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Perdemos nesta quarta-feira (9) uma de nossas maiores cantoras, um ícone da cultura brasileira. Gal Costa nos deixou aos 77 anos, em São Paulo, onde se recuperava de um procedimento cirúrgico. Com 57 anos de carreira, era uma referência da MPB.
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Gal Costa passou por várias fases. Foi musa da Tropicália, nos anos 1960, e musa da contracultura, nos anos 1970. Teve a fase pop, nos anos 1980, de tocar muito nas rádios e em novelas – como Gabriela (1975, foto).
Gal em novelas
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Gal Costa foi uma das responsáveis por formar musicalmente várias gerações. A minha inclusive. Um dos caminhos para tanto foram as novelas, que usaram sua voz fartamente para embalar cenas, aberturas e personagens, desde a década de 1970.
Só de aberturas de novelas, foram sete: “Modinha para Gabriela”, nas duas versões de Gabriela (1975 e 2012); “Só Louco” em O Casarão (1976); “Brasil” em Vale Tudo (1988); “Canta Brasil” em Deus nos Acuda (1992); “Pra Você” em Torre de Babel (1998); e “Caminhos do Mar” em Porto dos Milagres (2001).
Gal é uma das recordistas em trilhas. São mais de 80 músicas, algumas em diferentes gravações, outras repetidas em duas, três novelas de épocas distintas. A música “Baby”, por exemplo, esteve em duas trilhas: Ninho da Serpente (1982) e Transas e Caretas (1984) – além da minissérie Anos Rebeldes (1992).
Os maiores hits de Gal estiveram em trilhas de novelas. Mais fácil apontar quais grandes sucessos da cantora não entraram. Lembro agora de “Balancê”, “Festa do Interior” e “Sorte”.
Curiosidades
– Gal gravou a música “Modinha para Gabriela”, de Dorival Caymmi, em 1975, para a abertura de Gabriela. O diretor Daniel Filho a convidou para atuar na novela, como a protagonista, mas Gal não aceitou, “por medo, porque achava que não era atriz”, disse ela.
– Em 1977, Caetano compôs e gravou a música “Tigresa”, especialmente para Sônia Braga, com quem ele namorou (“Ela me conta que era atriz e trabalhou no Hair”). Gal a gravou no mesmo ano, para o álbum Caras e Bocas, e a música entrou na trilha da novela Espelho Mágico como tema da personagem de Sônia Braga.
– Em 1978, Gal deu uma canja na novela Dancin’ Days, aparecendo como convidada da personagem de Sônia Braga, em que cantou duas músicas em cena: “Folhetim” e “Solitude” (esta última, da trilha da novela).
– Nos anos 1990, Gal atingiu a maturidade musical, com o show “Plural”. Outro show marcante dessa época foi “O Sorriso do Gato de Alice”, dirigido por Gerald Thomas, em que cantou a música “Brasil” (da abertura de Vale Tudo) com os seios à mostra.
Gilberto Braga
Fã confesso de Gal Costa, Gilberto era quem mais requisitava a cantora para suas novelas. Ela cantou para a maioria das tramas do autor.
Gal aparece na obra de Gilberto com “Solitude” (Dancin’ Days, 1978), “Noites Cariocas” (Água Viva, 1980), “Meu Bem Meu Mal” (Brilhante, 1981), “Dom de Iludir” (Louco Amor, 1983), “Nada Mais” (Corpo a Corpo, 1984), “Brasil” (Vale Tudo, 1988), “Solidão” (O Dono do Mundo, 1991), “Baby” (Anos Rebeldes, 1992), “Errática” (Pátria Minha, 1994), “Nossos Momentos” (Celebridade, 2003), “Ruas de Outono” (Paraíso Tropical, 2007) e “Ilusão à Toa” (Babilônia, 2015).
Em 2011, o álbum “Recanto”, de Gal, foi eleito o melhor do ano. De lá para cá, o público jovem tem se aproximado da cantora, de seu repertório. Gal Costa estava com a agenda lotada de participações em festivais pelo Brasil.
A cantora parte deixando uma grande lacuna na cultura brasileira. Porém, suas músicas e a lembrança do povo se encarregam de sua eternidade.