As Três Marias foi uma problemática novela das seis da Globo exibida entre 10 de novembro de 1980 e 16 de maio de 1981. Além dos contratempos, a trama de Wilson Rocha ficou marcada por um fato trágico: a perda de um jovem galã dias antes da estreia. E ele ainda teve uma premonição sobre o fato.

Osmar de Mattos
Osmar de Mattos (Reprodução / Web)

Osmar de Mattos nasceu em São Paulo em 4 de março de 1958. Era filho do radialista e ator Anfilófio de Mattos. Em 1975, foi descoberto por um produtor do Silvio Santos, enquanto estava num dos bailes do Esporte Clube Corinthians.

Ele foi convidado a participar do quadro Vestibular do Amor, que era uma das grandes atrações do programa. Carismático, bonito e simpático, foi convidado a retornar ao programa em outras oportunidades e decidiu seguir o caminho artístico.

Osmar fez curso de atuação com o ator Jaime Barcelos e, em 1977, fez uma pequena ponta na novela Cinderela 77, na Rede Tupi. No ano seguinte, outra oportunidade: uma participação em O Pulo do Gato.

Destaque em Dancin’ Days

Lídia Brondi
Lídia Brondi (Reprodução / Web)

Em 1978,  Osmar de Mattos viveu o boa pinta Ricardo, que tinha um affair com a personagem Verinha, interpretada pela atriz Lídia Brondi (foto acima), em Dancin’ Days. No mesmo ano, atuou em sua primeira e única participação no cinema no filme A Morte Transparente, dirigido por Carlos Hugo Christensen, que tinha no elenco a atriz Bibi Vogel e o apresentador Wagner Montes.

Em 1979, retornou para São Paulo, onde participou das novelas Cara a Cara e Pé de Vento, em 1980, na TV Bandeirantes.

Símbolo sexual

Osmar de Mattos
Osmar de Mattos (Reprodução / Web)

Atraente e atlético, Osmar sempre chamou a atenção por onde passava, mas o próprio ator desejava tirar esse rótulo, essa imagem de sex symbol que a mídia divulgava.

“Sabe o que acontece? De repente, o meu esforço para trabalhar bem não adianta muito, porque as pessoas começam a pensar que eu só quero me promover à custa de fotos sensuais, esse tipo de coisa. Já posei muito e agora chega”, declarou o galã na época.

Esforçado, o ator sempre batalhou para ter seu lugar ao sol. Ele trabalhou com confecção de roupas, em laboratório de análises clínicas e estava pensando em ser produtor artístico.

Gloria Pires, Maitê Proença e Nádia Lippi
Gloria Pires, Maitê Proença e Nádia Lippi

Ainda em 1980, retornou à Globo para uma participação na novela As Três Marias, na qual daria vida ao surfista Kleber. A trama, que estrearia em novembro daquele ano, seria para Osmar um momento decisivo em sua carreira.

As gravações estavam no início quando o diretor da obra, Herval Rossano, percebeu o esforço e o talento do jovem ator. Impressionado, ele chegou a conversar com autor da novela, Wilson Rocha, para que sua participação no folhetim, que seria de apenas 12 capítulos, fosse ampliada. Mas, infelizmente, isso não se concretizou.

Destino trágico

Osmar de Mattos
Osmar de Mattos (Reprodução / Web)

Na noite do dia 25 de outubro de 1980, Osmar estava a caminho de mais um dos eventos que costumava fazer além dos trabalhos na televisão. Ele iria apresentar um baile de debutantes em Pouso Alegre (MG).

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O ator seguia sozinho em seu Passat até que, durante uma parada na divisa de São Paulo e Minas, deu carona para um rapaz que estava indo para o mesmo destino.

Foi quando um caminhão cruzou o caminho de ambos no quilômetro 322 da rodovia Fernão Dias. O carro dirigido por Osmar tentou frear, mas acabou esbarrando na pilastra de uma ponte. O veículo capotou na pista e caiu lá embaixo, no rio.

Osmar de Mattos
Ator Osmar de Mattos (Reprodução / Web)

O carona, por sorte, ainda respirava, apesar de estar muito ferido. Já Osmar não teve a mesma sorte, pois quebrou o pescoço na queda e faleceu ali mesmo. No dia seguinte, seus pais e sua irmã Lígia receberam a terrível notícia. O corpo, que estava na cidade de São Gonçalo de Sapucaí, foi transferido para São Paulo, onde aconteceu seu velório e sepultamento.

O ator foi vestido com o smoking com o qual iria se apresentar no baile. Uma multidão compareceu para acompanhar o cortejo fúnebre.

Detalhe: alguns dias antes de sua trágica partida, Osmar teria comentado com a irmã que estava preparado para morrer. Foi como uma premonição do que viria acontecer com ele tempos depois.

“Ele não era nem um pouco apavorado com a ideia de morrer. Até dizia que, no dia em que isso acontecesse, olharia para todos nós, que estaríamos chorando sua morte, e daria boas gargalhadas, pois estaria num lugar bem melhor do que este”, disse Lígia.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor