Jô Soares faleceu há um mês, deixando muita saudade e um vácuo na cultura brasileira. O apresentador e humorista teve uma perda grande em 2014, da qual nunca se recuperou.
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Reservado, Jô nunca deixou que sua vida pessoal fosse pauta de revistas e matérias na televisão. Poucos sabiam que ele tinha um filho, Rafael Soares, fruto de seu casamento com a atriz Therezinha Millet Austregésilo.
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Rafael sofria de autismo de alto nível, e o apresentador sempre manteve seu filho longe dos holofotes. Muitas pessoas o acusaram de esconder o rapaz por conta disso, mas esse fato sempre foi negado de forma categórica pelo artista.
“Eu tenho um filho que é autista, tem uma série de problemas que em certos momentos até se agravam ou se agravaram, já é uma condição genética que ele tem e claro que é uma situação mais difícil de você se comunicar com o filho, que tem dificuldade de se comunicar com você e com todo mundo. O autista é isso, vive no mundo dele. Mas você não pode deixar que isso seja o foco principal da sua vida. É também um foco tão importante quanto tudo”, declarou o apresentador em 2013.
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Ouvido apurado e amante do rádio
Com um ouvido apurado, Rafael era apaixonado por música e tocava piano. A paixão dele era pelo rádio, fazendo de seu quarto uma verdadeira emissora, sendo muito pontual nos horários. A estação atingia apenas aqueles que o visitavam.
No dia 31 de outubro de 2014, Rafael morreu aos 50 anos, após lutar contra um câncer no cérebro. Emocionado, Jô não deixou de gravar o seu programa naquele dia, que dedicou ao seu filho.
“Na última sexta-feira, dia 31, eu sofri a dor que é o pesadelo de todo pai: a perda de um filho. Ele passou a vida inteira na realidade do seu próprio mundo, com corpo de adulto e coração e alma de criança” disse o apresentador, que contou com o carinho da plateia e dos convidados.
“O que derrubou o Jô foi a morte do filho dele”
Em entrevista ao podcast Ticaracaticast, Derico, que fazia parte do sexteto e criou vinhetas para a rádio de Rafael, afirmou que a morte do filho deixou Jô Soares extremamente abalado.
“O que derrubou o Jô foi a morte do filho dele. Ele foi gravar após enterrar o filho. Ele poderia ter ficado uma semana fora, mas ele foi trabalhar. Ele disse aquele texto lindo engolindo seco, falando para o mundo todo. Não é qualquer um que faz isso. Era uma emoção grande”, disse o músico.
No dia em que ele dedicou o programa a Rafael, Jô contou uma história que mostrou o quanto ele aprendeu com o filho:
“Um dia, na livraria, ele chegou junto ao caixa carregando uma dúzia de livros. Eu estranhei e disse ‘Perai, Rafa, é muito, doze não, escolhe seis”. Então ele falou que não queria nenhum. Pensei que era malcriação e perguntei por que ele não queria nenhum. ‘Eu prefiro não escolher, pois escolher é perder sempre'”.