Mais um repeteco: falta de opções obriga Globo a voltar ao passado
07/03/2024 às 10h10
Há cinco anos, a Globo promove um rodízio dos mesmos galãs de sempre no horário nobre. Desde 2019, Marcos Palmeira, Chay Suede e Cauã Reymond se revezam no principal papel masculino dos folhetins das 21 horas.
Tony Ramos em Baila Comigo (Reprodução / Globo)Muita gente pode reclamar da falta de variedade, mas é fato que a aposta nos mesmos galãs de sempre em seu horário nobre era uma prática comum da Globo nos anos 1970.
Nessa época, Francisco Cuoco, Tarcísio Meira, Antonio Fagundes e Tony Ramos (foto acima) eram as “bolas da vez”.
Trio de ouro
LEIA TAMBÉM:
● Nada feito: por que a Globo foi obrigada a mudar o nome de Vale Tudo?
● SBT toma decisão que Globo já deveria ter tomado com Alma Gêmea
● Êta Mundo Bom 2 terá personagem ressuscitado e mocinho virando vilão
Em 2019, Marcos Palmeira estava no ar na faixa das 21h da Globo como Amadeu, par romântico de Maria da Paz (Juliana Paes) em A Dona do Pedaço. A trama de Walcyr Carrasco foi substituída por Amor de Mãe (2019), que trazia Chay Suede como Danilo, o filho perdido de dona Lurdes (Regina Casé).
Após a pandemia, que obrigou a Globo a reprisar novelas no horário nobre, veio Um Lugar ao Sol (2021), que trazia Cauã Reymond como os gêmeos Christian e Renato. Depois, Marcos Palmeira retornou, desta vez como José Leôncio em Pantanal (2022).
Aí foi a vez de Chay Suede retornar ao horário nobre, como Ari em Travessia (2022). Na sequência, foi Cauã Reymond quem reapareceu, em Terra e Paixão (2023). E, agora, temos Marcos Palmeira de volta em Renascer.
Repetição continua
Ao que tudo indica, o “ciclo Palmeira – Reymond – Suede” não vai parar por aí. Afinal, de acordo com o jornal O Globo, Chay Suede está confirmado como o mocinho de Mania de Você, próxima novela das nove.
A trama escrita por João Emanuel Carneiro será substituída pelo remake de Vale Tudo, a cargo de Manuela Dias. E Cauã Reymond, desde já, surge como o favorito para encarnar César, um dos personagens principais da obra. O tipo foi vivido por Carlos Alberto Riccelli em 1988.
Ainda não se sabe qual será a novela que virá a seguir. Mas não seria nada estranho se Marcos Palmeira fosse escalado para o novo folhetim. Será?
De volta aos anos 1970
Muita gente reclama da repetição de atores na Globo, mas, no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, aconteceu algo semelhante. A emissora costumava fazer uma espécie de revezamento entre Francisco Cuoco, Antonio Fagundes, Tony Ramos e Tarcísio Meira nas novelas das oito.
Cuoco, por exemplo, estrelou O Astro (1977). Na sequência, foi a vez de Fagundes viver o principal papel masculino de Dancin’ Days (1978). Aí veio Tony Ramos em Pai Herói (1979). Em seguida, Cuoco voltou, com Tarcísio Meira, em Os Gigantes (1980). Após Água Viva (1980), o ciclo seguiu com Tarcísio em Coração Alado (1980), Tony Ramos em Baila Comigo (1981), Tarcísio de novo em Brilhante (1981), Cuoco em Sétimo Sentido (1982) e Tony em Sol de Verão (1982).
Depois disso, a presença destes astros ficou mais espaçada, mas, ainda assim, eles foram bastante requisitados entre meados dos anos 1980 e 1990. Fagundes, por exemplo, esteve em Rainha da Sucata (1990), O Dono do Mundo (1991), Renascer (1993) e O Rei do Gado (1996), enquanto Tarcísio Meira estrelou Roda de Fogo (1986), De Corpo e Alma (1992), Pátria Minha (1994) e Torre de Babel (1998) – esta última, com Tony Ramos…
Ou seja, o “rodízio” de galãs não é uma novidade na Globo. Na verdade, foi assim que a emissora formou grandes ídolos da televisão e firmou seu nome na história da teledramaturgia brasileira.