André Santana

A “maldição das tardes de domingo” ronda o Pipoca da Ivete, da Globo. As comparações com o formato do Zig Zag Arena, de Fernanda Gentil, começaram ainda nas chamadas de estreia da atração. E elas seguem cada vez mais firmes, tendo em vista que a audiência do segundo episódio do programa de Ivete Sangalo chegou a patamares próximos ao game de triste lembrança.

Pipoca da Ivete

No último domingo (31), Pipoca da Ivete registrou média de 9,5 pontos no Kantar Ibope. O resultado representa uma queda de três pontos com relação à estreia, que anotou 12 pontos.

Pipoca da Ivete também não foi bem se comparado ao programa anterior do horário. O The Voice Kids teve a mais fraca temporada de sua história, mas, ainda assim, nunca registrou menos de 10 pontos.

Ou seja, na segunda edição, Pipoca da Ivete obteve um resultado próximo ao que o programa de Fernanda Gentil costumava alcançar. O que não é um bom sinal, se lembrarmos que Zig Zag Arena chegou a perder a liderança no horário e saiu de cena com episódios inéditos na gaveta.

Pipoca é o novo Zig Zag?

Zig Zag Arena

O fraco resultado do Pipoca da Ivete frustra os planos da Globo, que aposta no carisma e no apelo comercial de Ivete Sangalo para obter um novo produto dominical capaz de se consolidar na programação e fazer da cantora uma animadora do primeiro escalão.

No entanto, a emissora ainda não tem motivos para jogar a toalha. Na verdade, a hora agora é de arregaçar as mangas e promover mudanças na atração de Ivete Sangalo. As críticas que o programa tem recebido nas redes sociais podem apontar o que está funcionando e o que não está.

Pipoca da Ivete

Felizmente, para a emissora, Pipoca da Ivete não é um programa com uma proposta única, como era o Zig Zag Arena. O game de Fernanda Gentil era muito focado na competição, em suas regras malucas, e não havia muito onde mexer.

Já o programa de Ivete Sangalo é um programa de auditório clássico, no qual cabe qualquer mudança. Atualmente, o show é calcado em três grandes quadros, que deixam tudo amarradinho e pouco espontâneo. E a falta de espontaneidade é uma das principais reclamações do público com relação ao Pipoca.

Desamarrada

Pipoca da Ivete

Ou seja, Pipoca da Ivete pode ter salvação se o programa abrir mão dos quadros excessivamente amarradinhos. É possível reduzir o número de jogos, deixar os convidados mais à vontade e ampliar a interação de Ivete com eles.

Ivete Sangalo caiu nas graças da direção da Globo como apresentadora quando cobriu a licença-maternidade de Xuxa Meneghel no extinto Planeta Xuxa. E o programa de Xuxa era um musical de auditório básico, sem esse amontoado de quadros. Era baseado apenas nas atrações musicais, na interação de Xuxa com os convidados e com a plateia e o quadro Intimidade, com entrevistas. E funcionava.

Assim, se o Pipoca da Ivete quer ser um programa de auditório clássico, devia se inspirar menos no Passa ou Repassa e mais no Planeta Xuxa ou em outros musicais dos anos 1990. Ainda dá tempo de correr atrás do prejuízo e transformar a Pipoca numa boa diversão dominical.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor