Há uma explicação para boa parte do público preferir a primeira fase de Renascer. Além da história cativante, a primeira leva de capítulos da trama de Benedito Ruy Barbosa – atualizada por Bruno Luperi – também chamou a atenção pelo ritmo intenso.

Rodrigo Simas em Renascer
Rodrigo Simas em Renascer

Mesmo passando de quatro para treze capítulos no remake, a primeira fase de Renascer narrou o início da saga de José Inocêncio (Humberto Carrão) numa crescente empolgante. Empolgação essa que se perdeu na segunda fase da história.

Lenta, a novela das nove da Globo vive uma espécie de marasmo precoce. Esse é o maior defeito das tramas de Benedito Ruy Barbosa, também acontecendo em O Rei do Gado e Terra Nostra, por exemplo. Mas em Renascer, a esperada “barriga” chegou cedo demais.

Devagar quase parando

Justiça seja feita, Renascer vem contando uma boa história. Os mais recentes capítulos mexeram com o público com sequências de impacto, como as chegadas de Tião Galinha (Irandhir Santos) e Damião (Xamã).

Porém, entre um impacto e outro, a história avança em passos lentos. O núcleo de Venâncio (Rodrigo Simas) e Buba (Gabriela Medeiros), por exemplo, roubou a cena em suas primeiras aparições, mas agora aborrece com a constante repetição de situações.

O mesmo acontece com a história de José Inocêncio (Marcos Palmeira) e Mariana (Theresa Fonseca). A dubiedade da personagem não funciona na nova versão, já que o público conhece os desdobramentos da história.

Marasmo precoce

Joana (Alice Carvalho) e Tião Galinha (Irandhir Santos) em Renascer
Joana (Alice Carvalho) e Tião Galinha (Irandhir Santos) em Renascer (divulgação/Globo)

Mesmo já estando no ar há quase dois meses, Renascer ainda não apresentou todos os seus personagens. Nas últimas semanas, além de Tião, Joaninha (Alice Carvalho) e Damião, o público também conheceu Lívio (Breno da Matta), Egídio (Vladimir Brichta) e Dona Patroa (Camila Morgado).

Cada vez que um novo personagem surge, todo o entorno estaciona. José Inocêncio e sua família passaram vários capítulos em segundo plano, enquanto o vilão vivido por Vladimir Brichta se apresentava.

Recentemente, isso aconteceu de novo com a chegada de Lu (Eli Ferreira). A professora chegou, recebeu as atenções dos personagens da fazenda, mas os demais núcleos ficaram parados. Venâncio, Bento (Marcello Melo Jr) e Augusto (Renan Monteiro) parecem estar de stand by.

Tudo isso dá a impressão de que Renascer vive um marasmo precoce. Ao mesmo tempo em que novos personagens surgem, a história avança a passos de tartaruga. Com isso, vários capítulos parecem monótonos, longe da vibração vista na primeira fase.

Barriga

Mell Muzzillo em Renascer
Mell Muzzillo em Renascer

O problema do marasmo precoce de Renascer é que a novela tem uma conhecida “barriga” mais adiante. Em 1993, o público reclamou quando, num determinado momento da história, nada acontecia. Bruno Luperi, autor da nova versão, não deve conseguir driblar esta falta de ação nos próximos capítulos.

Ou seja, se agora Renascer parece lenta, como ficará quando a trama alcançar a fase “barriguda”? Será que Luperi vai criar novas situações ou adiantar acontecimentos para tentar manter a temperatura?

Renascer está longe de ser uma novela ruim. É uma história firme, bem escrita, com bons personagens. O problema maior da novela é a comparação com a primeira fase, que tinha trama e ritmo diferenciados, diferentes da fase atual.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor