Sentindo-se desvalorizado com o seu papel em O Quinto dos Infernos (2002), Ewerton de Castro abandonou a produção e detonou a Globo em entrevista.
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Para o ator, que na época atuava há 34 anos, convidá-lo para participar de uma produção para fazer uma espécie de figuração foi um desrespeito.
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Desvalorizado pela Globo
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Longe da mídia desde que decidiu se aposentar, em 2010, Ewerton de Castro não gostou de se sentir desprestigiado. Bastante desapontado, ele disparou sua mágoa contra a emissora carioca.
“Não fui respeitado artisticamente. Meu personagem em O Quinto (Cauper, um comerciante), não tinha falas e nunca era enquadrado pela câmera. Não pensei que eles chamariam a mim, um profissional com 34 anos de carreira, para fazer praticamente uma figuração”, disparou ele em entrevista à Folha de S.Paulo em 3 de fevereiro de 2002.
Questionado como a Globo reagiu ao seu pedido de demissão, ele não hesitou em responder.
“Perguntaram milhares de vezes se eu tinha certeza do que estava fazendo. A relação que existe entre a Globo, todo-poderosa, e os atores é tão injusta que, quando alguém diz ‘não’, eles dizem que não ouviram direito. Eles não acreditam que alguém não queira trabalhar lá. Sabem que há uma fila na porta implorando para entrar a qualquer preço”, disse.
“A Globo trata atores como mendigos”
Para o artista, a postura do canal em não se importar com a sua demissão faz com que o mercado de teledramaturgia fique sucateado.
“A Globo está mal-acostumada. Acaba sucateando o mercado. Eles pensam assim: ‘Todo mundo quer trabalhar aqui, então não precisamos tratar bem ninguém’. Isso, de certa forma, é repetido por outras emissoras. Há atores que já tiveram muita fama e são tratados como mendigos quando vão pedir trabalho”, revelou.
“A Globo acaba assumindo uma espécie de poder divino. Mas eles fazem isso para sua autoestima cair e você começar a aceitar qualquer coisa que eles oferecem. Abençoados são os que precisam da TV para viver”, explicou.
Trabalhos Marcantes
Ewerton de Castro nasceu em São Paulo (SP) em 11 de dezembro de 1945. Ele se destacou no teatro, onde fez sua estreia profissional como ator, além de ter dirigido e produzido diversos espetáculos teatrais.
Estreou na televisão na versão do Sítio do Pica-Pau Amarelo produzida pela TV Bandeirantes entre 1967 a 1969. Migrou para a extinta TV Tupi, onde atuou em várias produções do canal, como A Revolta dos Anjos (1972) e Vidas Marcadas (1973).
Em seguida, interpretou o vilão Alexandre de A Viagem (1975) e, depois, esteve em Ovelha Negra (1975), O Julgamento (1976), Xeque Mate (1976) e Éramos Seis (1977).
Ingressou na Globo em 1979, atuando no seriado Malu Mulher. Ainda na emissora carioca, ele pode ser visto em Eu Prometo (1983), Roque Santeiro (1985), O Outro (1987) e Vida Nova (1988).
Na TV Manchete, Ewerton esteve presente em Kananga do Japão (1989, na foto acima), Escrava Anastácia (1990) e Pantanal (1990).
Retorno à Globo
De volta à emissora carioca, trabalhou em De Corpo e Alma (1992) e Fera Ferida (1993). Depois, no SBT, fez as novelas Sangue do Meu Sangue (1995) e Os Ossos do Barão (1997).
Retornou mais uma vez à Globo e fez a minissérie Os Maias (2001). Após se desentender com o canal a cerca de sua participação em O Quinto dos Infernos, o veterano ator foi contratado pela Record, onde atuou em A Escrava Isaura (2004), Essas Mulheres (2005), Prova de Amor (2006), Bicho do Mato (2006), Chamas da Vida (2008) e A História de Ester (2010).
Após esse trabalho, Ewerton de Castro decidiu se aposentar da carreira artística. De acordo com Flávio Ricco, em sua coluna no UOL em 2012, o ator revelou estar triste e desiludido e, por esse motivo, decidiu não renovar seu contrato com a Record.
Em 2014, o ator, que atualmente está com 77 anos, veio ao Brasil participar do espetáculo O Amor Move o Sol e Outras Estrelas, em Cordeirópolis (SP), a fim de incentivar o teatro na localidade. Foi esse o último registro público de sua presença nos palcos do país.