Meu amigo Thell de Castro escreveu um texto que há tempos eu tinha em mente escrever. Desde que foi anunciado que Faustão deixaria a Globo, eu atentei para o fato de que algumas gerações sequer imaginam como eram as tardes de domingo da emissora na era pré-Faustão, época que não viveram, mas que eu lembro bem.

Neste texto, Thell esmiúça 10 atrações exibidas na Globo antes de ela contratar Fausto Silva. Foi um período em que a emissora chamava sua programação dominical vespertina de Bom Domingo e penava na concorrência direta com Silvio Santos.

Para complementar o texto do Thell, destaco outras 10 atrações do período que vai de 1977 a 1989:

Muppet Show

A série de bonecos produzida por Jim Henson estreou no Brasil nas tardes de domingo da Globo, às 17 horas, permanecendo neste dia e horário por dois anos, 1979 e 1980. Toda criança da época corria para assistir, eu inclusive. A cada programa, Caco, Miss Piggy, Gonzo, Fozzie e sua turma recebiam um convidado especial.

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Disneylândia

Lembro da época de quando a série Disney´s Wonderful World – batizada no Brasil simplesmente de Disneylândia – era exibida nas tardes de sábado. Porém, na década de 1980, o programa migrou para as tardes de domingo.

Cada episódio exibia um filme, documentário ou desenhos dos estúdios Walt Disney. A cada novo ano, o título era trocado: Disneylândia 81, Disneylândia 82, Disneylândia 83, Disneylândia 84 e assim sucessivamente.

Geração 80

Thell citou em seu texto os programas musicais Cometa Loucura e Globo de Ouro. Antes deles, havia o Geração 80, exibido entre 1981 e 1982, apresentado por Kadu Moliterno e Nádia Lippi (depois substituída por Élida L´Astorina). Na plateia, jovens dançando em um palco com muito neon, patinadores, acrobatas, ciclistas e skatistas, enquanto rolavam atrações musicais.

Em 1983, o Geração 80 foi substituído pelo Cometa Loucura (apresentado por Lauro Corona e Carla Camuratti) e, anos depois, pelo Globo de Ouro – que deixava de ser exibido na Sexta Super e migrava para as tardes de domingo.

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Clip Clip

Muito antes da MTV chegar ao Brasil, a Globo levou ao ar um programa destinado à exibição de clipes de música pop (estrangeira ou brasileira). Outras emissoras já haviam testado o formato, como o Super Special, da TV Bandeirantes. O Clip Clip era apresentado pelos bonecos Muquirana Jones e Edgar Ganta, criados pelo grupo de teatro de bonecos Cem Modos.

O programa foi exibido de 1983 a 1987. O título sugere um jogo de palavras com o som estridente que anunciava os intervalos comerciais na programação da Globo – o “clip clip”.

O Planeta dos Homens e Balança Mas Não Cai

Thell listou A Festa é Nossa e Humor Livre, humorísticos com o casting de comediantes da Globo exibidos aos fins de tarde de domingo. Antes deles, entre 1981 e 1982, foram ao ar O Planeta dos Homens (oriundo da faixa semanal noturna) e a reedição do Balança Mas Não Cai, programa que nasceu no rádio e que já havia sido exibido na Globo entre 1968 e 1971.

Comandado por Jô Soares e Agildo Ribeiro, O Planeta dos Homens é mais lembrado pelo personagem Sócrates (Orival Pessini) e pela abertura, na qual a modelo Wilma Dias saía de uma casca de banana. Balança Mas Não Cai era o nome do edifício onde moravam vários tipos cômicos, entre eles as duplas Primo Pobre e Primo Rico (Brandão Filho e Paulo Gracindo) e Ofélia e Fernandinho (Sônia Mamede e Lúcio Mauro).

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Praça da Alegria

O humorístico, criado em 1956 por Manoel de Nóbrega, passou por várias emissoras (TV Paulista, TV Rio e Record) até chegar à Globo, em 1977, um ano após a morte de seu criador. Luiz Carlos Miéle sentava no banco da praça e recebia comediantes como Ronald Golias, Rony Rios (a Velha Surda), Walter D´Avilla, Zilda Cardoso (a Catifunda) e outros.

O programa era exibido aos domingos, às 17h30, e ficou no ar até 1978. A partir de 1987, voltou à televisão, pelo SBT, sob o comando de Carlos Alberto de Nóbrega (filho de Manoel de Nóbrega), com outro nome: A Praça é Nossa.

Mário Fofoca

O personagem de Luiz Gustavo na novela Elas por Elas, de Cassiano Gabus Mendes, fez tanto sucesso em 1982 que ganhou um seriado próprio no ano seguinte. O ator vivia as aventuras de um detetive particular atrapalhado. Porém, o personagem, ao passar para o formato seriado, perdeu muito de sua graça original.

Ficou no ar de março a julho de 1983, com apenas 17 episódios. Outros seriados nacionais cômicos que foram exibidos aos domingos foram Kika e Xuxu (com Clarice Piovesan e Stênio Garcia), em 1978, e Super Bronco (com Ronald Golias), em 1979.

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Desenhos HB

A Hanna-Barbera foi a maior produtora de desenhos animados para televisão nas décadas de 1960 e 1970. Vários títulos eram lançados a cada ano. Alguns se tornaram clássicos, como Scooby-Doo, Flintstones, Jetsons, Jonny Quest, Corrida Maluca, Manda Chuva, Zé Colmeia e outros tantos.

Lembro que na virada da década de 1970 para 1980, a Globo exibia os lançamentos HB com exclusividade aos domingos, no início da tarde. Assisti por essa época Bicudo o Lobisomen, Shmoo a Foca Fofa, Super Globetrotters, Os Trapalhões Espaciais, A Corrida Espacial, A Coisa e outros.

Mais séries

As tardes de domingo eram repletas de séries americanas. Além das que Thell citou em seu texto, destaco ainda: Buck Rogers, Galactica Batalha nas Estrelas, A Ilha da Fantasia, Magnum (com Tom Selleck), 240-Robert, Operação Resgate, Trovão Azul, Os Gatões, Xerife Lobo, Mr. Merlim, A Gata e o Rato (com Cybill Shepherd e Bruce Willis) e O Homem da Máfia, entre outras.

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Sorteios

Entre os patrocinadores do Bom Domingo da Globo, havia os que promoviam sorteios semanais, ofertando, aos telespectadores que enviassem cartas, os seus produtos e até automóveis. O elenco jovem da Globo se revezava em pares (lembro de Kadu Moliterno com Élida L´Astorina e com Myrian Rios) para sortear as malhas e agasalhos da Sulfabril.

Porém, foi Tônia Carrero quem reinou absoluta como “garota-propaganda” (piada involuntária) por toda a década de 1980, sorteando cartas – valendo, entre outros prêmios, televisores coloridos e “carros zerinho” – patrocinada pelo Leite de Aveia Davene ou pelas toalhas Buettner – em que Tônia fazia biquinho para pronunciar “Buettner”.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor