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Semana #13
Sabe quem chegou ao Pantanal? Ela mesma, a barriga!
No jargão novelístico, “barriga” é aquele momento na trama da novela em que nada acontece, em que cenas e diálogos se repetem e a história não avança, ou avança muito lentamente.
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Os motivos podem ser vários, como atraso nas gravações, por N circunstâncias, ou atraso na entrega de capítulos por parte do autor (que acarreta em atraso nas gravações). Às vezes, acontece deliberadamente: o autor começa a segurar a história, para fazer render mais capítulos.
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Benedito Ruy Barbosa é famoso pelas barrigas em suas novelas. Quase todas passaram por ela, algumas menos, outras mais. Os casos mais famosos ocorreram em O Rei do Gado (1996-1997), principalmente na fase em que Bruno Mezenga perdeu-se na floresta; em Terra Nostra (1999-2000) – Giuliana chorava capítulo sim, o outro também -; e em Pantanal, da Manchete.
A novela de 1990 havia conquistado o público, que acatava as longas tomadas de voos de tuiuiús e as imagens contemplativas da natureza (uma novidade na época) ao som instrumental de Marcus Viana.
Enquanto a direção preenchia os capítulos com bichos, o verde das matas e o azul do céu refletido nos rios, o autor segurava sua trama. Ainda assim, Pantanal atravessou seus longos 216 capítulos com muito sucesso.
Enxuta e estagnada
A versão da Globo será mais enxuta: 49 capítulos menos que a produção da Manchete, totalizando 167 capítulos. Já não há mais as longas tomadas de voos de tuiuiús. E mesmo assim Bruno Luperi, o adaptador, deu uma freada nos acontecimentos da novela.
Pantanal vinha em um crescente de história, surpreendendo pelo dinamismo dos capítulos, bem elaborados e sem atropelos, já que são poucos personagens e cenários. Porém, há quase duas semanas a história está estagnada, o que pegou de surpresa os já embevecidos com o ritmo ágil da trama (eu incluso).
O último acontecimento relevante, que movimentou a história de fato, foi a morte de Levi, no capítulo da segunda-feira do dia 13 de junho.
Cenas em looping
De lá para cá, alguns momentos foram importantes, mas em nada fizeram a trama avançar. Houve Irma ouvindo Filó afirmar que Tadeu não é filho de Zé Leôncio (no dia 14/06), e o show de patadas entre Zé Leôncio e Guta (no dia 24/06), quando Zé e Filó vão à casa de Tenório conversar sobre o “compromisso” de Tadeu e Guta.
No mais, Maria e Alcides transam; os filhos de Tenório questionam o pai sobre suas terras no Pantanal; e Zé Lucas e Juma têm longos (e chatos) diálogos – um casal com a química e o carisma de um pé de alface.
Ainda as tantas vezes em que Juma se muda para a fazenda de Zé Leôncio, reclama que quer voltar para casa, retorna à tapera, depois Jove a convence do contrário, ela volta, e reclama, e vai embora de novo, em um looping sem fim. Só mesmo uma arma apontada para convencer Jove a parar de insistir com a póbi.
Também teve Jove em São Paulo provando que era um gênio da administração de empresas. “Adoro” (só que não) quando personagens se transformam em grandes líderes executivos do dia para a noite apenas para justificar o roteiro, como aconteceu com Cauã Reymond em Um Lugar ao Sol e Rafael Vitti em Além da Ilusão.
Público não largou mão
Contudo, quem pensava que a novela perderia ibope por causa da estagnada das últimas duas semanas, pensou errado. De acordo com o Kantar, Pantanal continua firme na casa dos 30 pontos na Grande SP – com exceção das quartas-feiras, quando a novela é exibida mais cedo por causa do futebol, o que naturalmente a faz perder audiência.
Quando o público é conquistado por tramas e personagens de grande apelo, dificilmente “larga mão“.
Porém, diferente de 1990, vivemos hoje um momento em que a concorrência (streaming principalmente) acena com muitos apelos à altura. Abusar da paciência do público é hoje um risco maior do que era em 1990.
Aviso: estarei viajando no próximo fim de semana, então não será possível publicar a review no domingo que vem. Acumulo no fim de semana seguinte.