Maldição que acompanha autora vira desafio para substituta de Pantanal
11/07/2022 às 19h24
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Ultimamente, os autores têm muito mais dificuldade para criar um mocinho convincente do que uma vilã maquiavélica. Se há 20 anos era normal torcer pelo bom rapaz, de uns tempos para cá o público só compra o personagem se ele for um homem que transmita confiança e tenha carisma.
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Entretanto, Glória Perez, que prepara Travessia, novela que vai substituir Pantanal na faixa das nove, sempre enfrentou uma espécie de maldição, com muitas dificuldades para criar mocinhos, mesmo na época em que era ‘normal’ torcer por todos os galãs.
Em 2012, por exemplo, o personagem Théo, de Salve Jorge, enfrentou uma grande rejeição, com motivos de sobra pra isso. Mas, infelizmente, não foi a primeira vez que a autora enfrentou esse tipo de problema.
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Virou piada
Quem não se lembra do trágico Cigano Igor, de Explode Coração? Embora o personagem funcionasse como um contraponto do romance entre Dara (Tereza Seiblitz) e Julio (Edson Celulari), o cigano era uma figura central e o intuito era formar um triângulo amoroso, despertando a divisão da torcida do público.
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Mas a interpretação de Ricardo Macchi era tão ruim que o papel virou uma grande piada de mau gosto. E para culminar, o mocinho vivido por Edson foi insosso e poucos se lembram dele. Nesse caso específico, ocorreu a soma de erros. Escalaram um ator despreparado para viver um tipo sem atrativos, enquanto que o profissional mais experiente acabou vivendo um empresário apático e sem carisma.
Já em O Clone (2001), a autora foi mais feliz no casal protagonista. Lucas (Murilo Benício) e Jade (Giavanna Antonelli) formaram um casal lindo e o público se apaixonou. Entretanto, o mocinho era um tipo sem sal, bobo e não funcionava sozinho. Todas as suas cenas solo eram cansativas e monótonas. Impossível não se cansar com a chatice do personagem. A sorte é que nesse caso a química falou mais alto e o resultado foi positivo.
Machista e mimado
O Tião, de América (2005), foi outro tipo complicado. O casal formado com Sol (Deborah Secco) não deu certo e as críticas massacraram (merecidamente) a dupla. Mas se a mocinha chorona era difícil de engolir, pode-se dizer tranquilamente que o peão não ficava muito atrás.
Machista e mimado, Tião tinha como grande objetivo de sua vida dominar um boi, o famoso Bandido. Bem difícil o telespectador torcer ou ter simpatia por um tipo desses. E, infelizmente, Murilo Benício não acertou o tom do papel. O grande ator não foi feliz na composição e demonstrava insatisfação com o resultado obtido.
E o que dizer do Bahuan, de Caminho das Índias? Márcio Garcia começou como protagonista e terminou como figurante. O personagem sofreu uma avalanche de críticas e o par formado com Maya (Juliana Paes) foi um fracasso.
O mundo dá voltas
A solução para o caso foi o aumento das cenas de Raj (Rodrigo Lombardi), que acabou virando o mocinho da novela em pouco tempo. Bahuan não caiu no gosto popular e foi jogado para escanteio. Foi constrangedor ver o que seria o galã da trama ter uma sequência de menos de um minuto no último capítulo.
Mas, como o mundo dá voltas, depois disso foi Rodrigo Lombardi que sofreu na pele o que seu antigo parceiro de cena passou anos atrás.
A Força do Querer foi uma exceção, mas vale ressaltar que a trama era focada nas personagens femininas, como Bibi Perigosa (Juliana Paes), Jeiza (Paolla Oliveira) e Ritinha (Ísis Valverde). Mesmo assim, foi constrangedor ver Fiuk para viver um tipo tão importante como o Ruy. O ator é péssimo e não tinha a menor capacidade de viver um perfil de tamanho destaque.
Igor, Lucas, Tião, Bahuan, Theo, enfim, é fato que Glória Perez não tem sido feliz na criação de seus mocinhos. A rejeição em relação ao protagonista de Salve Jorge já foi vista em várias novelas anteriores da autora.
Os autores estão cada vez mais preocupados com a aceitação de seus galãs e suas mocinhas, mas Glória precisa repensar nos tipos que tem escrito para serem as figuras centrais de suas obras. Os erros têm sido frequentes. Resta torcer para que a autora seja mais feliz em Travessia.