ainda mais os tumultuados bastidores da novela O Sétimo Guardião, exibida pela Globo entre 2018 e 2019. O figurante Joseph Lima dos Santos, que tinha 23 anos e usava o nome artístico Joseph Zimmermann, morreu na tarde do dia 27 de fevereiro de 2019, após passar mal durante gravação da trama.

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Seus colegas relataram que ele chegou à emissora pela manhã, transpirando muito e reclamando de dores no peito. Após ser atendido no posto médico, onde teriam lhe aplicado uma injeção para dor muscular, ele teria chegado a almoçar, mas, mesmo assim, as dores não cessaram.

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Um figurante colega de Zimmermann, que pediu anonimato, revelou ao site Noticias da TV como foram os últimos momentos de vida do jovem.

“Ele passou mal sentado dentro do ônibus. Desmaiou, e ali ele morreu. Imediatamente, a senhora Rede Globo de televisão tirou ele numa maca e levou para o hospital para dar óbito lá. A Globo diz que ele morreu no hospital para tirar o corpo fora”, acusou.

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A assessoria de imprensa do canal afirmou, em nota, que o figurante recebeu os primeiros atendimentos e que foi encaminhado para o hospital, onde acabou falecendo:

“A Globo reitera que lamenta profundamente, presta solidariedade e acompanha toda a assistência dada à família de Joseph pela empresa da qual era funcionário”.

“Cachorro morto”

Um outro figurante que estava presente no dia também pediu anonimato à reportagem do Noticias da TV para fazer um desabafo, alegando que Zimmermann foi tratado como um cachorro morto.

“Todo mundo cagou para isso. Não valemos nada. Se o figurante morrer num set, a gravação vai continuar. Eles continuaram a gravação como se não tivesse acontecido nada ou como se tivesse morrido um cachorro que você coloca no canto”, disparou.

Célia Lima, sócia da empresa A Luz e Cor Casting, que era responsável pelo trabalho do rapaz, afirmou que acompanhou a liberação do corpo e arcou com os custos funerários.

No entanto, preferiu não confirmar se a morte aconteceu dentro ou fora da emissora e disse que aguardava o resultado do laudo do IML, que sairia em 60 dias, para que o incidente fosse esclarecido.

Paranaense, Joseph residia no Rio de Janeiro há três anos. Ele já havia trabalhado em outras produções da Globo, como O Tempo Não Para, Malhação e Tempo de Amar.

O pai dele, Nelson Santos, que reside em Colombo (PR), veio ao Rio de Janeiro para liberar o corpo do filho e transportá-lo de volta para cidade onde ele viveu até completar os 18 anos.

“Eu sei que os amigos estão dizendo. A gente fica na dúvida do que aconteceu”, comentou.

Condições precárias

Contudo, o falecimento de Joseph expôs um lado complicado que envolve os trabalhos desses artistas nos estúdios de gravações. Muitos deles prestam serviços em agencias terceirizadas, sem nenhum vínculo empregatício. Recebem, geralmente, uma ajuda de custo de R$ 60 por diária, que ainda tem desconto de impostos.

Nani Cardoso, ator e produtor de veículos de cena, comentou a triste realidade dos figurantes.

“Vejo como uma ajuda de custo. Desse valor tem de tirar o transporte e um lanche muitas vezes. Muitas diárias demoram mais de dez horas, e os figurantes só ganham uma alimentação. A Globo fica isenta de qualquer responsabilidade”, explicou.

“O melhor era que um departamento da emissora cuidasse disso, para oferecer condições melhores”, completou.

Procurada na época, a Globo esclareceu que atua com pelo menos 10 agências de figuração com experiência e reconhecimento no mercado, cujo trabalho é acompanhado de perto.

“Quando alguma conduta não é adequada, substituímos a agencia, como em qualquer contratação de terceiros”, informou a assessoria do canal.

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