Maldição de Um Lugar ao Sol dá as caras no início de Travessia

18/10/2022 às 8h45

Por: André Santana
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Reprodução / Globo

Travessia era a grande aposta da Globo para manter (e até ampliar) os bons índices de audiência obtidos por Pantanal. A história de Gloria Perez foi considerada um produto de forte apelo popular; daí a sua escolha para substituir a saga de Juma Marruá (Alanis Guillen). Enquanto isso, Todas as Flores, inicialmente escalada para suceder o folhetim de Bruno Luperi, acabou “rebaixada” no Globoplay.

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Travessia - Jade Picon

Porém, em sua primeira semana, Travessia não demonstrou toda esta força que a Globo esperava. Enquanto Pantanal ficou na casa dos 30 pontos no Kantar Ibope com seus cinco últimos capítulos, a nova novela das nove derrubou os índices para parcos 23,3. Com isso, a história de Brisa (Lucy Alves) fez a Globo se lembrar da “maldição” de Um Lugar ao Sol (2021), trama menos vista da história da faixa das oito/nove.

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A volta do pesadelo

Um Lugar ao Sol - Alinne Moraes, Andréia Horta e Cauã Reymond

Assim como Travessia, Um Lugar ao Sol alcançou tímidos 23,3 pontos no Kantar Ibope em sua primeira semana. A trama de Lícia Manzo não conseguiu reverter a péssima marca e saiu de cena com o triste rótulo de fracasso. Agora, com Travessia, a Globo revive este momento de terror.

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Antes de Um Lugar ao Sol, foram poucas as novelas das nove da Globo que registraram números abaixo dos 30 pontos em sua primeira semana.

Até então, o recorde negativo era o das edições especiais de Império (2014) e A Força do Querer (2017), exibidas durante a pandemia, com 28,5 pontos em suas primeiras semanas. Já entre as tramas inéditas, o recorde negativo pertencia a A Regra do Jogo (2015), com 27,3 nos seis primeiros capítulos.

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Trabalho perdido

Pantanal - Isabel Teixeira e Juliano Cazarré

Porém, tais fracassos tinham explicações. A Regra do Jogo estreou em meio ao auge de Os Dez Mandamentos, fenômeno da Record. Já as reprises de Império e A Força do Querer aconteceram num momento em que o público já demonstrava cansaço diante das reapresentações forçadas pela pandemia de Covid-19.

A inédita Um Lugar ao Sol derrubou ainda mais os índices… A obra de Lícia Manzo, além de contar com um roteiro de pouco apelo popular, ainda teve a desvantagem de ser uma obra fechada, ou seja, estava praticamente pronta quando entrou no ar. Com isso, a autora não teve a oportunidade de corrigir os rumos de sua obra.

Neste contexto, a escolha pelo remake de Pantanal para dar sequência ao horário nobre mostrou que a Globo estava disposta a investir num arrasa-quarteirão, que fosse capaz de reverter o fiasco da história de Christian e Renato (Cauã Reymond). O plano funcionou e a saga pantaneira cumpriu a missão de elevar a audiência.

Assim, a primeira semana de Travessia acabou por fazer a Globo perder boa parte da plateia conquistada por Pantanal. Ou seja, todo o trabalho da trama de Benedito Ruy Barbosa foi perdido.

Travessia tem conserto?

Travessia - Lucy Alves

A queda tem várias explicações. Além da “ressaca” natural do espectador, que costuma prometer não mais acompanhar novelas entre o fim de uma trama e o início da outra, Travessia também pode estar pagando pela campanha de lançamento mal feita, com chamadas que pouco revelavam da história.

Além disso, a primeira semana foi um tanto confusa e arrastada. Após um primeiro capítulo agitado, a narrativa não apresentou grandes acontecimentos ao longo da semana. Até mesmo a protagonista Brisa teve pouco espaço no enredo…

Mas, ao contrário de Um Lugar ao Sol, Travessia é uma obra aberta e, como tal, poderá se corrigir no ar. Experiente, Gloria Perez deve conseguir identificar o que está funcionando em sua história e dar ao público o que ele quer.

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