Isis Valverde esbanja talento e se destaca como a ambígua Ritinha em A Força do Querer

A Força do Querer está ainda mais agradável a cada capítulo. A novela global das 21h, que marca o retorno da veterana Glória Perez, tem empolgado a audiência, com médias frequentemente acima dos 30 pontos e apresentando uma média geral superior a várias de suas antecessoras, considerando-se os capítulos exibidos até agora.

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A razão para este bom momento se deve ao fato de a autora ter corrigido antigos problemas vistos em suas tramas anteriores: um elenco competente, menos numeroso e mais enxuto, uma trama mais concisa e direta e núcleos bem interligados entre si, evitando ao máximo histórias avulsas. E um dos maiores destaques da novela é Isis Valverde, que brilha como Ritinha, sua primeira protagonista às 21h.

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Ritinha é a personagem mais polêmica e complexa das três protagonistas – completam o eixo principal a estudante Bibi (Juliana Paes) e a policial e lutadora Jeiza (Paolla Oliveira). Natural da fictícia Parazinho, a garota pode ser descrita praticamente como um “bicho do mato”. Criada em meio à Amazônia, ela tem um forte poder de sedução sobre os homens, como as sereias, e gosta de se sentir assim. Para ela, não há noção do que é certo ou errado e das consequências de seus atos.

É justamente esse fascínio que une os destinos de seu noivo, Zeca (Marco Pigossi), e do forasteiro Ruy (Fiuk). Ritinha está prestes a se casar, mas adora provocar o jovem rapaz, que quando criança foi resgatado de uma tempestade pelo caminhoneiro (no primeiro capítulo).

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É justamente este jogo de sedução que acaba por minar o casamento da filha de Edinalva (Zezé Polessa), com consequências devastadoras: o filho de Abel (Tonico Pereira), furioso ao descobrir que a noiva foi procurar o rival em plena festa de casamento, atira contra os dois.

Grávida e desprezada pelo noivo, a sereia aproveita para manipular Ruy – de casamento marcado com Cibele (Bruna Linzmeyer) – e diz que é dele o filho que, na verdade, é do caminhoneiro. O filho de Eugênio (Dan Stulbach) traz a garota para o Rio de Janeiro e a esconde em uma casa de praia do amigo Amaro (Pedro Nercessian). Cibele, desconfiada, vai tirar essa história a limpo e descobre a traição. Desnorteada, ela rompe com Ruy, enquanto Ritinha manipula toda a família dele com a gravidez.

Enquanto isso, Zeca se mudou com o pai para Niteroi e começou a namorar Jeiza, uma policial e lutadora durona que acredita piamente no poder da mulher, em um romance no melhor estilo “gato e rato”. A presença da ex-noiva do motorista, bem como a gravidez, irá trazer complicações para o seu romance com a nova namorada.

Por tudo que vem sendo apresentado, Ritinha é a protagonista mais dúbia e controversa de A Força do Querer. Há quem veja maldade em suas atitudes, embora ela não tenha a menor noção disso e das consequências que provoca. E, a cada capítulo, fica claro o acerto da escolha de Isis Valverde para viver um tipo tão rico e desafiador.

Afastada desde o fim de Boogie Oogie (2014-15), Isis retornou às novelas esbanjando competência, entrega cênica e sensualidade. Ritinha é um perfil diferente de tudo que a atriz já fez antes na carreira (e o que não falta são bons tipos muito bem defendidos por ela). A atriz brilha ao mostrar perfeitamente a sedução brejeira, o jeito de menina sapeca e também um certo ar de vilã manipuladora, que enriquecem o conjunto da personagem. Sua presença domina a tela e arrebata o público, reforçando sua imagem de estrela.

Ela ainda reedita ótimas parcerias cênicas com Zezé Polessa (de Beleza Pura), Marco Pigossi (da já citada Boogie Oogie), Juliana Paes e Totia Meirelles (ambas em Caminho das Índias), além de formar uma ótima dobradinha com Bruna Linzmeyer, especialmente na sequência em que Ritinha revela seu envolvimento com Ruy a Cibele.

Uma ressalva deve ser feita para os momentos em que Isis contracena com Fiuk: o ator se mostra inexpressivo em cena e não tem química com a atriz, além de o personagem ser desagradável em virtude de suas atitudes machistas. Felizmente, o talento da intérprete de Ritinha proporciona um bom resultado, mesmo com a visível diferença entre os dois.

Esta personagem é a segunda parceria de Isis com a autora Glória Perez, com quem atuou também em Caminho das Índias, como a firanghi (estrangeira) Camila – o único tropeço da atriz, dona de uma carreira repleta de personagens inesquecíveis, como a misteriosa Ana do Véu do remake de Sinhá Moça, a hilária Rakelli de Beleza Pura, a sensual Suelen de Avenida Brasil, a intensa Sereia de O Canto da Sereia (série supervisionada por Glória) e a romântica Antônia de Amores Roubados.

Com o tempo, Ritinha ainda terá novos conflitos quando seu destino cruzar com o das outras protagonistas. A sereia já se encontrou com Bibi e as duas iniciaram uma forte amizade, na qual a estudante se compromete a proteger a nova amiga. E as duas provocarão a desconfiança de Jeiza, que se envolverá com os ex-namorados delas, Zeca e Caio (Rodrigo Lombardi), além de prender o atual namorado de Bibi, Rubinho (Emílio Dantas), por envolvimento com drogas. Esta interligação favorecerá ainda mais o talento de Isis e também de Juliana Paes e Paolla Oliveira, igualmente ótimas em seus papeis.

A competência e o carisma de Isis Valverde são decisivos para seu brilhante desempenho como Ritinha em A Força do Querer. Glória Perez acertou ao investir na atriz para viver um dos tipos mais ambíguos e ricos da história e ela dá um show em cada cena que protagoniza. É muito bom ver Isis de volta. E ela voltou com tudo.


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