André Santana

Grande aposta da Globo para a faixa das 18 horas, o remake de Elas por Elas não caiu nas graças do público. A trama escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson, baseada no original de Cassiano Gabus Mendes, segue em queda livre na audiência.

Rayssa Brattilieri e Filipe Bragança em Elas por Elas
Rayssa Brattilieri e Filipe Bragança em Elas por Elas

O fracasso pode ser explicado por conta de uma característica da novela que vem incomodando os espectadores. Parte do público reclama da ausência de cenas externas da produção e acusa Elas por Elas de ser muito “claustrofóbica”, já que a grande maioria de suas cenas acontece nos estúdios da Globo.

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Estrutura simples

Deborah Secco em Elas por Elas
Lara (Deborah Secco) em Elas por Elas (Reprodução / Globo)

Apesar de contar com sete protagonistas, sendo que cada uma tem um cenário e um núcleo de personagens, Elas por Elas é uma novela de estrutura enxuta. São poucos personagens, todos bem entrelaçados na trama criada por Cassiano Gabus Mendes. E esses personagens costumam se encontrar nos mesmos lugares de sempre.

Não são muitos os cenários da novela das seis. Há a mansão de Lara (Deborah Secco), a casa de Adriana (Thalita Carauta), o apartamento de Helena (Isabel Teixeira), os escritórios da Helàne, a ONG onde trabalha Ísis (Rayssa Bratillieri), a faculdade de Carol (Karine Teles), enfim. Poucos ambientes.

Praticamente todas as cenas da novela se passam dentro destes cenários. A cidade cenográfica da trama é pouco explorada e cenas nas ruas do Rio de Janeiro praticamente inexistem.

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“Claustrofóbica”

Elas por Elas
Elas por Elas (Reprodução / Globo)

Uma novela praticamente toda passada dentro de um estúdio remete às primeiras produções de teledramaturgia da TV brasileira. Ou também às novelas mexicanas tradicionais, normalmente com poucas externas, e até mesmo as novelas do SBT, que costumeiramente seguem o padrão mexicano.

Mas uma novela moderna toda fechada em estúdio é uma “novidade” na Globo. E isso vem fazendo o público estranhar. No fórum Eplay, vários espectadores reclamaram do incômodo de Elas por Elas não ter cenas ao ar livre.

“Nunca vi uma novela tão claustrofóbica na Globo, parece novela do SBT. Não tem uma única cena na rua, só tem cena em estúdio e, ainda por cima, os mesmos estúdios de sempre há mais de 50 capítulos” observou o usuário Edi 85.

“As poucas externas que têm sequer dá pra identificar o local. É como se elas morassem num Rio de Janeiro que parece mais São Paulo. No fim, nem o pessoal de SP nem o do RJ se identifica com a novela”, completou o usuário Habla.

 

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Fracasso

Isabel Teixeira em Elas por Elas
Isabel Teixeira em Elas por Elas

O fato de Elas por Elas causar certa “claustrofobia” no público pode ajudar a explicar o baixo desempenho do folhetim das seis da Globo. A trama está no ar há dois meses e sua média de audiência só faz encolher semana a semana.

A emissora esperava o resultado do grupo de discussão da novela para começar a fazer alterações no texto. No entanto, não foram identificados muitos erros. O público aprovou o casal Lara e Mário Fofoca (Lázaro Ramos), assim como a vilã Helena, que é odiada pelos espectadores.

Nos próximos capítulos, os autores devem aumentar a carga dramática da novela, já que a verdade sobre a origem de Giovanni (Filipe Bragança) será revelada em breve – virada que já estava prevista. A Globo também pretende investir mais em chamadas na programação e levar o elenco de Elas por Elas para participar de programas da casa.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor