Duh Secco

O Canal Viva vem nos presenteando com boas novelas. Várias delas, “esquecidas” no baú da Globo. Na próxima segunda-feira (19), o canal resgata O Sexo dos Anjos (1989), às 14h40. Será a primeira reprise da trama de Ivani Ribeiro.

Já que o Viva está disposto a tirar a poeira dos arquivos, listo abaixo 10 folhetins que podem turbinar os índices de audiência.

Direito de Amar (1987)

Direito de Amar - Gloria Pires
Divulgação / Globo

Rio de Janeiro, início do século XX. Na noite de Ano Novo, Rosália (Gloria Pires) e Adriano (Lauro Corona) se apaixonam. O que eles nem imaginam é que o destino da moça já está traçado: em troca do perdão de uma dívida, Augusto (Edney Giovenazzi), pai de Rosália, a vendeu para o temido Senhor de Montserrat (Carlos Vereza), pai de Adriano.

Desiludido, o rapaz se engaja em campanhas sociais ao lado do médico Ramos (Carlos Zara), ao mesmo tempo em que se deixa enredar por Paula (Cissa Guimarães), prima de Rosália. Ainda, a louca do sobrado, Joana (Ítala Nandi), mulher de origem misteriosa, mantida por Montserrat no sótão de sua casa. No decorrer da trama, descobre-se que ela é esposa do vilão, o que o torna bígamo.

Direito de Amar, baseada na obra de Janete Clair, veio após uma interrupção de três meses nas atividades do horário das seis. O público recebeu a produção inédita com grande entusiasmo, garantindo os bons índices da novela; até hoje lembrada como uma das mais belas produções de época da faixa.

O grande chamariz para uma eventual reprise – a primeira e única foi em 1993 – seria sem dúvida o casal Glória Pires e Lauro Corona. A dupla ostentava uma química invejável! Também o execrável vilão interpretado por Carlos Vereza, um ator comumente visto em papéis mais dóceis.

Jogo da Vida (1981)

Jogo da Vida - Gianfrancesco Guarnieri e Glória Menezes
Divulgação / Globo

Depois de anos de união, Jordana (Glória Menezes) se vê abandonada por Silas (Paulo Goulart), envolvido pela garotinha Carla (Maitê Proença). Jordana decide então usar a cara e a coragem para conseguir emprego e sustentar a filha, Lívia (Débora Bloch).

Após meses de devoção a dona Mena (Norma Geraldy), velhinha da qual se tornou cuidadora, a heroína se vê com uma fortuna nas mãos, deixadas pela senhorinha no interior de quatro estátuas de cupido. As peças passam de mão em mão – para desespero dos vilões Loreta (Rosamaria Murtinho) e Carlito (Raul Cortez), sobrinhos de Mena que nunca conseguem tomar posse dos objetos. Em seu caminho, Jordana conta com a ajuda de Seu Vieira (Gianfrancesco Guarnieri), o vizinho apaixonado.

Partindo de um argumento de Janete Clair, Silvio de Abreu – com a conivência dos diretores Guel Arraes e Jorge Fernando – implantou o estilo que nortearia as produções das sete na década de 1980: a comédia desvairada, que vai da graça contida ao pastelão.

Pesa a favor de Jogo da Vida o fato de, supostamente, já estar à disposição do Viva: a novela chegou a ser anunciada como uma das possíveis estreias de 2018; seu horário, contudo, foi ocupado pela também cômica Bebê a Bordo (1988). A última reapresentação da obra foi em 1985.

Final Feliz (1982)

Final Feliz - José Wilker e Natália do Vale
Divulgação / Globo

César (Roberto Maya) simula a própria morte, deixando a esposa, Maria Luiza (Lilian Lemmertz), as filhas Débora (Natália do Vale) e Suzy (Lídia Brondi) e o sócio Alaor (Milton Moraes) na miséria. Débora é uma moça voluntariosa, que planeja tomar Leandro (Adriano Reys) de sua noiva, Mirtô (Priscila Camargo), irmã de Rodrigo (José Wilker), que vem a se apaixonar pela prima Débora.

Já Suzy se interessa por Paulo (Buza Ferraz), funcionário de um jardim zoológico que acredita estar à beira da morte. Paulo é filho de Marina (Mirian Pires) e irmão de Rafael (Irving São Paulo), um rapaz com necessidades especiais que desenvolve uma tenra amizade com Mestre Antônio (Stenio Garcia), um pescador do litoral cearense em busca da filha desaparecida.

Única novela inédita de Ivani Ribeiro – de sucessos como Mulheres de Areia (1993) e A Viagem (1994) – na Globo, Final Feliz garantiu a audiência ao tratar com bom humor situações divertidas, como os mistérios de Dona Sinhá (Elza Gomes), velhinha que vendia, literalmente, gato por lebre; explorar dramas familiares, como o das mães Maria Luiza e Marina; e investir no jogo de gato e rato dos protagonistas, Débora e Rodrigo.

O desacerto do casal dava o tom da abertura, em que famosos pares românticos do cinema trocavam tapas e beijos. Final Feliz não dá o ar da graça nas telas de TV desde 1984.

Louco Amor (1983)

Louco Amor - Gloria Pires
Divulgação / Globo

A embaixatriz Renata Dumont (Tereza Rachel) trama para afastar a enteada Patrícia (Bruna Lombardi) de Luís Carlos (Fábio Jr), filho da empregada Isolda (Nicette Bruno). Anos depois, o casal se reencontra. Nesse momento, Patrícia se mostra uma mulher volúvel, que “empurra” Luís Carlos para Cláudia (Gloria Pires), sua colega na faculdade de comunicação.

Enquanto isso, Renata aproxima Patrícia de Márcio (Carlos Alberto Riccelli). Qual não é a surpresa de todos os personagens quando o passado paupérrimo da madame vem à tona, bem como a troca de bebês – Márcio e Luís Carlos – na maternidade… Ainda, a paixão de Lipe (Lauro Corona) e Carla (Beth Goulart) e de Edgar (José Lewgoy) e Gisela (Lady Francisco).

Gilberto Braga considera Louco Amor, nunca reprisada, o seu pior trabalho. Mas o pior de Giba ainda será melhor do que muita coisa de outros tantos autores…

Louco Amor caprichou no empoderamento feminino: de Cláudia e sua família de mulheres até Muriel (Tônia Carrero), desafeto de Renata, que seduz um homem mais jovem, Guilherme (Reginaldo Faria); ou Lúcia (Christiane Torloni), que rompe com o machismo – e a boa situação financeira – de Fernando (Carlos Eduardo Dolabella) para curtir a vida ao lado de Jorge Augusto (Antonio Fagundes).

Livre Para Voar (1984)

Livre para Voar - Carla Camurati, Thaís de Campos e Tony Ramos
Divulgação / Globo

O casal Pardal (Tony Ramos) e Bebel (Carla Camurati) nasce de uma farsa: ele oculta o passado de arquiteto renomado, acusado de um crime que não cometeu, vivendo humildemente em um vagão de trem, ao lado do maquinista Pedrão (Elias Gleizer) e do menor abandonado Gibi (Fernando Almeida); ela regressa de Portugal e se emprega na firma do pai, recém-falecido, sob a falsa identidade de Cristina, a moça do cafezinho.

Quando tais verdades vêm à tona, Pardal e Bebel se separam – também por conta das armações dos vilões Danilo (Carlos Augusto Strazzer) e Helena (Dora Pelegrino), interessados em tomar a fábrica de cristais da moça. Mas o destino se encarrega de manter o casalzinho unido, das mais diferentes formas…

Livre Para Voar explorou as bucólicas paisagens de Poços de Caldas, Minas Gerais, onde a produção gravou boa parte das tomadas externas. Também fez bom uso de um elenco de estrelas como Laura Cardoso (Carolina) e Nívea Maria (Bia), além de estreantes do quilate de Cássia Kis – Verona, uma moça iludida com a promessa de um casamento que não se realizou, ludibriada pelo ardiloso Danilo.

O folhetim figurava em primeiro lugar, numa lista divulgada pelo Viva em 2015, com as 10 novelas mais desejadas pelo público do canal. O primeiro e único repeteco se deu em 1986.

Corpo a Corpo (1984)

Corpo a Corpo - Antonio Fagundes e Débora Duarte
Nelson Di Rago / Globo

O desejo de ascensão profissional de Eloá (Débora Duarte) transforma-se em realidade quando ela estabelece um pacto com o misterioso Raul (Flávio Galvão). Seria o sujeito em questão o próprio Diabo? O suspense compreende também a proximidade de Tereza (Glória Menezes) com a família Fraga Dantas.

A enfermeira se casa com o chefe do clã, Alfredo (Hugo Carvana), empresário que despreza Sônia (Zezé Motta), namorada de seu filho Cláudio (Marcos Paulo), pelo simples fato dela ser negra. O emaranhado de situações inclui ainda a alpinista social Lúcia Gouveia (Joana Fomm), também interessada em Alfredo, sempre às voltas com o passado que a une ao pobretão Amauri (Stenio Garcia).

Diferente de Louco Amor, Corpo a Corpo – que também não foi reapresentada pela Globo – constava entre os trabalhos preferidos de Gilberto Braga. Além do roteiro que mesclava os gêneros policial e sobrenatural, através da figura de Raul, a narrativa possibilitou discussões em torno do racismo sofrido por Sônia e do machismo, que afastava Eloá do esposo Osmar (Antonio Fagundes) conforme ela ganha posições no trabalho.

Nomes como Andréa Beltrão e Lilia Cabral estrearam nesta produção, exibida originalmente às oito.

Ti-ti-ti (1985)

Ti-ti-ti - Luis Gustavo
Divulgação / Globo

A rivalidade entre Ariclenes (Luis Gustavo) e André (Reginaldo Faria) passa da infância à vida adulta. Ao descobrir que o rival está em alta no mundo da moda, usando do codinome Jacques Leclair, Ari decide enfrentá-lo, atuando como o costureiro Victor Valentim.

O auxílio para tal vem de Cecília (Nathalia Timberg), a Tia, uma senhora esclerosada que confecciona vestidos para bonecas. Luti (Cássio Gabus Mendes) também se envolve no esquema do pai, passando os vestidos da Tia para os croquis.

Tudo vai bem até que Luti, herdeiro de “Victor Valentim”, se apaixona por Val (Malu Mader), a filha de “Jacques Leclair”. Os surtos de Cecília também atrapalham a farsa, especialmente quando ela se lembra que deu à luz a um menino, André.

O Canal Viva chegou a anunciar Ti-ti-ti em 2020, mas, de última hora, trocou a reapresentação por Brega & Chique (1987), também assinada por Cassiano Gabus Mendes. A Globo dispõe apenas da versão internacional da novela, o que pode ter afetado a exibição na TV Paga.

Contudo, ainda que o arquivo não disponha de vinhetas ou “cenas do próximo capítulo”, o resgate é válido. Luis Gustavo foi o grande destaque da obra, tanto que foi reverenciado na segunda versão, produzida pela Globo em 2010, revivendo Mário Fofoca, de Elas por Elas (1982), e Victor Valentim. A produção foi reprisada, com grande sucesso, em 1988.

Hipertensão (1986)

Hipertensão - Ary Fontoura, Cláudio Corrêa e Castro e Paulo Gracindo
Divulgação / Globo

A chegada da companhia de teatro mambembe de Sandro Galhardi (Cláudio Cavalcanti) à bucólica Rio Belo agita a rotina dos moradores. Donana (Geórgia Gomide), todo-poderosa da região, protesta contra a estadia dos artistas, principalmente após um acontecimento que coloca ela e o filho Rai (Taumaturgo Ferreira) no centro de um grande escândalo: o assassinato de Luzia (Cláudia Abreu), a namoradinha humilde do rapaz.

Enquanto isso, a estrela maior da companhia, Carina (Maria Zilda Bethlem), busca descobrir a identidade do pai. Candinho (Paulo Gracindo), Napoleão (Cláudio Corrêa e Castro) e Romeu (Ary Fontoura), três velhinhos que foram casados com trigêmeas, disputam a filha.

Remake de Nossa Filha Gabriela (1971, Tupi), Hipertensão aguarda por uma nova chance no vídeo desde o término da exibição original. Embora com características comuns às novelas das seis, a trama de Ivani Ribeiro foi exibida no horário das sete, que primava pelo humor.

Entre as personagens mais divertidas do enredo estão Gioconda (Eloísa Mafalda), a tresloucada irmã de Donana; Antonieta (Lilia Cabral), professora de dia e dançarina de gafieira à noite; e Fifi (Fafy Siqueira), que virou sinônimo de fofoqueira.

Vida Nova (1988)

Vida Nova - Deborah Evelyn e Lauro Corona
Bazilio Calazans / Globo

O convívio de imigrantes em um cortiço no Bixiga, bairro de São Paulo, após o fim da Segunda Guerra Mundial é abalado por muitas histórias de amor e ódio. Lalá (Yoná Magalhães), uma ex-prostituta cortejada por Antônio Sapateiro (Carlos Zara), enfrenta a hostilidade da filha Marialina (Gabriela de Oliveira).

Após o casamento com Pietro (Osmar Prado), Gema (Nívea Maria) é surpreendida pelo retorno do marido que julgava morto, Sebastião (Roberto Bonfim). O português Manoel Victor (Lauro Corona) enfrenta a resistência do sogro, Samuel (José Lewgoy), que deseja um marido judeu para a única herdeira, Ruth (Deborah Evelyn). Ainda, a força de Bianca (Patricia Pillar), que ajuda o marido Bruno (Giuseppe Oristânio) a prosperar com sua cantina.

Vida Nova foi concebida como uma “extensão” de Os Imigrantes (1981), escrita por Benedito Ruy Barbosa para a Band. O folhetim não contava com um fio central, atribuindo o mesmo peso às muitas tramas paralelas.

Nisso, o destaque ficou por conta de Lauro Corona, que, em sua luta contra a Aids, deixou a produção antes do último capítulo. Laurinho faleceu em julho de 1989, dois meses após a conclusão da trama, que nunca foi reexibida.

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Perigosas Peruas (1992)

Perigosas Peruas - Vera Fischer
Divulgação / Globo

Cidinha (Vera Fischer) e Leda (Sílvia Pfeifer) nasceram na mesma hora e na mesma maternidade. As duas cresceram juntos até que, na faculdade, a paixão das duas por Belo (Mário Gomes) acabou por afastá-las. Cidinha se casou com o rapaz e passou a se dedicar à família e ao lar. Leda seguiu carreira como jornalista no exterior.

As duas, porém, estão insatisfeitas com a situação. O reencontro com Leda balança Belo e traz à tona um segredo do passado: ele trocou a filha dela, Tuca (Natália Lage), pelo bebê natimorto de Cidinha. Além disso, as duas ex-amigas descobrem as delícias e as dores da “troca de papel”: Leda como dona de casa, Cidinha batalhando como jornalista. Belo, por sua vez, batalha para se livrar da polícia e dos mafiosos para quem trabalhava.

Comédia de Carlos Lombardi de relativo sucesso às sete, Perigosas Peruas foi considerada para o Vale a Pena ver de Novo no início dos anos 2000. A reprise, porém, não veio. A narrativa vai de encontro à faixa do Canal Viva que compreende títulos com núcleos infanto-juvenis, às 13h – Corpo Dourado (1998) ocupa tal horário.

O resgate vale, especialmente, por Vera Fischer em um papel bem diferente dos que costumava receber: a mãe desprovida de vaidade, sempre às voltas com o fogão e a máquina de lavar.

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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.