Longe da TV, estrela do Sítio perdeu os movimentos antes de partir

Sítio do Picapau Amarelo

Intérprete da Emília mais famosa da clássica versão do Sitio do Picapau Amarelo na década de 1970 e uma das inesquecíveis irmãs Cajazeiras de O Bem-Amado, Dirce Migliaccio nasceu em São Paulo (SP) em 30 de setembro de 1933.

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Irmã do saudoso ator Flávio Migliaccio, a atriz se formou no Teatro de Arena em São Paulo. Sua estreia foi nos palcos em 1958; quatro anos depois, foi a vez de iniciar a trajetória no cinema.

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Já na televisão, começou na novela Nino, o Italianinho, em 1969, na Tupi. Ainda nesta emissora, atuou em Toninho on the Rocks (1970), A Fábrica e A Selvagem, ambas em 1971.

Em 1973, a atriz foi contratada pela Globo, onde estreou na novela O Bem-Amado. No folhetim, viveu Judicéia Cajazeira, umas das irmãs Cajazeiras que, ao lado de Dorotéia (Ida Gomes) e Dulcinéia (Dorinha Duval), defendiam com unhas e dentes o prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo), com quem mantinham relações amorosas. Os personagens fizeram tanto sucesso que retornaram no seriado O Bem-Amado, nos anos 1980.

Depois, Dirce fez o papel-título de Pluft, o Fantasminha, adaptação da peça homônima de Maria Clara Machado exibida como novela infantil em 1975.

Destaque no Sítio do Picapau Amarelo

Dirce Migliaccio como Emília (Reprodução / Web)

Em 1977, veio outro momento marcante na carreira da artista. Ela viveu a boneca de pano Emília no Sítio do Picapau Amarelo. Na adaptação da obra de Monteiro Lobato, Emília ganha vida e participa de inúmeras aventuras no mundo de fantasias criados por Narizinho (Rosana Garcia).

Mas engana-se quem pensa que era fácil a vida da artista durante as gravações.

“O único problema era a quantidade de textos que eu tinha para decorar. Acordava muito cedo e trabalhava o dia todo, pois naquela época não havia a lei que protegesse o artista. Por isso, desisti da série. Mas agradeço a Deus por ter feito a Emília, que era um personagem muito rico e completo”, relembrou ao jornal O Globo em 20 de julho de 1996.

Dirce interpretou a personagem durante um ano e foi substituída no ano seguinte por Reny de Oliveira.

Em 1979, viveu a velhinha Angelina na novela Marron Glacé, de Cassiano Gabus Mendes. Depois da série O Bem-Amado, Dirce esteve presente em A Gata Comeu, onde interpretou Conceição, que vivia sempre sendo enganada pelo marido Oscar (Luiz Carlos Arutin), um tremendo vagabundo.

Volta às novelas

A Gata Comeu (Reprodução / Web)

Após uma temporada de 10 anos nos Estados Unidos, Dirce retornou ao vídeo somente na novela Quem é Você?, de Solange Castro Neves e Lauro César Muniz, em 1996. Na época, ela e seu irmão foram demitidos juntos da trama, após modificações no texto realizadas por Lauro César Muniz, que assumiu a condução do folhetim.

“Se eu não tivesse aprendido a usar a força do pensamento, hoje estaria aos prantos, arrancando os cabelos. Eles estão confusos, coitados! Mas eu não, estou muito bem”, garantiu a atriz ao jornal O Globo.

“Não quero fazer novela, é muita correria. A última que tinha feito foi A Gata Comeu, também com direção do Herval Rossano. Depois dela, peguei minha malinha e fui viajar. Acho que o Herval também está precisando de um descanso”, aconselhou.

Ela cumpriu a promessa, voltando a participar somente de Da Cor do Pecado, em 2004. Depois de muitas séries e humorísticos na Globo, sua última aparição na televisão foi em Casos e Acasos, em 2008.

Últimos meses de vida

Flavio Migliaccio e Dirce Migliaccio (Reprodução / Web)

No início de setembro de 2008, Dirce sofreu um AVC (acidente vascular cerebral), que a fez perder os movimentos das pernas e dos braços. Como ela vivia sozinha em sua residência na capital paulista, acabou sendo levada ao Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro.

Flávio Migliaccio sempre visitava a irmã, pagava sua medicação e uma acompanhante para os seus cuidados. Ao ser perguntada pelo jornal Extra, em 11 de dezembro de 2008, sobre sua estadia no local, a atriz se limitou a responder: “Só tenho rezado”.

Dirce Migliaccio (Reprodução / Web)

Dirce Migliaccio morreu em 22 de setembro de 2009, aos 75 anos, vítima de doença arterial coronariana, hipertensão e infecção urinária.

Seu corpo foi sepultado no cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio de Janeiro.

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