Jorginho Guinle pode ser considerado o maior playboy brasileiro. Tanto que ganhou até um filme biográfico em 2019, Jorge Guinle – Só Se Vive uma Vez, onde foi interpretado por Saulo Segreto (foto abaixo).

Saulo Segreto como Jorge Guinle
Saulo Segreto como Jorge Guinle em Só Se Vive uma Vez (Reprodução / Web)

Herdeiro de uma das famílias mais ricas do país, ele se gabava de jamais ter trabalhado e tido uma “boa vida”, com tudo o que o dinheiro podia pagar.

No entanto, não há riqueza que dure para sempre. Jorginho faleceu aos 88 anos, sem dinheiro no bolso e morando de favor. Sua trajetória, no entanto, tem nuances que, além do filme, inspirou um personagem de novela da Globo, o Pedrinho Guimarães (Marcos Caruso) de Pega Pega (2017).

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Família tradicional

Jockey Club do Rio de Janeiro
Jockey Club do Rio (Reprodução / Web)

Jorge Eduardo Guinle, ou simplesmente Jorginho Guinle (1916-2004), era neto de Eduardo Passalin Guinle (1846-1912), um empresário que iniciou um armazém de produtos importados ao lado do sócio, Candido Gaffrée, e logo expandiu os negócios, passando a investir em construção de estradas, ferrovias e em aquisições imobiliárias. Mas a fortuna se multiplicou quando os sócios conseguiram a concessão de 90 anos do porto de Santos.

O imenso patrimônio da família incluía o Palácio das Laranjeiras, a Granja Comari, o Jockey Club do Rio de Janeiro e o tradicional hotel Copacabana Palace. Jorginho Guinle, que era filho de Carlos Guinle – um dos sete filhos de Eduardo – usufruiu bastante dos bens do clã, levando uma vida bastante agitada.

O playboy viajou pelo mundo e tinha excelente trânsito na alta sociedade, frequentando festas e estabelecendo relações com os nomes mais abastados do planeta. Tanto que, durante a ditadura de Getúlio Vargas, Guinle se tornou um embaixador informal do Brasil nos EUA, além de ter sido representante do Brasil em “assuntos sul-americanos” em Hollywood, a pedido de Nelson Rockfeller, presidente dos EUA entre 1974 e 1977.

Boa vida

Jorge Guinle
Jorge Guinle (Reprodução / Web)

Por sua entrada em Hollywood, Jorginho Guinle passou a frequentar sets de filmagens e conviver com grandes estrelas. O playboy, inclusive, se gabava de ter tido relações com musas da época, como Marilyn Monroe, Rita Hayworth e Jayne Mansfield, entre outras.

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No entanto, a família Guinle também ficou famosa por gastar além da conta. Tanto que a fortuna do clã foi torrada totalmente, obrigando seus membros a se desfazerem de vários ativos da família para sobreviver. A falência, então, chegou a Jorginho Guinle.

Apesar disso, Guinle se gabava de nunca ter trabalhado na vida.

“Nenhum playboy de hoje pode ser meu sucessor. Todos têm um grave defeito: eles trabalham”, dizia ele.

Sem um tostão no bolso, Jorginho Guinle viveu os últimos anos de sua vida de favor, num quarto do Copacabana Palace cedido pelo novo dono do hotel.

“O segredo do bem viver é morrer sem um centavo no bolso. Mas errei o cálculo e o dinheiro acabou antes da hora”, admitiu ele.

Jorginho Guinle faleceu aos 88 anos, após sofrer um um aneurisma da aorta abdominal. Ele foi casado quatro vezes e teve três filhos.

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Inspiração

Jorginho Guinle contou grandes passagens de sua vida em sua autobiografia Um Século de Boa Vida. A trajetória curiosa e cheia de nuances acabou servindo como inspiração à arte, como o filme Jorginho Guinle – Só se Vive Uma Vez, de Otávio Escobar, e com Saulo Segreto, Letícia Spiller e Guilhermina Guinle no elenco. Guilhermina, aliás, é prima de Jorginho na vida real.

A vida do playboy também inspirou a autora Claudia Souto na criação de Pedrinho Guimarães, personagem de Marcos Caruso em Pega Pega. Na trama da Globo, o tipo também era um bon vivant que acabou torrando toda a sua fortuna. Por isso, ele foi obrigado a vender o Carioca Palace, hotel de sua família.

Mas, ao contrário de Jorginho, Pedrinho acabou conhecendo o trabalho. Isso porque ele teve todo o dinheiro da venda do hotel roubado e precisou arregaçar as mangas e ir à luta.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor