A Lei do Amor sofreu várias alterações em virtude da baixa audiência e da interferência dos grupos de discussão. Muitas dessas mudanças foram péssimas para o enredo de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, prejudicando o conjunto do folhetim (dirigido por Denise Saraceni) – que está em plena reta final – e retirando de cena bons personagens, implicando ainda na aniquilação da personalidade de vários que permaneceram. Entretanto, uma única situação ficou melhor e foi justamente o crescimento da vilania de Magnólia (Vera Holtz).

A personagem sempre foi uma das mais atrativas da história e foi a mentora do plano que separou Pedro (Reynaldo Gianecchini) e Helô (Cláudia Abreu) na primeira fase. Porém, ao longo da segunda fase, a vilã apenas proferia frases de efeito e pouco agia. Apenas ameaçava e muitas vezes ficava de lado, enquanto Tião (José Mayer) era o autor das maiores vilanias da trama, enfrentando todos e mandando executar seus inimigos. Ela guardava vários segredos e todo esse mistério em volta da matriarca da família Leitão era mantido escondido pelos autores.

Com as mudanças no roteiro, os ‘sigilos’ de Mag foram quebrados mais cedo e a sua verdadeira face foi mostrada para o público. O intuito era, claramente, deixá-la como uma figura dúbia por um bom tempo, mas as mexidas na história fizeram a grande vilã ser completamente exposta assim que o seu caso de 20 anos com Ciro (Thiago Lacerda) foi revelado.

A partir de então, a personagem cresceu e se revelou a grande peste da novela. Realmente, o lado cruel e assustador da fria madrasta de Pedro deveria ter sido exibido antes, até para destacar o imenso talento da atriz.

Vera Holtz sempre esteve ótima em A Lei do Amor e agora vem ganhando sequências dignas da sua capacidade cênica. Um de seus melhores momentos foi quando Mag assassinou Beth (Regiane Alves). Após ser chantageada pela amante do Ciro, que descobriu o seu caso com o genro, a esposa de Fausto (Tarcísio Meira) a atraiu para uma emboscada e a matou com um tiro certeiro. Antes do crime, a cruel mulher ainda propôs uma reza com sua vítima, que negou alegando não acreditar em Deus. Magnólia ‘lamentou’ a resposta e a assassinou com frieza. Vera e Regiane deram um show na cena que marcou a grande virada na conduta da vilã. Apesar do erro em retirar da novela uma personagem tão promissora quanto Beth, foi uma das melhores cenas do folhetim.

Depois do crime, a matriarca incorporou de vez a figura de grande malvada da história. Vale destacar ainda o ótimo momento em que Mag ameaçou Fausto com uma arma, pouco tempo depois de ter matado e enterrado o corpo da sua última vítima. O olhar de ódio de Vera imprimiu toda a fúria daquela mulher capaz de tudo para derrubar seus inimigos. Desde então, a personagem vem protagonizando cenas muito boas, mesmo diante dos inúmeros equívocos do enredo. O instante em que foi desmascarada por Fausto e quando passou a ficar sob a mira das chantagens de Tião, além do assassinato de Élio e da sua prisão na hora da fuga (graças a Pedro), foram algumas delas.

Toda a saga de Mag na prisão também merece uma menção especial, vide os seus embates com as presas e quando precisou encarar a visita de Tião, que revelou a farsa do casamento deles. A fuga da vilã, logo após ter assassinado a sua maior inimiga na cadeia, foi outro instante que serviu para comprovar o quanto que Vera Holtz está carregando a reta final do folhetim nas costas. É impressionante como a atriz engrandece qualquer cena, valorizando a sua personagem sempre que aparece e imprimindo ainda um toque sarcástico extremamente benéfico para a psicopata.

A grande vilã da história segue sendo o foco de todas as atenções nos instantes finais da trama, pois sequestrou Helô e transformou a vida de todos em um inferno mais uma vez. Até porque, tirando a vilania da ex-toda poderosa, não há mais nada para contar, com exceção da volta do câncer de Letícia (Isabella Santoni), que acaba ligado indiretamente ao sequestro da mocinha, uma vez que a gravidez da mãe da menina é vital para a cura da doença – situação vista igualzinha em Laços de Família. O folhetim tem se resumido a vários personagens avulsos e no cansativo mistério em torno da identidade de Marina (Alice Wegmann), que é a Isabela mesmo. Ou seja, tem valido a pena assistir apenas por causa da viúva de Fausto.

O maior destaque em cima da vilania de Magnólia foi um acerto em meio a tantas mudanças equivocadas de A Lei do Amor e a maior beneficiada foi Vera Holtz, que passou a dominar a novela das nove, sendo a responsável pelas melhores cenas do folhetim e protagonista dos únicos grandes momentos da reta final da novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari.

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas


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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor