Pega Pega é um sucesso, mas não faz por merecer números tão expressivos. A trama de Cláudia Souto se mostra limitada e sem atrativos. Entretanto, há acertos na história dirigida por Luiz Henrique Rios. E um deles é a improvável dupla formada por Irene Ravache e Jeniffer Nascimento, que começou de forma aleatória, mas acabou virando uma boa dobradinha entre a veterana e a grata revelação de Malhação Sonhos (2014).

A poderosa sócia do Carioca Palace entrou no enredo depois e ficou um bom tempo sem função, servindo apenas para produzir frases de efeito, típicas de vilãs clássicas – sempre criticando o Brasil ou os pobres. Muito pouco para o talento de uma atriz como Irene. Ainda está muito aquém da grandiosidade da profissional, vale ressaltar. Mas, a condução do perfil melhorou um pouco com o tempo, principalmente quando o conflito em torno do filho adotivo surgiu. Dom (David Júnior) é o menino perdido de Cristóvão (Milton Gonçalves) e Madalena (Virginia Rosa), para o horror de Sabine.

A situação passou a render algumas cenas merecedoras de elogios, como os embates da ricaça com os pais de seu filho. E a maior surpresa acabou sendo justamente o destaque de Tânia. A interesseira camareira do Carioca Palace teve apenas algumas cenas de briga com Sandra Helena (Nanda Costa) no começo da novela, mas não passou disso. Era um desperdício de talento, pois Jeniffer brilhou como Sol, em Malhação, e divertiu como a caipira Dita, em Êta Mundo Bom! (2016). Agora, a personagem virou cúmplice da poderosa, participando dos planos para afastar Dom de seus pais biológicos.

Tânia se ofereceu para ajudar Sabine em troca de bolsas e sapatos caros, sendo inteligente o bastante para aproveitar o envolvimento com Dom, evitando a rejeição da empresária. Ou seja, ela pode namorar com o rapaz sem qualquer impedimento da sogra e ainda adquire a confiança da mesma. Porém, a sócia do hotel sempre deixa claro que sabe das intenções dela. E o engraçado das cenas é o nojo com que Sabine trata a comparsa, demonstrando choque para cada gíria ou absurdo que a menina diz. E a camareira nem liga, esbanjando felicidade em cada encontro com a ‘parceira’.

Jeniffer Nascimento e Irene Ravache estão ótimas e juntas ficaram ainda melhores. É uma dupla que se mostrava inimaginável no começo da trama e acabou virando uma grata surpresa. São duas mulheres com falhas de caráter, onde uma é rica e a outra pobre. Enquanto Sabine tem uma ‘experiência’ no ramo da falta de escrúpulos, Tânia transmite até uma certa inocência, mesmo demonstrando não valer muita coisa. E os momentos delas se tornam cômicos justamente pelas circunstâncias dessa ‘união’, pois ambas jamais trocariam duas palavras de forma espontânea.

Pega Pega é uma novela que deixa bastante a desejar, mas essa dobradinha funcionou bastante. É uma pena que Irene Ravache e Jeniffer Nascimento não apareçam tanto. As duas são atrizes excelentes e se complementam em cena, expondo o talento de diferentes gerações. Cláudia Souto deveria investir ainda mais nessa dupla para o bem de seu enredo.

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas


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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor