André Santana

Fuzuê estreou em meados de agosto fazendo a Globo rir de orelha a orelha. Além de registrar índices satisfatórios em seus primeiros capítulos, a trama de Gustavo Reiz também agradou ao público nas redes sociais. Os espectadores embarcaram na “farofa” proposta pelo autor.

Jessica Córes é Olívia em Fuzuê
Jessica Córes é Olívia em Fuzuê (reprodução/Globo)

Mas, três semanas depois, a novela das sete começa a preocupar a emissora. O folhetim estrelado por Giovana Cordeiro, Jessica Córes e Marina Ruy Barbosa tem demonstrado grande instabilidade de audiência e já começa a perder fôlego. Pelo visto, acabou a lua de mel entre Fuzuê e o público da faixa.

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Oscilação

Marina Ruy Barbosa e Giovana Cordeiro
Marina Ruy Barbosa e Giovana Cordeiro em Fuzuê (Divulgação / Globo)

Fuzuê estreou na faixa das sete da Globo com bons números. A atração cravou 24 pontos em seu capítulo de estreia, índice considerado satisfatório para os padrões atuais da emissora. O número se manteve no dia seguinte, mas despencou para 21 a partir do terceiro capítulo.

Em sua segunda semana, Fuzuê voltou a subir. Se os primeiros seis capítulos registraram média geral de 21,9 pontos, este índice subiu para 22,4 na média dos seis capítulos seguintes.

Porém, na terceira semana, a média geral despencou para 21,4. O destaque negativo aconteceu no sábado, 2 de setembro, quando a trama ficou atrás de Amor Perfeito. Enquanto a novela das seis anotou 21,1, o folhetim das sete registrou 20,2.

O sobe-e-desce mostra que Fuzuê tem dificuldades em consolidar um público. A trama tem desempenho instável, sinalizando que o espectador ainda não foi totalmente fisgado pela caça ao tesouro mostrada na faixa das sete.

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Excesso de enigmas

Fuzuê - Giovana Cordeiro e Nicolas Prattes
Giovana Cordeiro (Luna) e Nicolas Prattes (Miguel) em Fuzuê (Fábio Rocha / Globo)

Trata-se de um cenário inimaginável, considerando a semana de estreia. Mais do que bons números, Fuzuê colecionou elogios em seus primeiros capítulos. Mesmo sendo uma grande bobagem, a trama acertou com seu senso de humor, personagens carismáticos e por pisar fundo no “novelão”. A mocinha e a vilã também foram exaltadas, um fato raro.

Porém, tais acertos não se mostraram suficientemente fortes para segurar a novela nos capítulos seguintes. Prestes a completar um mês no ar, Fuzuê acabou mergulhando mais e mais em sua trama de mistério, deixando o humor e a farofa em segundo plano.

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O público sentiu isso. Nas redes sociais, são várias as reclamações de que o excesso de mistérios tem deixado a trama cansativa. Muita gente que gostou dos primeiros capítulos já não consegue mais se divertir assistindo a Fuzuê em razão de tantos enigmas.

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Figurinha repetida

Cara e Coragem - Paolla Oliveira e Taís Araujo
Taís Araújo e Paolla Oliveira em Cara e Coragem (Reprodução / Globo)

No início, Fuzuê remeteu às grandes comédias das sete. O público viu ali semelhanças com clássicos de Cassiano Gabus Mendes, Silvio de Abreu, Carlos Lombardi e Miguel Falabella. No entanto, quanto mais a trama envolvendo a caça ao tesouro se aprofunda, mais Fuzuê vai se afastando dessas referências.

Atualmente, Fuzuê está mais para Cara e Coragem (2021), novela que afugentou o público justamente porque tinha mistérios demais e trama de menos. Confusa e com personagens pouco cativantes, a trama de Claudia Souto não envolveu o público e passou praticamente em branco.

A atual novela das sete não chega a causar tanta indiferença, já que conta com tipos carismáticos e humor. Porém, não há carisma que segure uma história sem consistência. O excesso de mistérios está cansando e Gustavo Reiz precisa começar a dar respostas desde já, ou a tendência é que o público se disperse.

Não é tão difícil resolver isso: basta trazer Maria Navalha (Olívia Araújo) de volta logo e elucidar o mistério envolvendo seu sumiço. Assim, quem sabe, o público não volte a saborear a farofa de Fuzuê.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor