Já deu: com o fim do documentário de Xuxa, podemos mudar de assunto
13/08/2023 às 15h40
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Três dias após a exibição do último capítulo de O Astro (1977), grande sucesso do horário nobre da Globo, o escritor Carlos Drummond de Andrade escreveu em sua coluna no Jornal do Brasil: “Agora que O Astro acabou, vamos cuidar da vida, que o Brasil está lá fora esperando”.
A apresentadora Xuxa (reprodução/TV)Não seria exagero dizer o mesmo de Xuxa – O Documentário, que teve seu último episódio disponibilizado nesta quinta-feira (10), no Globoplay. Nas últimas cinco semanas, a Rainha dos Baixinhos monopolizou o noticiário televisivo com a repercussão da obra dirigida por Pedro Bial. Finalmente, vamos mudar de assunto.
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Em alta
Ao completar 60 anos, Xuxa Meneghel foi alvo de uma série de homenagens. Com isso, mesmo sem contrato fixo com nenhum canal desde sua saída da Record, em 2020, ela se tornou uma figura praticamente onipresente nas telas. A estrela não era tão ovacionada desde os tempos do Xou da Xuxa (1986-92), auge de seu sucesso.
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Homenagens merecidas, diga-se. Xuxa escreveu uma importante história da televisão brasileira e é um dos ícones do veículo. Mesmo que suas últimas atrações tenham sido fracassadas, nada apaga a trajetória cheia de louros que ela percorreu.
Neste contexto, Xuxa – O Documentário, encerrou a celebração com chave de ouro. A série em cinco episódios do Globoplay festejou a carreira da loira, lembrando de seus erros e acertos. Mesmo com uma linha do tempo fraca e uma escandalosa falta de autocrítica, a obra cumpriu sua principal missão, que era festejar a carreira da apresentadora – embora, em muitos momentos, mais pareceu um documentário sobre Marlene Mattos.
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Saturou
No entanto, é preciso reconhecer que, cinco semanas após o lançamento do doc, o assunto Xuxa praticamente saturou. A cada episódio lançado, a repercussão sobre o que era mostrado vinha numa avalanche. Todo mundo queria dar seu pitaco sobre o que Xuxa disse ou deixou de dizer.
Mesmo com o tom chapa-branca da obra, Xuxa acabou se expondo além da conta. Suas falas sobre Ayrton Senna e o fato de ela sempre culpar Marlene por tudo de “errado” que teria feito acabaram pegando mal. E tudo, claro, foi parar no tribunal da internet.
Além disso, a própria Xuxa acabou cansando um pouco com a série de entrevistas que encarou para divulgar o documentário. A estrela passou por todos os programas da Globo nas últimas semanas – abriu os trabalhos no Mais Você e os encerrou no Encontro com Patrícia Poeta – , e sempre repetindo a mesma coisa. No fim, ela acabou adiantando os assuntos do doc, que, verdade seja dita, não trouxe nada de novo ao seu público.
A estratégia de lançar os episódios semanalmente se revelou um acerto do Globoplay, já que a plataforma do Grupo Globo conseguiu prolongar o hype em torno da produção. Porém, é inegável que todo este tempo também serviu para saturar ainda mais o assunto.
Futuro
Os críticos de Xuxa sempre a acusam de abusar da autorreferência. É uma verdade. Os últimos programas da apresentadora na Globo naufragaram por não conseguirem se desvencilhar da história da loira. Seu primeiro programa na Record fracassou pelo mesmo motivo.
Revistar seu passado de glórias na comemoração do 60º aniversário fez todo o sentido. No entanto, agora é a hora de Xuxa olhar para frente. A estrela já lançou um projeto recente que não era sobre ela, o Caravana das Drags, da Prime Video; e, em breve, lançará mais um, a série Tarã, no Disney+.
A história de Xuxa é dela e isso ninguém tira. Mas o público também aguarda o que de novo ela pode trazer. Que venham mais Caravana das Drags e Tarã e menos Xuxa – O Documentário.