André Santana

Há cinco anos, a Globo promove um rodízio dos mesmos galãs de sempre no horário nobre. Desde 2019, Marcos Palmeira, Chay Suede e Cauã Reymond se revezam no principal papel masculino dos folhetins das 21 horas.

Tony Ramos em Baila Comigo
Tony Ramos em Baila Comigo (Reprodução / Globo)

Muita gente pode reclamar da falta de variedade, mas é fato que a aposta nos mesmos galãs de sempre em seu horário nobre era uma prática comum da Globo nos anos 1970.

Nessa época, Francisco Cuoco, Tarcísio Meira, Antonio Fagundes e Tony Ramos (foto acima) eram as “bolas da vez”.

Trio de ouro

Em 2019, Marcos Palmeira estava no ar na faixa das 21h da Globo como Amadeu, par romântico de Maria da Paz (Juliana Paes) em A Dona do Pedaço. A trama de Walcyr Carrasco foi substituída por Amor de Mãe (2019), que trazia Chay Suede como Danilo, o filho perdido de dona Lurdes (Regina Casé).

Após a pandemia, que obrigou a Globo a reprisar novelas no horário nobre, veio Um Lugar ao Sol (2021), que trazia Cauã Reymond como os gêmeos Christian e Renato. Depois, Marcos Palmeira retornou, desta vez como José Leôncio em Pantanal (2022).

Aí foi a vez de Chay Suede retornar ao horário nobre, como Ari em Travessia (2022). Na sequência, foi Cauã Reymond quem reapareceu, em Terra e Paixão (2023). E, agora, temos Marcos Palmeira de volta em Renascer.

Repetição continua

Chay Suede em Travessia
Chay Suede em Travessia

Ao que tudo indica, o “ciclo Palmeira – Reymond – Suede” não vai parar por aí. Afinal, de acordo com o jornal O Globo, Chay Suede está confirmado como o mocinho de Mania de Você, próxima novela das nove.

A trama escrita por João Emanuel Carneiro será substituída pelo remake de Vale Tudo, a cargo de Manuela Dias. E Cauã Reymond, desde já, surge como o favorito para encarnar César, um dos personagens principais da obra. O tipo foi vivido por Carlos Alberto Riccelli em 1988.

Ainda não se sabe qual será a novela que virá a seguir. Mas não seria nada estranho se Marcos Palmeira fosse escalado para o novo folhetim. Será?

De volta aos anos 1970

Tarcísio Meira e Glória Menezes
Tarcísio Meira e Gloria Menezes

Muita gente reclama da repetição de atores na Globo, mas, no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, aconteceu algo semelhante. A emissora costumava fazer uma espécie de revezamento entre Francisco Cuoco, Antonio Fagundes, Tony Ramos e Tarcísio Meira nas novelas das oito.

Cuoco, por exemplo, estrelou O Astro (1977). Na sequência, foi a vez de Fagundes viver o principal papel masculino de Dancin’ Days (1978). Aí veio Tony Ramos em Pai Herói (1979). Em seguida, Cuoco voltou, com Tarcísio Meira, em Os Gigantes (1980). Após Água Viva (1980), o ciclo seguiu com Tarcísio em Coração Alado (1980), Tony Ramos em Baila Comigo (1981), Tarcísio de novo em Brilhante (1981), Cuoco em Sétimo Sentido (1982) e Tony em Sol de Verão (1982).

Depois disso, a presença destes astros ficou mais espaçada, mas, ainda assim, eles foram bastante requisitados entre meados dos anos 1980 e 1990. Fagundes, por exemplo, esteve em Rainha da Sucata (1990), O Dono do Mundo (1991), Renascer (1993) e O Rei do Gado (1996), enquanto Tarcísio Meira estrelou Roda de Fogo (1986), De Corpo e Alma (1992), Pátria Minha (1994) e Torre de Babel (1998) – esta última, com Tony Ramos…

Ou seja, o “rodízio” de galãs não é uma novidade na Globo. Na verdade, foi assim que a emissora formou grandes ídolos da televisão e firmou seu nome na história da teledramaturgia brasileira.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor