A atual novela das seis, dirigida por Vinícius Coimbra, está em plena reta final e já foram muitas as críticas em cima do roteiro de Nos Tempos do Imperador.
De fato, a produção teve um desenvolvimento controverso e arrastado. Mas o folhetim de Alessandro Marson e Thereza Falcão passa longe de ser ruim e há qualidades, como a representação da figura de Teresa Cristina, a imperatriz do Brasil. A personagem virou a queridinha do público nas redes sociais e e destacou o talento da intérprete.
Letícia Sabatella foi uma escolha certeira para interpretar a esposa de Dom Pedro II (Selton Mello). A atriz adotou um tom ameno e conformista que coube bem ao papel.
Teresa Cristina de Bourbon nasceu como princesa no Reino de Duas Sicílias, sendo filha do rei Francisco I, pertencente ao ramo italiano da Casa de Bourbon e de sua esposa, a infanta Maria Isabel da Espanha.
Um sotaque carregado para a imperatriz implicaria em uma caricatura ou em um exagero desnecessário. A atriz foi inteligente em não forçar demais e adotou uma prosódia bem sutil, sublinhando apenas algumas breves expressões em italiano, presentes no texto.
Mãe dos Brasileiros
Embora não tenha uma participação relevante no contexto histórico da família imperial, Teresa sempre foi muito elogiada em livros sobre a história do Brasil por conta de sua postura e personalidade, além de seu interesse por arqueologia.
Conhecida como a Mãe dos Brasileiros, a personagem ganhou relevância com a novela. E o telespectador se encantou com o perfil logo no início, ao contrário de Pedro II, que vem despertando mais antipatia a cada capítulo.
Isso porque o casamento do imperador com a imperatriz nunca teve amor e foi um arranjo entre famílias. Algo natural na época. Ainda assim, é impossível não sentir pena de Teresa e ranço do seu marido. Até porque os autores a colocam como uma mulher apaixonada e não correspondida.
Semelhanças com Novo Mundo
A trajetória de Teresa Cristina em Nos Tempos do Imperador é muito parecida com a de Leopoldina (Letícia Colin) em Novo Mundo, dos mesmos autores, exibida em 2017.
O conjunto que a cerca no roteiro é quase idêntico. No entanto, o conjunto que envolve Pedro II é bem menos atrativo que o de Pedro I. O que infelizmente acaba afetando a novela.
Não é um folhetim que arrebata quem assiste. Pelo contrário, muitas situações são cansativas e não despertam atenção. A família real tem até perdido bastante destaque na reta final da trama, pois com o casamento das princesas todo o contexto se esvaziou. Mas nada afeta o desempenho de Letícia.
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Papel sob medida
A atriz é um dos pontos altos de Nos Tempos do Imperador e a história sempre ganha quando a personagem surge em cena.
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Aliás, vale elogiar as sequências que contaram com o talento vocal da atriz quando a imperatriz cantou para convidados ou simplesmente protagonizou um momento mais descontraído com as filhas.
A parceria de Letícia com Selton Mello funciona, assim como a dobradinha ao lado de Bel Kutner, intérprete de Celestina, a dama de companhia. Os vários embates recheados de finas ironias, protagonizadas por Teresa e Luísa nos meses iniciais, também destacaram a boa dupla formada por Sabatella e Mariana Ximenes.
O telespectador atualmente também tem o privilégio de ver o desempenho de Letícia na reprise de O Clone, no Vale a Pena Ver de Novo, onde viveu um de seus melhores momentos na carreira na pele da carismática Latiffa.
E na reexibição de Páginas da Vida, no canal Viva, onde interpretou a Irmã Lavínia. É sempre bom vê-la brilhando na televisão.
Nos Tempos do Imperador está perto de seu fim e, em meio a tantos problemas visíveis no roteiro, uma das qualidades da novela foi a presença de Letícia Sabatella na pele de Teresa Cristina.
Um papel sob medida para a atriz, que, em dezembro, recebeu a notícia da não renovação de seu contrato após mais de duas décadas. Uma despedida em grande estilo.
