Um dos nomes mais importantes do teatro brasileiro, Ítalo Rossi participou também de vários trabalhos na televisão. Curiosamente, o ator ficou popularmente conhecido apenas em seus últimos projetos; entre estes, o carismático Seu Ladir da série Toma Lá, Dá Cá (2007).

Toma Lá Dá Cá

Ítalo Balbo Rossi nasceu em Botucatu (SP), em 19 de janeiro de 1931. Ao lado de Fernanda Montenegro, Sérgio Britto e outros grandes nomes, ele fundou, em 1959, a Companhia Teatro dos Sete. O êxito do grupo, incluindo apresentações no Municipal do Rio de Janeiro, acabou levando o artista para a TV.

Rossi marcou presença no Grande Teatro Tupi, programa de reconhecida importância para a televisão. Tempos depois, ele seguiu para a TV Rio, onde atuou na novela A Morta Sem Espelho (1963), assinada por Nelson Rodrigues – também autor de Sonho de Amor (1964), que Ítalo fez na Record.

As novelas e as trocas de canal

Belíssima

Em 1965, primeiro ano de atividade da Globo, o ator encarnou o protagonista de Padre Tião. Ele voltou à Tupi posteriormente, integrando produções como Um Gosto Amargo de Festa (1969), E Nós, Aonde Vamos? (1970) e Jerônimo, o Herói do Sertão (1972); nesta última, como o vilão Saturnino Bragança.

Nos anos 1970 e 1980, Ítalo Rossi brilhou em folhetins da Globo: Bravo! (1975), Vejo a Lua no Céu (1976), Escrava Isaura (1976), Brilhante (1981), Parabéns pra Você (1983) e Transas e Caretas (1984). Também passou por episódios do infantil Sítio do Picapau Amarelo (1977-1986).

Entre trabalhos na emissora líder de audiência e passagens por Manchete e Band, Ítalo tornou-se presença constante na telinha na década de 2000, quando emendou os mordomos Vicente e Alfred, de Esplendor (2000) e Senhora do Destino (2004), o juiz Bonifácio de Coração de Estudante (2002) e o advogado Medeiros de Belíssima (2005).

Personagem “mara!”

Ítalo Rossi

O auge da popularidade se deu em 2008, quando ingressou na segunda temporada de Toma Lá, Dá Cá como seu Ladir. Citado na primeira leva de episódios do programa, o esposo de dona Álvara (Stella Miranda) despertou a curiosidade do público e ganhou vida através do ator, que eternizou o bordão “é mara!”.

Para a revista Quem, de 5 de maio de 2008, Rossi revelou os bastidores de seu ingresso na atração:

“Miguel Falabella me contou, em outubro do ano passado, que estava criando um personagem para mim. Eu estava em casa, sem fazer nada, esperando a liberação de direito autoral de uma peça para tentar patrocínio. E, do nada, ligaram da Globo para eu assinar o contrato para o programa. Foi um presentão”.

O termômetro do sucesso, naquele momento, passava pela reação das pessoas da rua e pelos telefonemas para o canal, além de menções em redes sociais.

“É incrível o que as pessoas andam pensando. Televisão é fulminante com a gente! Taí um trabalho divertido, pela resposta imediata do público. O Falabella me disse que já são mais de 5 mil chamadas por dia na central de telespectadores da Globo, de gente elogiando o Ladir. Não tenho Orkut, mas me disseram que ele já tem cinco comunidades”, celebrou.

A expressão que ganhou o povo veio da criação de Falabella, que dividia a redação final com Maria Carmem Barbosa e interpretava o irritadiço Mário Jorge:

“Tudo ‘é mara’, é um delírio. Foi o Falabella quem criou esse bordão para mim. As pessoas me encontram na rua dizendo: ‘Oi, ítalo, tá tudo ‘mara’ com você?’. Eu respondo: ‘Sim, tá tudo ‘mara’’!”.

Toma Lá, Dá Cá foi o último trabalho de Ítalo Rossi na televisão. Ele faleceu em 2 de agosto de 2011, aos 80 anos, após dois dias internado no hospital Copa D’Or, Rio de Janeiro, com complicações respiratórias.

O ator foi velado e sepultado no cemitério São Francisco Xavier, no Caju, zona portuário do Rio.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor