Nilson Xavier

Faleceu nesta manhã de Natal, aos 90 anos, o veterano diretor de novelas Reynaldo Boury. A notícia foi confirmada por sua filha, Margareth, nas redes sociais. A causa da morte não foi divulgada.

Com mais de 60 anos de carreira, Boury foi um respeitado profissional com grande experiência em direção de novelas, tendo participado de vários marcos da TV brasileira, como as obras Redenção, Sangue do Meu Sangue, Irmãos Coragem, Selva de Pedra, Sinhá Moça, Tieta e outras.

Excelsior

Redenção - Francisco Cuoco

Reynaldo da Costa Boury nasceu em 30 de março de 1932, na cidade de São Paulo. Filho do eletricista André e da dona de casa Luzia, passou parte da infância em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Retornou a São Paulo em 1945, após a morte do pai, e começou a trabalhar com fotografia. Foi como fotógrafo que iniciou na televisão, na Tupi, no início dos anos 1950.

Cassiano Gabus Mendes, então diretor artístico da Tupi, o contratou em 1954. De auxiliar de câmera, passou a cameraman, tendo trabalhado em vários teleteatros. Após uma passagem pela TV Continental, foi contratado no início da década de 1960 para uma nova emissora: a TV Excelsior, da qual participou da inauguração. Tornou-se editor e, depois, diretor de novelas.

Entre 1964 e 1969, dirigiu 11 novelas na Excelsior, entre elas a mais longa da história de nossa TV: Redenção (foto acima), de 596 capítulos, exibida entre 1966 e 1968. Outros sucessos sob sua direção na emissora foram A Moça Que Veio De Longe, em 1964, e Sangue do Meu Sangue, em 1969.

Globo

Em 1970, Reynaldo Boury foi contratado pela TV Globo por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (o Boni), com quem trabalhara na Excelsior. Atuou primeiro em edição, nas novelas Assim na Terra Como no Céu, Irmãos Coragem e Minha Doce Namorada, entre 1970 e 1972. A primeira direção foi em Selva de Pedra (foto acima), em 1972, com Daniel Filho e Walter Avancini.

Até a década de 1990, Boury já havia dirigido mais de 20 novelas na Globo, entre elas O Semideus, Corrida do Ouro, Bravo!, Plumas e Paetês, Ciranda de Pedra, Sinhá Moça, Tieta, Meu Bem Mal, Despedida de Solteiro, Sonho Meu, Irmãos Coragem (remake) e outras.

Também foi diretor das séries infantojuvenis Shazan, Xerife e Companhia (1972-1973) e Sítio do Picapau Amarelo (entre 1977 e 1980), além da primeira temporada da Malhação, em 1995.

SBT

Carrossel - Jean Paulo Campos

Na década de 2000, Reynaldo Boury trabalhou para a TV Pública de Angola. Em 2011, foi contratado pelo SBT, onde dirigiu a novela Amor e Revolução.

Em 2012, ajudou a implantar a dramaturgia infantil na emissora de Silvio Santos, com a novela Carrossel (foto acima). De lá para cá, foi, ainda, o diretor responsável das novelas Chiquititas, Cúmplices de um Resgate e As Aventuras de Poliana. Em 2020, já em Poliana Moça, Boury atuou como consultor. Foi seu último trabalho na televisão, já com idade avançada.

Um dos pioneiros da TV no Brasil, Reynaldo Boury foi um dos últimos veteranos em direção ainda vivos. Tendo participado das primeiras novelas diárias (em 1964), ajudou a sedimentar e a modernizar o gênero no país. Os filhos seguiram o caminho do pai: Margareth foi atriz e tornou-se roteirista, e Alexandre, diretor de TV e cineasta. O neto Guilherme, filho de Margareth, é ator.

Compartilhar.
Avatar photo

Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor