Uma das principais apresentadoras esportivas do Brasil na atualidade, Larissa Erthal é uma mulher verdadeira. Diz que fala o que sente e gosta de olho no olho durante uma entrevista.

Foi assim que o TV História a entrevistou na última terça-feira (14), na sede da Band, em São Paulo, numa de suas viagens entre Rio de Janeiro e São Paulo para comandar as transmissões da UEFA Champions League. No fim de semana, ela faz a mesma viagem, dessa vez para apresentar o Band Esporte Clube e fazer o Terceiro Tempo ao lado de Milton Neves.

Larissa foi revelada como apresentadora no Esporte Interativo, mas confessa que tudo surgiu do nada. Formada em cinema e jornalismo, é atriz formada, mas, segundo ela, “foi escolhida pelo esporte”.

Na Band desde 2013, onde chegou para apresentar a versão carioca do Jogo Aberto, Larissa confessa que sente muita falta do formato local carioca, mas admite que foi ele que o fez aparecer mais vezes na rede.

Ela também explicou as notícias recentes que davam conta sobre um possível interesse da Globo em seu trabalho: “apenas se apresentaram e disseram que gostam do meu trabalho”. Por fim, relata um sonho: o de “colocar um pezinho” no entretenimento, mas sem deixar o esporte.

“Tenho muita vontade de começar a fazer o entretenimento sem deixar o meu amado esporte. Não tenho vontade de abandonar o esporte de jeito nenhum. Mas eu tenho muita vontade de colocar um pezinho no entretenimento, conseguindo conciliar com o meu tempo no esporte”, afirma a jornalista.

Leia a entrevista na íntegra:

TV História – Hoje você é uma das principais estrelas do jornalismo esportivo da Band. Como vê o jornalismo esportivo que é feito na emissora? O que você gosta, o que não gosta?

Larissa Erthal – A Band, como o Luciano do Valle falava, e o Téo José ainda comenta, tem o DNA do esporte. E eu digo não só como funcionária, mas como alguém que viu esportes a vida toda na Band. É a cara da emissora. Fico muito orgulhosa, porque a emissora tem o tal DNA do esporte, ainda investe em esporte, que o público brasileiro ama. Por maiores que sejam as dificuldades, como crise política e financeira, conseguimos manter a paixão pelo esporte, aquela paixão de quem trabalha e faz o esporte o ano inteiro e vê a recompensa do outro lado, que é o público fiel da Band.

Hoje em dia, você vê esse retorno rapidamente nas redes sociais, imagino.

As redes sociais funcionam como um termômetro. A TV, pensando num sentido prático, é bem solitária. Ficamos ali no estúdio, com alguns profissionais, e o apresentador olhando para lente, uma câmera, que não tem olho, não tem brilho no olhar, não tem rosto. Conseguimos imaginar quantas pessoas nos assistem pelos números do Ibope, porém as redes sociais vieram para nos aproximar do público. As redes trazem algo parecido com que o rádio sempre teve, que é o contato com o ouvinte, coisa que a televisão nunca teve. Quando chamo uma matéria, já corro para o celular para ver o que o pessoal está comentando, se estão gostando ou não. Quando faço o Jogo Aberto, nas férias da Renata Fan, ganho muitos seguidores, pois é um programa diário, com mais visibilidade.

Você chegou aqui na Band para fazer um projeto que a Globo já faz há algum tempo, que é dividir a rede em duas: uma para falar mais de futebol carioca e outra para falar mais de futebol paulista. Na época, você falou bastante que estava extremamente feliz com esse projeto, que era o Jogo Aberto Rio. Quando terminou, você pareceu sentir bastante isso. Você realmente sentiu muito o fim do programa?

Muito, muito mesmo. Mas acho que tudo na vida tem consequências positivas e negativas. Com o fim do Jogo Aberto Rio, a rede acabou me usando mais. Eu já fazia o Terceiro Tempo quando o JA Rio terminou, mas agora faço Band Esporte Clube e Liga dos Campeões. Se eu estivesse fazendo o Jogo Aberto Rio, provavelmente não estaria nestes projetos, já que teria que estar de segunda a sexta no Rio. Talvez eu continuasse tocando o Terceiro Tempo nacionalmente. A visibilidade foi maior e, consequentemente, as aparições em rede nacional, mas fazer o Jogo Aberto Rio era um projeto muito legal para a Band, para o público carioca, para mim e também para o Djalminha e o Pedrinho, que são excelentes pessoas, foram excelentes jogadores e são ótimos comentaristas, além de grandes amigos. A conversa diária, que no Rio é quase olho no olho, faz falta.

Se você pudesse ter um projeto de volta, seria esse?

Sem dúvida. Com a ressalva de não deixar o que eu estou fazendo agora (risos). Amo o Band Esporte Clube, gosto demais de fazer a UEFA Champions League. Aquela música me arrepia toda quando toca. Adoraria voltar, mas sem deixar de fazer as coisas que faço aqui.

Toda semana você viaja bastante. Nos últimos dias, pelo que você divulgou nas redes sociais, parece que viajou ainda mais. Não é cansativo? Como é essa rotina?

As últimas semanas foram realmente complicadas. Antes do Carnaval, saí do Rio e vim para São Paulo fazer Liga dos Campeões. Depois, fui para Salvador fazer o Band Folia, passei cinco dias de férias na Praia do Forte, fui pra Recife fazer um evento e, por fim, fui para São Paulo para fazer novamente a Liga dos Campeões. Tive que fazer uma mala para três semanas! Uma não, duas! Mas, no final, deu certo, tudo desse Larissa Erthal Tour 2017 foi feito com muito amor (risos). Mas esse foi o auge, espero que dê uma acalmada. Normalmente, quando tem Champions, fico aqui de segunda a quarta, quinta e sexta fico em casa e no fim de semana volto para cá. Quando não tem, fico em casa durante a semana e venho para cá no final de semana.

Me lembro de você no Esporte Interativo, lá atrás.

Toda errada, né? (risos)

Não seja dura com você mesma (risos). Não gosta de se ver? Sempre vejo vídeos seus comentando no Melhor da Liga.

O Melhor da Liga é uma exceção, mas aprendi a gostar de mim, a ser um pouco menos crítica. A gente sempre se olha e pensa que poderia ter sido melhor. Eu, pelo menos, sou assim, sempre acho que poderia ter sido melhor, mas aprendi a ser complacente comigo mesmo, principalmente com as coisas do passado. Olho algumas coisas e digo ‘Bonitinho, vai? Para uma pessoa em início de carreira’. Claro que hoje em dia faria melhor, mas tem coisas bem legais. No geral, gosto do que fiz.

Também me lembro de você no Boletim de Ouro no Esporte Interativo. Naquela época, qual era a dificuldade que você tinha para fazer televisão?

Adorava esse programa e, naquela época, não tinha pretensão nenhuma de fazer esporte. Eu não era aquela criança que o pai levava todo fim de semana para o Maracanã, minha proximidade era com a dança, com o balé.

Você é atriz formada, certo?

Sou atriz e fiz dança e teatro minha vida inteira. Minha proximidade não era com o esporte ou com o futebol, por isso costumo falar que o esporte me escolheu, nossa energia se encontrou, não optei por isso. Fazia faculdade de cinema, já tinha feito jornalismo e precisava trabalhar. Uma amiga que trabalhava como câmera do EI disse que precisavam de gente para trabalhar e perguntou se eu queria ir. Mas não queria fazer jornalismo, queria ser atriz, fui atrás porque o trabalho me traria muitas possibilidades e conhecimentos. Mas, quando cheguei lá, a vaga disponível era de apresentadora comercial de uma emissora esportiva. Eu fazia um programa com a Fernanda Gentil em que ela trazia a informação e eu vinha com um produto, tentávamos unir a venda e o conteúdo. Mas todos os dias eu ouvia as informações e vivia o esporte. Quando me colocaram para fazer a parte de conteúdo, eu já estava familiarizada com os jogadores e as informações, então foi uma transição fácil. Não foi do dia para a noite e foi uma escola muito importante. Além disso, ganhei de presente o Boletim de Ouro, que é um programa pelo qual tenho um carinho muito grande até hoje, é como um filho, pois fui a primeira apresentadora.

Larissa, você é muito bonita. Beleza ajuda?

Claro, quem é louca em falar que não ajuda? Algumas pessoas dizem que ficam marcadas apenas pela beleza e não pelo conteúdo. Pode ter a desconfiança do início, porque tem muita gente de cabeça vazia que acha que não pode ter beleza e conteúdo ao mesmo tempo, que só dá para ser uma coisa ou outra. Estamos numa época de tanto empoderamento e afirmação da mulher, acho difícil a beleza atrapalhar. Por mais que a pessoa venha com esse preconceito, isso se desmonta em segundos. Não dá para dizer que beleza não ajuda. Se não ajudasse, por que a gente teria área de figurino, maquiagem, caracterização, cabelo? É justamente para ficar com a imagem agradável para o público em casa.

Você tirou umas fotos sensuais que o pessoal comentou muito. Teve convite para posar nua?

Já havia recebido convites antes desse ensaio da Playboy, mas só fiz esse porque confiava muito na equipe da revista e no fotógrafo, que é um grande amigo meu, de longa data, o André Nicolau. E eu não estava nua. Se você olhar as fotos, vai ver que não aparece nada. Estava com uma calcinha bege e eles apagaram depois no Photoshop. Eu quis fazer esse ensaio para dizer ‘olha, gente, fiz, beijo, tchau’. E que não fosse realmente aparecer nada, assim também acaba com essa história de que tem que fazer. Mas pra dizer a verdade hoje eu não faria, apesar de ter sido de muito bom gosto, das fotos terem ficado lindas, reparei que não sei lidar com a resposta do público em relação à sensualidade, porque realmente me chateio com os comentários.

Você tem vontade de voltar a ser atriz?

Às vezes, assisto alguns filmes, vejo amigas atuando e fico com vontade de ter aquele papel. O papel da Luma Costa em Sol Nascente, por exemplo, e o da Emma Stone em La La Land, que assisti recentemente. Assisti um vídeo no YouTube que era uma comparação numa tela, onde passavam as cenas musicadas do filme e as referências. Eu não sabia que tudo era referência! (risos) Agora não tenho nem tempo de voltar a ser atriz, é muito trabalhoso, demanda tempo. Mas amo novelas, sou viciada!

Qual você vê atualmente?

Senhora do Destino, que voltou, eu vi! A Lei do Amor, Rock Story, vejo todas!

Recentemente houve informações de que a Globo estaria interessada em você. O que de fato aconteceu?

Qualquer funcionário fica feliz quando seu trabalho é reconhecido, quando uma empresa da sua área gosta do seu trabalho. Acho que foi só isso que aconteceu, somente uma apresentação. Nem caiu a ficha ainda de que sou uma apresentadora nacional. Eles me falaram que gostam de mim, respeitam o meu trabalho, mas eles respeitam muito a Band e tenho um contrato aqui. E pretendo ficar aqui até o último dia do meu contrato. Se renovarem comigo, também ficarei até o último dia do novo contrato. Estou muito feliz aqui, com os projetos e toda a confiança que a Band deposita em mim.

O que você planeja para 2017 profissionalmente?

Eu gosto muito do esporte, de trabalhar com isso, mas gostaria de colocar um pezinho no entretenimento.

Você tem experiências aqui no entretenimento, certo?

Sim, no ano passado eu fiz o Pré Factor aqui e adorei. Eu não tenho vontade de abandonar o esporte. Temos a Copa das Confederações e espero estar neste projeto, assim como também pretendo estar na Liga dos Campeões, que acaba em junho, mas já recomeça em agosto. Porém tenho muita vontade de colocar um pezinho no entretenimento, sem deixar de fazer nada do que faço no esporte atualmente. Gostaria de conseguir conciliar meu tempo entre o esporte e o entretenimento. Eu não sei o que vem pela frente, tem muitas novidades, mas vou descobrir agora no lançamento da programação da Band. Não estou dizendo que fui chamada para nada, é só vontade mesmo. É como no jornalismo – e foi por isso que amei fazer Olimpíada, lá você está focado, é outra postura, outro jeito. No Pré Factor é outro cabelo, outra postura. Se eu fosse para o jornalismo geral seria a mesma coisa. E confesso: até tento ser fina algumas vezes, mas gosto mesmo é de dar gargalhada, falar besteira de vez em quando e depois voltar para o esporte (risos).

Para terminar: como você se define como pessoa, Larissa Erthal?

Que difícil… (risos) Sou muito sincera, verdadeira. Acho até que já cometi muitos deslizes em entrevistas, por não saber a postura correta ou o que falar. Falo o que tenho que falar do jeito que acho que devo.

E eu prefiro assim…

Também prefiro, não gosto de gente posuda. É como falei no Carnaval, no Band Folia: quando acaba o Carnaval, não tiramos as máscaras, colocamos, porque no Carnaval nós somos quem somos de verdade. Fora dele, colocamos as máscaras de pai de família, de gente responsável, de funcionário, de quem finge gostar de quem não gosta de verdade. Não tento ser assim, eu sou assim. Falo o que penso, sou muito verdadeira e trato todo mundo bem até que me irritem. Se me irritar, dificilmente dou outra chance. Não vou tratar mal, vou cumprimentar normalmente, mas não vou andar sempre. Eu sou romântica.

Romântica, jura?

Sim, sou super mulherzinha! (risos) Faço a unha, gosto de vestidinho de princesa, gosto de me maquiar, gosto de homem e gosto de esporte. E daí? (risos) E gosto de cozinhar! Muito! Odeio lavar pratos, mas gosto de lavar a roupa, fazer minha comidinha. E cozinho bem mesmo (risos). Enfim, acho que é isso: eu sou de verdade.


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