André Santana

Assim que as primeiras chamadas de Mar do Sertão começaram a ser veiculadas na programação da Globo, não faltou quem não apontasse semelhanças entre a atual novela das seis e Cordel Encantado, sucesso do horário em 2011. Mas, com a trama de Mario Teixeira no ar, as comparações agora miram outro folhetim da faixa: Flor do Caribe.

Até o espectador menos atento já notou que a trajetória de Candoca (Isadora Cruz) é muito parecida com a de Ester (Grazi Massafera), a heroína de Flor do Caribe. Na trama de Walther Negrão, exibida originalmente em 2013, a mocinha também se casa com o vilão logo após acreditar que seu amado morreu.

Ester era completamente apaixonada por Cassiano (Henri Castelli), mas também despertava a paixão do malvado Alberto (Igor Rickli), que fingia ser amigo do casal. O vilão, então, arma para que Cassiano desapareça da vida de Ester. O rapaz cai numa cilada no Caribe e é dado como morto.

Enquanto isso, Ester descobre que está grávida de seu grande amor. Assim, Alberto se aproxima da jovem e se casa com ela. Mas, sete anos depois, Cassiano retorna e provoca uma grande reviravolta na vida de Ester.

Remake disfarçado?

Mar do Sertão vai pelo mesmo caminho. Tertulinho (Renato Góes), apaixonado por Candoca, tenta provocar a morte de seu rival Zé Paulino (Sergio Guizé). Ao acreditar que o amado morreu, Candoca se desespera, ao mesmo tempo em que se descobre grávida dele. Com isso, Tertulinho acaba conseguindo o que quer e se casa com Candoca. Mas, dez anos depois, Zé Paulino retorna e muda tudo.

Ou seja, apesar da ambientação diferente – Flor do Caribe era uma novela praiana, que tentava reeditar o sucesso de Tropicaliente -, as semelhanças entre as tramas de Walther Negrão e Mario Teixeira chamam bastante a atenção.

Apesar de nenhuma das duas novelas reinventar a roda, as semelhanças ficam evidentes em razão do pouco tempo que as separa. Isso porque Flor do Caribe ganhou uma edição especial entre agosto de 2020 e fevereiro de 2021 no horário das seis, durante a fase crítica da pandemia de Covid-19. Ou seja, ela ainda está fresca na memória do público.

Trama recorrente

Vila Madalena

Vale salientar que a trama que envolve tanto Mar do Sertão quanto Flor do Caribe é recorrente na obra de Walther Negrão. O veterano autor de novelas usou de expediente semelhante em outras novelas suas.

Vila Madalena, exibida no horário das sete em 1999, também conta a mesmíssima história. Na trama, o mocinho Solano (Edson Celulari) é preso injustamente por conta de uma armação do vilão, Arthur (Herson Capri), que queria se livrar dele para ficar com sua esposa, Eugênia (Maitê Proença). Ao se ver grávida e sem o marido, Eugênia aceita o pedido de casamento de Arthur.

Vila Madalena

A diferença entre Flor do Caribe e Vila Madalena é que, na novela das sete, há um quadrado amoroso. Ao sair da cadeia, Solano conhece Pilar (Cristiana Oliveira), que era noiva de Roberto (Marcos Winter), amigo que ele fez na cadeia. Solano e Pilar acabam se envolvendo, enquanto Eugênia volta a se interessar pelo ex-marido.

Despedida de Solteiro (1992), um clássico de Negrão, também conta uma história parecida. João Marcos (Felipe Camargo) e Lenita (Tássia Camargo) têm o casamento interrompido pela polícia, que leva o noivo preso acusado de assassinato. A jovem, então, desiste de esperar o noivo e se casa com o vilão Sérgio Santarém (Marcos Paulo). Mas, quando João Marcos deixa a prisão, a vida de Lenita se transforma.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor