Na quinta-feira, 24 de novembro, Mar do Sertão se tornou a novela mais assistida ao cravar 26,0 pontos de média em São Paulo. Embalada pelos índices fenomenais da estreia da Seleção Brasileira na Copa, a trama, que se passa em Canta Pedra, foi mais vista do que Travessia, que fechou com 22,9 pontos.

Vale dizer: até mesmo o Jornal Hoje, com 27 pontos, superou o roteiro de Gloria Perez. Os consolidados provaram: a estratégia de cancelar O Rei do Gado de última hora para tentar manter a trama de Oto (Rômulo Estrela) e Brisa (Lucy Alves) no topo do ranking não deu certo. Relembre outras novelas que deram vexame:

Babilônia x I Love Paraisópolis

I Love Paraisópolis

Última trama das 21h de Gilberto Braga, Babilônia (2015) foi marcada por uma série de problemas. Rejeitada pelo público conservador, a história foi descaracterizada a mando da cúpula da Globo: capítulos foram editados para acelerar ou suavizar acontecimentos.

Tantas intervenções afetaram a audiência da novela, que passou a ser menos vista que I Love Paraisópolis (foto acima), exibida às 19h, de Alcides Nogueira e Mário Teixeira. Em agosto de 2015, em entrevista ao Jornal O Globo, o veterano Gilberto Braga deixou claro que não estava nada satisfeito com o que chamou de humilhação.

“Basicamente, a novela [Babilônia] chocou por causa do beijo gay e porque tinha pouco amor e muito sexo. Mas não foi só o beijo. Foi incontável o número de pessoas com quem a Gloria Pires fez sexo. O primeiro capítulo tinha coisas chocantíssimas. Mas depois das mudanças, a audiência não subiu em São Paulo. Até agora eu sofro a humilhação pública diária de perder para a novela das 19 horas”, afirmou.

Mapa da Mina x Mulheres de Areia

Marcos Frota

Autor de clássicos que fizeram história no horário das 19h, como Ti-ti-ti (1985) e Que Rei Sou Eu (1989), o mestre Cassiano Gabus Mendes não teve a mesma sorte com a sua derradeira novela, O Mapa da Mina, exibida em 1993. Mas o público não embarcou na história da caça aos diamantes roubados.

Com grandes nomes no elenco, como Fernanda Montenegro e Eva Wilma, a trama não empolgou e se tornou freguesa do remake de Mulheres de Areia (foto acima). Em texto publicado no Portal RD1, o atual editor do TV História, Duh Secco, lembra que em 27 de abril daquele ano, no capítulo com o acidente das gêmeas vividas por Gloria Pires, a novela das seis abriu uma diferença de 10 pontos para a sua sucessora: 53 a 43.

Já Nilson Xavier traz a informação de que, devido aos índices arrasadores do remake de Ivani Ribeiro, a TV Globo cogitou inverter os horários das tramas no decorrer da exibição. A ideia, no entanto, não foi adiante.

Velho Chico X Eta Mundo Bom

Domingos Montagner

Com a explosão da segunda reprise de O Rei do Gado, em 2015, a Globo decidiu tirar Velho Chico da gaveta, adiando a produção de A Lei do Amor. Contudo, a reedição da parceria de Benedito Ruy Barbosa e Luiz Fernando Carvalho não repetiu o êxito das tramas rurais da década de 1990.

Protagonizada pelo saudoso Domingos Montagner (foto acima), a história de Santo dos Anjos perdeu o posto de novela mais vista do dia para a reta final de Eta Mundo Bom (2016). Dados trazidos por Meio & Mensagem apontam que entre 18 e 24 de julho daquele ano, a história de Candinho superou a novela do horário nobre na média semanal.

Em São Paulo, 32 a 30. No Rio de Janeiro, a distância foi ainda maior: 37 a 31. Na capital fluminense, a história que sucede o Jornal Nacional foi apenas a quinta atração mais vista no período em questão. Haja Coração, cartaz das 19h na época, também entrou na festa.

A Regra do Jogo x Os Dez Mandamentos    

Se hoje as novelas bíblicas da Record TV já dão sinais de saturação, não foi sempre assim. Os Dez Mandamentos (2015) fez história ao vencer na média não apenas A Regra do Jogo (2015), como também o Jornal Nacional em São Paulo, o principal mercado do país.

Em 10 de novembro de 2015, por exemplo, quando o personagem Moisés (Guilherme Winter) realizou a travessia do Mar Vermelho, a Record anotou 28,1 de média, ante 25,1 da novela concorrente. Na Argentina, a situação se repetiu: o roteiro de João Emanuel Carneiro foi tirado do ar pela Telefé apenas 30 capítulos depois da estreia. Era menos visto do que a reexibição da trama bíblica naquele país.

Cambalacho x Selva de Pedra

Cambalacho

Não é de hoje que a principal novela do país é superada por produções que vão ao ar mais cedo. Em 1986, a divertida Cambalacho (foto acima), assinada por Silvio de Abreu, era mais sintonizada do que o remake de Selva de Pedra, um dos clássicos da obra de Janete Clair.

A comédia que trazia Fernanda Montenegro como Naná e Regina Casé na pele de Tina Peper, chegou a alcançar um percentual maior de televisores ligados no Rio de Janeiro em maio daquele ano. De acordo com o Jornal O Globo, a diferença em favor da trama das 19h era de aproximadamente oito pontos: 91,1% a 83,9%.

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