André Santana

A estratégia de dramaturgia equivocada derrubou o horário nobre da Record; a emissora parece ter tirado o ano de 2022 para colecionar fiascos. A baixa audiência da novela Reis, somado ao imenso flop de Todas as Garotas em Mim e da reprise de Amor sem Igual, respingou na linha de shows da emissora, que vem batendo recordes negativos. No entanto, não é só isso que explica o baixo desempenho de Ilha Record.

Mariana Rios

Não que o reality show comandado por Mariana Rios seja ruim. Para os fãs de um reality show “raiz”, Ilha Record é um prato cheio, já que mistura participantes dispostos a jogar e sequências de puro disse-me-disse. É o puro suco do reality de confinamento.

Porém, o programa sofre com a falta de um elemento surpresa eficaz. No ano passado, Ilha Record empolgou quem deu uma chance ao programa justamente por ser um show imprevisível. Com regras malucas e reviravoltas mirabolantes, a atração divertia justamente pelo inusitado da coisa.

Ilha Record

Um dos maiores atrativos do formato era a dinâmica envolvendo o exílio. Na primeira temporada, os participantes não sabiam que os companheiros eliminados podiam assisti-los e alterar os rumos das provas. Eles sabiam que havia algo acontecendo, mas não tinham ideia do que se tratava.

Ao mesmo tempo, as surpresas impostas pelas intervenções do Guardião também envolviam. O personagem sempre trazia recados que atrapalhavam a estratégia dos jogadores, deixando o andamento do Ilha Record sempre imprevisível.

Sem graça

Ilha Record

Assim, Ilha Record chega à segunda temporada sem o gostinho de novidade da leva original. A gruta do exílio não é mais novidade nem para o espectador e nem para os participantes. Não aconteceu uma necessária mudança na dinâmica, que fosse capaz de impedir grandes estratégias.

Nem mesmo as ordens do Guardião foram capazes de trazer um novo tempero ao andamento do game. Sem os elementos-surpresa da primeira temporada, Ilha Record se tornou apenas mais um reality show. Ficou sem graça.

E ao se tornar apenas mais um reality show, o programa acabou sofrendo com o desgaste da fórmula, já que a Record tem enfileirado formatos muito parecidos em seu horário nobre nos últimos anos.

Ou seja, o fracasso das novelas ajuda a explicar o fiasco do Ilha Record. Mas a previsibilidade do programa também tem sua culpa nesta situação crítica.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor