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O propósito de Lumena ao entrar no BBB 21era se divertir, dançar e mostrar para todo o Brasil sua baianidade e alegria. Durante as cinco semanas em que esteve no confinamento, por vezes esse desejo dividiu a cena com outros aspectos fortes de sua participação. Dentre eles, alianças que impactaram no seu desempenho no game, falas e trejeitos que foram transformados em memes pelo público e repreensões a alguns dos comportamentos de seus companheiros de programa.
Depois de ser indicada ao paredão por Carla – uma de suas principais desavenças no jogo – e enfrentar Projota e Arthur no voto popular, a psicóloga e DJ de Pagodão Baiano deixou o reality, com 61,31% dos votos.
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Confira entrevista com a ex-participante divulgada pela Globo:
Como você avalia sua jornada no BBB 21?
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O sentimento é de que eu caí em algumas ciladas emocionais que eu nunca imaginei que pudesse cair. Eu só comecei a retomar meu proposito principal, que era o de levar a minha jornada com leveza, alegria, entrega e pesar muito menos as questões identitária, quando eu fui para o paredão. Só que os encontros e os gatilhos com algumas pessoas lá foram muito profundos. Eu não sou uma pessoa rasa, não consigo lidar com nada na minha vida de maneira superficial. Eu tentei estudar possibilidades de questões que poderiam surgir, me preparar para isso, mas jamais imaginei que pudessem ser tão profundas com pessoas também muito profundas. Por isso eu acho que foi uma jornada um pouco desastrosa. Eu me distraí com questões muito sérias lá dentro. E o meu foco de ser uma mulher competidora, alegre e que gosta de desafios acabou ficando em segundo plano, assim como minha subjetividade, baianidade e “gastação de onda”. Isso acabou me afastando do meu propósito real. Eu queria comprar meu trio elétrico, quero ser mãe, fazer minha inseminação… Me atrapalhei toda no “rolê” (risos).
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Você chegou a pensar em alguma estratégia de jogo?
Eu sou atleta, comecei a competir com cinco anos. Minha estratégia era me concentrar para as provas, tentar pegar o máximo de liderança, anjo e ganhar o máximo de prêmios. Eu queria ter uma jornada de conquista, mostrar que eu era uma boa competidora. Não sei se era visível, mas eu preparava: comecei a meditar, a nadar, fazia alongamentos para ir para as provas preparada. Mas o psicológico acabava atrapalhando. Eu achei que era só correr, nadar, me jogar, e esqueci que parte das habilidades de uma dinâmica de reality, obviamente, é uma saúde mental organizada.
Imaginava que seria eliminada nesse paredão?
Imaginei, porque, intuitivamente, a saída de Lucas repercutiu em várias pessoas que estiveram próximas a ele, podendo ser julgadas, como foram. A saída da Karol e do Nego Di, que eram pessoas com quem eu tinha uma relação, também me indicaram que, em algum momento, essa bomba poderia cair no meu colo. Eu não me calei em horas que eu poderia ter calado e me posicionei de maneiras que eu não curto me posicionar mais. Eu deixei parte da minha dinâmica de vida, que é tratar de questões que são duras para mim de forma leve, e liguei o modo “dedo na cara”.
Antes de começar a competição, você foi a participante mais votada pelo público para entrar no BBB com imunidade. Na sua opinião, o que fez com que você conquistasse as pessoas nesse período de pré-confinamento?
Olha que doido! Eu estava gravando aquele conteúdo aleatoriamente, toda atrapalhada. Eu acho que a minha sinceridade pode ter levado a isso. Eu fui mostrar a minha criança no reality, a Lumena “gastação”. Só que junto com ela vieram as feridas. Eu fico muito triste por ter reverberado muito mais as minhas feridas do que o meu lado lúdico. No primeiro momento, eu acho que prevaleceu a minha ludicidade. E também não tinha ninguém lá engatilhando nada, eu estava sozinha. Sozinha eu sou do “corre”, é outra parada.
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Quais foram os momentos mais marcantes para você durante sua passagem pelo BBB?
A entrada foi muito marcante. Eu queria ter aquele sentimento de pisar na grama e ver a piscina, só que a gente foi para a outra casa. A sensação de entrar verdadeiramente na casa, com o fato de ter sido acolhida e ter sido imune, foi massa. As festas também! O que foi Thiaguinho? O que foi Daniela Mercury? Foi muito marcante poder ter essa válvula de escape. Eu fui de fato para priorizar esses momentos. Uma estrutura dessas, um palco desses para dançar, botar para fora, me divertir é muito privilégio. Eu entrei como Pipoca, participei de um processo seletivo com milhares de pessoas. Queria aproveitar!
A eliminação de alguns de seus aliados impactou no seu jogo e convivência na casa?
A saída da Karol, a princípio, foi ruim, e depois eu entendi que foi positiva a nível de eu voltar para o jogo. A energia que eu estava doando para ela ficou mais livre. Aí eu pude voltar para mim, refletir o que eu estava fazendo ali, lembrar do meu propósito. Naquele momento, eu consegui verbalizar qual era o meu propósito porque eu realmente havia esquecido o que eu tinha ido fazer no ‘Big Brother Brasil’. Minha estratégia de jogo era driblar essas questões identitárias, não ser reduzida a isso; e jogar com seriedade, me dedicar nas provas, pegar um fôlego nas festas e foco na missão convivência. Mas realmente minha energia foi por água abaixo. Eu confundi um pouco, fui me anulando em prol do acolhimento. Eu sou isso: como na minha vida eu fui muito acolhida por mulheres, eu vi que a Karol precisava. Isso lá dentro é arriscado. Acolher o outro anula a sua energia. Com o Nego Di também estabeleci uma conexão e tive diálogos profundos. Por isso tudo, a saída deles reverberou de diversas formas.
Houve dois discursos do Tiago que te tocaram bastante: o da sua eliminação e aquele logo após a saída do Lucas. Por que cada um deles te afetou nos respectivos momentos?
Na minha eliminação, a analogia que ele fez com a dança foi muito emblemática porque é o meu instrumento de comunicação mais visceral, mais sincero. Eu fui com um propósito de dançar de um jeito e dancei de outro. Até o meu jeito de expressar questões vem junto com o corpo, com a voz. É tudo muito grandão, literalmente (risos). Esse discurso me pegou nesse sentindo: poxa, eu poderia ter dançado de uma forma mais leve no jogo em si. Já na saída do Lucas, aquele choro foi uma catarse de reconhecer que tanto a saída dele quanto a minha postura transcendiam o que agente viveu ali dentro. Eram matrizes que vêm da história dele e da minha história. A imagem dele me lembrava os meus primos, pessoas com quem eu me relacionei na vida, pessoas que eu acolhi, a quem eu me doei. Eu confundi muita coisa lá dentro. Ele projetou em mim um acolhimento que, em dado momento, eu desejei e me anulei no jogo para me doar. Quando ele me feriu, eu decidi ligar o modo contra-ataque, o que foi muito prejudicial para o meu jogo. Me senti atacada pelo que ele me causou, e eu não levo desaforo para casa de homem nenhum. Pensei: “se me atacar, vou atacar também”. Só que eu esqueci que eu estava num reality, não num campo de batalha.
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Deu tempo de saber que aqui fora você protagonizou vários memes que viralizaram nas redes sociais, entre eles, o “Lumena não autorizou”? De que forma você enxerga isso?
É real essa parada? Nem Twitter eu tinha, não estou ligada nesse corre. Eu estudei tanto para virar meme (risos)! Mas é isso, meu primeiro cancelamento. Vou levar para o meu Currículo Lattes e está tudo certo. Vou elaborar o que é ser cancelada na internet, o que é virar meme. Vou levar para a minha análise, vou beber cerveja dando risada com as minhas amigas. Por que, gente, o que eu vou fazer? Fui cancelada.
Além disso, algumas palavras que você usava com frequência entraram na linguagem do público. Como você observa esse fenômeno?
Eu estou muito chocada (risos)! Eu sou uma mistura: cresci na periferia de Salvador, aí fui fazer um corre acadêmico. E sou DJ de pagode, então pesquiso muito a subjetividade pagodeira baiana – é gíria atrás de gíria. Eu sou apaixonada pela minha terra, pela maneira com que a gente lida com questões sérias na Bahia. É uma forma leve, gastona. Eu gosto do “sincerão” e o meu mistura academia, o corre do Lattes. Eu gosto dessa performance acadêmica e lá era o que tinha para “tocar”. Um monte de influencers e eu pensei: “Gente, que mundo é esse? Milhões de seguidores, uau”. A única coisa que eu tinha para compartilhar eram minha pesquisa, meus termos, que eram muito naturais; eu falo assim. E a minha verdade: sou uma mulher baiana, migrante, do corre. Usei “fenótipo”, minha orientadora deve estar doida (risos).
Você e a Juliette tiveram alguns momentos de discordância no jogo, ao mesmo tempo em que tentaram selar as pazes algumas vezes. Como você avalia sua relação com ela?
Tivemos dois momentos. O primeiro foi de muita admiração lá no “conjugado”. Por ser uma mulher nordestina, eu me identifiquei primeiramente com essa questão do regionalismo, pela postura dela. Eu saí de lá pensando em colar nela. Mas teve um episódio que foi um divisor de águas na nossa jornada, que foi o do Raio-X. Ela ligou um modo de ter o confessionário todo para ela e eu me decepcionei muito. E com isso vinha a questão de perder as estalecas, que eram o que garantia os alimentos. Eu acho que eu fui muito rígida com ela porque envolvia 500 estalecas (risos). Depois disso, desandou, fomos vivendo outros B.O.’s.
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Já a sua proximidade com Gilberto foi se intensificando com o passar dos dias. O que te fez se aproximar mais do brother?
O Gil é o Gil. Eu agradeci muito ao programa por ter colocado o Gil na casa. Eu criei uma admiração por ele porque foi a primeira pessoa que me alertou, falou: “Lumena, você está se anulando em prol do outro.” Em uma das primeiras brigas com o Lucas, ele me viu trazendo a narrativa de que “eu prefiro que você ganhe”. Como é que eu estava lá para competir por um prêmio e verbalizo que queria que outro participante ganhasse? Ele me trouxe esse briefing e me fez perceber que eu estava me afastando do meu foco, em função das minhas tretas com o Lucas. Foi quando eu de fato liguei um outro modo: o de muita defesa. Aí veio o dedo na cara. Mas, também naquele momento, eu entendi que o Gil era uma interlocução muito importante para mim. Ele é um pesquisador do BBB, tinha informações de estratégia de jogo, estudava as edições. Eram informações que eu não tinha. Aí eu falei: “Poxa, Gil, vou colar em você”. Ele me levava para o jogo e me dava um sentimento do que de fato era jogar no BBB, ter estratégia, fazer alianças e tudo mais. Eu fico até feliz de não ter saído antes graças ao Gil. De tanto B.O. que eu comprei lá dentro, estou até no lucro por ter saído na quinta semana. Afetiva, emocionalmente e a nível de informação ele me acolheu no jogo.
Você disse na casa que suas atitudes apontadas como “agressivas” foram reativas. Acha que seria diferente fora do BBB?
Seria diferente. Eu liguei um modo muito profundo lá dentro, que era totalmente contrário ao meu propósito no BBB. Eu já lido com essas questões de maneira profunda em agendas muito específicas aqui fora. É uma coisa que eu criei na minha rotina: só vou falar disso em momentos que eu me organizar para falar disso. Envolve projetos, agenda da militância. Minha vida não se resume a militância. Se eu tenho uma reunião com tal pessoa, eu vou falar sobre essas questões e tudo certo. Início, meio e fim. No resto do tempo, eu vou me divertir, curtir. E lá parece que eu liguei um outro modo. Eu tenho o sentimento de que gostaria de ter feito de outras formas, mas com o que chegou para mim, com a minha história de vida, não consegui fazer outro cálculo. Foram basicamente reações. E lá dentro só quem vive aquelas contingências sabe.
Acredita ter construído amizades verdadeiras no BBB? Torce por essas pessoas?
A Karol com certeza fica para além do jogo. Ela é minha E.T. Ela foi para o mundo paralelo dela e eu fui acolhendo (risos). Eu não conseguiria ser diferente vendo ela naquele processo de sofrimento. O único ombro que ela tinha naquele momento era o meu. Então, se era eu, vamos comprar esse B.O. Torço muito pelo Gil, pelo Fiuk, pelo João, que foi uma pessoa que me aproximei mais na última semana. Torço também pela Sarah, a quem eu me aproximei nos últimos dias. O jogo muda o tempo todo. A saída da Karol mudou minha chave para perceber coisas que eu não tinha percebido antes.
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Qual o maior aprendizado que leva dessa experiência?
Eu quero estudar melhor sobre o impacto da internet nas nossas vidas. O comportamento de internautas, a comunicação nesse mundo. Lá na casa, pela primeira vez, eu pude entender o processo de sofrimento de influencers. Eu sou pesquisadora, gosto de entender tudo sobre comportamento. Até então, eu pesquiso muito questões de raça, gênero e território. E saí de lá com muita vontade de pesquisar e contribuir de algum modo com o que é esse comportamento na internet. É minha primeira experiência de cancelamento. Eu pesquiso o que eu vivo na minha história. Se essa pauta chegou para mim como experiência do que eu vivi lá dentro, agora o doutorado vai ser sobre isso. Eu gosto de estudar, de entregar informações para as áreas com as quais eu me comprometo.
Quem vai ganhar o BBB21?
Gil.
Quais são seus planos daqui para frente?
Eu tenho muita sorte de ter pessoas que me amam muito e me entendem do jeitinho que eu sou. E a minha companheira, Fernanda, é uma delas. Eu quero ter filho. Minha prioridade agora também é viajar, mergulhar numa cachoeira, comer um acarajé, voltar minha cabeça para a minha religião, que é o que cuida da minha mente. Me reconectar, voltar para a minha leveza, cuidar da minha espiritualidade. Quero me fortalecer. Ouvir as músicas que minha mulher já fez para mim. E vou me dar prazeres porque isso alimenta minha alma. Vou voltar para o meu eixo de sanidade, organização e ludicidade. Vou tentar estudar um pouco esse mecanismo das redes sociais e ver o que posso oferecer para essas pessoas que estão me seguindo também.