Nilson Xavier

Precisou a chegada de uma personagem nova para a trama de Pantanal se movimentar. Érica, a jornalista vivida por Marcela Fetter, serve – ao menos – para fazer Zé Lucas afastar-se de Juma, um entrecho que era tão repetitivo quanto incômodo.

A novela vinha dando voltas em si mesma, mas, parece, agora volta com sequências emocionantes.

Pantanal

Bruno Luperi reservou o melhor para o centésimo capítulo, exibido nesta quinta-feira (21): o aguardado casamento de Juma e Jove. Aguardado e movimentado.

Teve de tudo: o suspense “cadê Juma?“, que decidiu fugir da cerimônia (mas foi convencida a voltar pelo Velho do Rio); a presença do Velho do Rio, mesmo que por meio do toque de seu berrante; comida, bebida, dança e cantoria (“Cavalo Preto“, claro, e outras); casal fugindo para transar; o acerto de contas entre Jove e Zé Lucas; e até briga (Alcides adora estragar uma festa).

Ode ao amor

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Apesar do casamento movimentado, o centésimo capítulo valeu mesmo pela sensibilidade do texto, pelos discursos do padre e do Velho do Rio, verdadeiras odes ao amor e à natureza. Ainda as interpretações dos atores, em especial de Osmar Prado e de Marcos Palmeira.

“Em poucos lugares, eu senti a presença de Deus tão intensamente como eu sinto nessa fazenda”, começou o padre, vivido pelo ator Cacá Amaral.

Na belíssima sequência, Juma se pergunta onde está o Velho do Rio, e ouve-se o seu berrante. Zé Leôncio reconhece o toque do berrante de seu pai Joventino. Foi a primeira vez que o velho se mostrou ao filho, ainda que simbolicamente.

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Enquanto são mostradas cenas de flashback envolvendo personagens em várias formas de amor, o Velho do Rio arremata:

“Eu vejo Deus nos bicho, vejo Deus nas pessoa. Vejo Deus nos pé descalço de uma noiva a cruzar o altar. Na pegada, há uma única certeza: o amor. Vejo Deus se manifestar, acima de todas as coisa, no amor. No amor a si, no amor ao próximo, à natureza. Por isso creio que Deus possa estar de fato no meio de todos nós. Ele não estará em tudo o que exista. Mas ele estará, seguramente, em tudo que exista o amor”.

Infinitas formas de amar

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Finalizando a bela cerimônia, o padre completa:

“Dizem que Deus é o perdão. Mas muitos esquecem que Deus também é o respeito, a tolerância. Pois, se existem infinitas formas de chegar até Deus, é porque existem infinitas formas de amar. E Deus é, em última instância, a soma de todas as formas de amor”.

Foi um capítulo emocionante, desses de lavar a alma, que fazem Pantanal valer a pena.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor