Ao longo da história do telejornalismo, muitos jornalistas marcaram época. Eliakim Araújo foi um desses apresentadores que deixaram a sua marca. Estrela de diversos programas do gênero, ele nos deixou apenas um mês após descobrir um câncer em estágio avançado.

Eliakim Araújo e Leila Cordeiro

Natural de Guaxupé (MG), Eliakim começou sua carreira aos 20 anos, como redator da Rádio Continental do Rio. Foi nesse trabalho que ele fez sua primeira transmissão histórica – a renúncia do então presidente Jânio Quadros, em 1961.

Durante quase vinte anos, ele foi uma das principais vozes da Rádio Jornal do Brasil, e, em 1983, foi contratado pela Globo para comandar o Jornal da Globo ao lado de Leilane Neubarth e, mais tarde, Leila Cordeiro, que acabou se tornando sua esposa.

Durante esse período, ele apresentou esporadicamente o Jornal Nacional e o Globo Repórter. Ainda participou de coberturas históricas, como Diretas Já (1984) e a eleição e a morte de Tancredo Neves (1985).

Passagens pela Manchete e pelo SBT

Eliakim Araújo e Leial Cordeiro

Em 1989, o casal 20 decidiu deixar a emissora global e ir para a Rede Manchete. Com a reformulação do jornalismo da emissora, eles viram que não teriam muito espaço. Foram contratados a peso de ouro pelo canal de Adolpho Bloch, se tornando apresentadores do Jornal da Manchete.

“Foi um dia histórico para nós. No mesmo dia que assinamos a rescisão com a Globo, assinamos com a Manchete. Fomos direto para a festa da novela Kananga do Japão. De repente, alguém subiu no palco e anunciou a nossa chegada como contratados da emissora. Surpresa geral, inclusive da imprensa que estava presente na festa”, declarou o jornalista em depoimento ao livro Aconteceu, Virou História, de Elmo Francfort.

O casal permaneceu na Manchete durante três anos. No entanto, a forte crise que atingiu a emissora levou o casal a aceitar o convite de Silvio Santos para ocupar, sempre juntos, a bancada do Jornal do SBT.

Um fato pitoresco marcou a passagem do casal pela emissora paulista. No início do telejornal, que havia sido gravado previamente, Leila parou de falar e olhou para o lado: “Peraí, Eliakim, não dá! Você fica aí reclamando do lado!”.

Na mesma hora, o jornal saiu do ar e voltou ao ar 20 segundos depois. O fato logo ganhou as páginas dos jornais e eles foram até o Jô Soares Onze e Meia para repercutir o fato.

“Não foi uma briga de marido e mulher. Gravamos o jornal entre 0h30 e 0h55. Enquanto eu lia a notícia econômica, o Eliakim fez um comentário baixinho sobre minha entonação. Tive vontade de rir, protestei e pedi para regravarem aquela parte”, disse Leila ao jornal Folha de S. Paulo.

Na verdade, foram os técnicos do SBT que erraram e colocaram no ar a parte que não deveria ter entrado. O casal assistia ao jornal na sala do chefe da redação e ficou aflito.

Mudança para os Estados Unidos

CBS Telenotícias

Em 1997, eles se mudou para os Estados Unidos e se tornaram apresentadores do CBS Telenotícias, primeiro canal internacional de notícias em português. Mesmo assim, o público brasileiro ainda acompanhava Leila e Eliakim, pois o SBT firmou parceria com a emissora. Eles continuaram apresentando, por algum tempo, o Jornal do SBT – CBS Telenotícias.

Foram três anos de projeto, e mesmo com o fim do canal, eles continuaram vivendo em Fort Lauderdale, na Flórida. Tiveram um site de notícias, apresentaram alguns programas locais e Eliakim ainda voltou ao vídeo no programa Câmera Record News, diretamente dos EUA.

Despedida

Eliakim Araújo

Em 2016, no entanto, Eliakim foi diagnosticado com câncer no pâncreas em estágio avançado. Ele foi internado para tratamento num hospital local, chegou a se submeter a quimioterapia, mas não resistiu.

Dessa forma, apenas um mês depois da descoberta da doença, Eliakim Araújo morreu, em 17 de julho daquele ano, aos 75 anos.

“Não faremos velório de corpo presente. Ele detestaria isso. Me dizia que não queria que as pessoas o vissem tão debilitado. Por isso, a cerimônia em homenagem a ele será na beira da praia de Fort Lauderdale”, postou Leila no Facebook.

O corpo de Eliakim foi cremado e as cinzas foram jogadas no mar.

“Foram os piores 45 dias da minha vida”, relatou a jornalista. “Por isso, nos demos as mãos, nossos filhos Alexandre, Frederico, Ana, Lucas e eu, e cada um se despediu dele à sua maneira”, concluiu, sobre o momento da despedida.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor