Jornal copiado pelo SBT foi barrado na Globo por ser ultrapassado
12/09/2022 às 15h15
O SBT estreou nesta segunda (12) o Repórter SBT, um boletim que vai ao ar algumas vezes por dia. A inspiração de Silvio Santos parar criar o informativo, a começar pela trilha sonora, foi o Repórter Esso, que marcou época nos primeiros anos da televisão brasileira.
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Inclusive, em outro fato pouco conhecido, o Jornal Nacional quase não saiu do papel em 1969. O sonho de Roberto Marinho (1904-2003), proprietário da Globo, era transmitir o Repórter Esso, e o então diretor de jornalismo global, Armando Nogueira (1927-2010), achava uma loucura criar um noticiário que seria transmitido em rede nacional com a tecnologia e as equipes disponíveis naquela época.
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Criação da rede
Em sua autobiografia “O Campeão de Audiência”, Walter Clark (1936-1997, foto), que dava as cartas nos anos 1960 e 1970 ao lado de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, conta como o JN foi criado.
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A emissora, criada em 1965, queria transmitir em rede, o que ainda não era feito por nenhum canal na época.
“Nós precisávamos de uma atração diária, que entrasse ao vivo em vários estados, para estimular outras emissoras a se afiliar à Rede Globo. Com mais emissoras, podíamos oferecer aos nossos clientes a audiência de outras praças, cobrando mais caro por isso. E, obviamente, não havia nenhum programa de TV diário melhor para fazer essa integração que um telejornal”, destacou Clark na obra.
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Ele contou que Armando Nogueira foi quem mais resistiu ao novo produto.
“Acho loucura. As praças não têm o mesmo padrão técnico que nós temos, o equipamento é ruim, as equipes são fracas. As matérias não serão boas, isso vai desmoralizar o jornal”, foram as palavras do jornalista, segundo Clark.
De acordo com o executivo, Nogueira continuou resistindo por um tempo, mas acabou sendo vencido pelo fator comercial.
Repórter Esso
Antes disso, outra barreira havia sido vencida: Roberto Marinho. Segundo Clark, o dono do canal tinha como sonho transmitir o lendário Repórter Esso, telejornal patrocinado pela petrolífera Esso desde os primórdios da televisão brasileira.
“Quando cheguei à Globo, no final de 1965, Roberto Marinho negociava com Roberto Furtado, presidente da Esso, a transferência do Repórter Esso da Tupi para a Globo. Eles eram amigos e o Roberto tinha o sonho de transmitir o Repórter Esso, que era o telejornal mais prestigiado da época”, explicou o executivo.
“Mas eu fui contra. Naquela altura da televisão brasileira, o Repórter Esso já era ultrapassado. As filmadoras portáteis se desenvolviam rapidamente, mas ele não admitia repórteres no ar. Todas as notícias eram dadas apenas na voz do apresentador: Kalil Filho (1930-1970), em São Paulo, Gontijo Teodoro (1924-2003) no Rio. Era um atraso”, enfatizou.
“Por isso, insisti com o Roberto que deveríamos ter jornal próprio e garanti que ele ainda seria mais importante do que o Repórter Esso”, completou.
Vencidas as primeiras dificuldades, o Jornal Nacional estreou no dia 1º de setembro de 1969, com Cid Moreira e Hilton Gomes na apresentação. Era exibido de segunda a sábado, às 19h45, com 15 minutos de duração. Até hoje, é o telejornal mais importante e mais assistido da televisão brasileira.
Um fato curioso nessa história é que o próprio Repórter Esso foi prejudicado pela chegada do Jornal Nacional. Com o formato obsoleto, saiu do ar em 31 de dezembro de 1970.