Programa das manhãs de sábado da Globo, o É de Casa nunca disse a que veio de fato. No ar desde 2015, a atração sempre registrou audiência mediana e acumulou críticas negativas do público ao longo de todos estes anos.

Maria Beltrão comandando o É de Casa
Maria Beltrão comandando o É de Casa

Tentando reverter a imagem ruim da revista eletrônica, a Globo promoveu uma reforma geral no time de apresentadores da atração no ano passado. Porém, como a situação não melhorou, o canal promoverá uma nova reformulação. Mas por que será que o programa simplesmente não decola?

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Manhã de sábado

Primeiros apresentadores do É de Casa
Primeiros apresentadores do É de Casa

O É de Casa estreou sob o comando de Zeca Camargo, André Marques, Tiago Leifert, Cissa Guimarães, Patrícia Poeta e Ana Furtado. Tendo como cenário uma casa cenográfica, a atração nasceu com a proposta de ser um “programa sobre a casa”. Assim, dicas caseiras dividiam espaço com musicais, entrevistas e notícias.

Mas a proposta não foi bem-recebida pelo público. Tanto que, em seus primeiros anos, É de Casa chegou a penar com a concorrência com o Sábado Animado, do SBT, e o Esporte Fantástico, da Record. Nas redes sociais, a atração acumulava críticas.

O tempo passou, a concorrência perdeu força e, atualmente, o É de Casa não tem fortes concorrentes, o que lhe mantém numa liderança confortável. No entanto, a audiência está longe de ser um estouro, e as críticas permanecem. Nem mesmo as mudanças promovidas pela emissora no ano passado serviram para refrescar a situação.

 

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Mudanças

Patricia Poeta, Cissa Guimarães e Ana Furtado
Patricia Poeta, Cissa Guimarães e Ana Furtado

Ao longo dos anos, o É de Casa passou por mudanças pontuais em seu time de apresentadores. Tiago Leifert, Zeca Camargo e Cissa Guimarães saíram, enquanto Manoel Soares entrou em cena. Mas, em 2022, veio a reforma geral: todo o time foi substituído por um novo, formado por Maria Beltrão, Tiago Oliveira, Rita Batista e Thalita Morete.

Os novos apresentadores receberam elogios, sobretudo Maria Beltrão, que caiu nas graças do público. Mas, ainda assim, as críticas ao É de Casa permaneceram. Isso porque, mesmo com o novo time, o programa não soube se reinventar. A atração não tem novidades e parece sobreviver das mesmas bobagens de sempre.

Justamente por isso, a Globo acaba de promover uma nova transformação. Desta vez, o canal decidiu mexer na direção da atração. Frederico Naves, diretor geral do programa desde 2021, foi dispensado. Em seu lugar, entra Patrícia Cupello, que já fazia parte do time de diretores.

De acordo com o site F5, da Folha de S. Paulo, a mudança se deu porque a direção da emissora constatou que o É de Casa estava acomodado e desinteressante. A ideia seria transformá-lo num programa mais quente, com maior participação do jornalismo.

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Sucessão de erros

É de Casa com Laura Cardoso
É de Casa com Laura Cardoso (Reprodução / Globo)

Apesar da boa intenção, é difícil cravar que a mudança na direção fará o É de Casa sair de seu estado de letargia. Isso porque o programa está no ar há oito anos e nunca conseguiu fugir do lugar-comum. Pelo contrário: suas apostas equivocadas fizeram com que o público adquirisse certo “ranço” pelo programa.

Uma sucessão de erros explica esta rejeição. Um deles é justamente a concepção, já que ele foi criado para ser um “programa sobre a casa”. É difícil imaginar que o espectador, numa manhã de sábado preguiçosa, quer mesmo receber dicas sobre como limpar a garagem ou construir uma luminária.

Outro erro foi a apresentação. O É de Casa estreou comandado por apresentadores que estavam sem projeto próprio no canal. Além disso, havia um rodízio entre eles, o que deixava claro que não era necessário tanta gente. E mais: o fato de o time do É de Casa servir como substituto dos matinais diários colou em todos eles o selo de “reserva”. Isso deixou o programa sem identidade.

Tanto que a atração teve seu formato alterado ao longo dos anos – o “faça você mesmo” deu espaço a quadros variados -, mas, ainda assim, o espectador não assimilou tais mudanças porque o ranço já foi instaurado. Deste modo, o atual quarteto de apresentadores acaba pagando o pato por um erro de anos atrás. Com isso, é pouco provável que uma reformulação, por mais radical que seja, vá dar jeito no programa.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor