Se você sintonizar a TV aberta durante a madrugada vai ver inúmeros programas religiosos, alguns enlatados e o começo dos noticiários. Uma programação bem diferente do que as emissoras exibiam nos anos 1980 e 1990 e que faziam da madrugada um horário disputado.

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Naqueles tempos, também existiam filmes e programas religiosos, mas a produção independente tomava conta com programas bizarros e de gosto duvidoso. Entre tantas atrações exibidas, uma delas, que estreou em 1997, criou polêmica e fez a TV Gazeta subir no Ibope e até ocupar o segundo lugar do SBT: Madrugada Sexy.

Programas eróticos não eram uma novidade na televisão: nas noites de sábado, a Band já exibia o Cine Privê, que conquistava bons índices de audiência e incomodava as outras emissoras.

Madrugada Sexy era um programa independente, produzido pela produtora Daitan Vídeo, que trazia a apresentadora Eliane Pontim em um cenário semelhante a um quarto de motel. Deitada na cama, ela chamava quadros com temáticas voltadas a sexo, sadomasoquismo, contos eróticos, entre outros.

Até um “Você Decide” era feito: a apresentadora entrevistava uma modelo, e o espectador decidia, por meio de ligações tarifadas (0900), se a convidada deveria fazer um strip-tease ou não.

Porém, não era apenas isso que o programa apresentava: cenas amadoras de sexo explícito eram apresentadas sem cortes ou censura alguma. Nenhum outro programa na TV tinha apresentado um quadro como esse. Isso fez com que o Madrugada Sexy chegasse a atingir 4 pontos de audiência – antes de sua estreia, a Gazeta era traço no Ibope.

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Não havia uma preocupação com o conteúdo. Inclusive, o diretor do programa, Carlos Ishi, afirmou, em entrevista para a Folha de S. Paulo, que “Só não mostramos penetração. Vamos até o limite, até a emissora reclamar”.

A emissora de fato não reclamou, mas as críticas eram duras e fortes, deixando os diretores da Fundação Casper Libero, mantenedora da TV Gazeta, de mãos atadas.

Não era possível, por contrato, tirar o programa do ar, porém a emissora poderia fazer a mudança do horário. Diante disso, a atração erótica passou a ser exibida às 2h30 da madrugada, em vez de 1h30.

E, sim, a audiência cresceu mais ainda. Mesmo com todo o sucesso, o programa teve vida curta: a Gazeta queria aumentar o valor do contrato, mas os produtores independentes se negaram. Em apenas dois meses a atração saiu do ar.

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Na época, o superintendente comercial da Fundação Cásper Líbero, Luiz Fernando Taranto Neves, afirmou que as queixas não eram da parte das igrejas, mas dos próprios espectadores. “A maior parte das reclamações é de gente que queria ver mais cenas de sexo no programa”, disse em entrevista à Folha de S. Paulo.

Madrugada Sexy nunca mais foi ao ar, mas abriu as portas para que outros conteúdos desse tipo invadissem as madrugadas da TV aberta.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor