Ao anunciar que Sol (Sheron Menezzes), a mocinha de Vai na Fé, era uma mulher evangélica, a autora Rosane Svartman surpreendeu boa parte do público e da imprensa. Muitos acreditaram que a Globo estava seguindo o espaço da Record e investindo em novelas religiosas.
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Porém, a surpresa foi bastante desproporcional ao fato em si. Afinal, apesar de ter sido encarada como pioneira, Sol não é a primeira mocinha evangélica de uma novela da Globo. Nem mesmo a segunda. Outras mocinhas protestantes já passaram pela tela da emissora no passado.
Rebeca foi a primeira
Segundo o site Observatório da TV, com informações do canal Safra92 do YouTube, a Globo já teve outra mocinha evangélica na faixa das sete. Trata-se de Rebeca, personagem de Alessandra Negrini na novela Meu Bem Querer, exibida em 1998.
Escrita por Ricardo Linhares, Meu Bem Querer era a típica novela passada numa cidadezinha do interior do Nordeste. Desta vez, a trama era situada em São Tomás de Trás, pequeno município próximo a Greenville, Tubiacanga e Resplendor, outras cidadezinhas de novelas que o próprio Linhares assinou com Aguinaldo Silva.
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Na trama, Rebeca era a filha do pastor Bilac (Mauro Mendonça), líder evangélico do lugar. Ela se apaixona por Antônio (Murilo Benício), filho de criação do padre Ovídio (Claudio Correa e Castro), autoridade máxima da igreja católica. No entanto, Bilac deseja que sua herdeira se case com Juliano (Leonardo Brício), a quem considera seu sucessor na igreja.
Por isso, Rebeca acaba se unindo ao escolhido pelo pai, enquanto Antônio encontra consolo nos braços de Lívia (Flavia Alessandra) que, por sua vez, era o grande amor de Juliano. Assim se formava o “quadrado amoroso” principal da trama de Ricardo Linhares.
E teve outra!
Babilônia (2015), escrita por Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, também contou com uma mocinha evangélica. Trata-se de Laís (Luisa Arraes), uma jovem romântica que se apaixona por Rafael (Chay Suede).
Na trama, os dois pombinhos vivem uma paixão impossível, justamente por conta da religião. Isso porque Laís pertence a uma família bastante conservadora. Já Rafael é filho adotivo de um casal homossexual, formado por Tereza (Fernanda Montenegro) e Estela (Natalia Thimberg), e não tem religião.
Aderbal Pimenta (Marcos Palmeira), o pai de Laís, é um político desonesto que se esconde sob a fachada de religioso e pai de família, constantemente orientado por sua mãe, Consuelo (Arlete Salles), idosa hipócrita e preconceituosa. Já Maria José (Laila Garin), a mãe da mocinha, também é evangélica e religiosa, mas se mostra mais compreensiva quanto aos assuntos familiares e sua fé.
Guerra santa
Assim, quando descobre que a filha está namorando um rapaz sem religião, e que, ainda por cima, tem duas mães, Aderbal se coloca imediatamente contra o relacionamento, assim como Consuelo, que não esconde seu preconceito com o casal de lésbicas.
Ao longo de Babilônia, Laís e Rafael enfrentam diversos conflitos familiares para conseguirem viver este amor. Mesmo tendo visões de mundo diferentes, os dois permanecem fiéis às suas crenças até o fim, mostrando que a religião não precisa ser uma barreira entre as pessoas.