Famosa atriz e cantora nos anos 1970 e 1980, Edyr de Castro terminou seus dias lutando contra o Alzheimer no Retiro dos Artistas.
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Ela nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em 2 de setembro de 1946, tentou ser bailarina, mas, como contou para a revista Manchete em 1978, a primeira tentativa foi frustrada, tendo recebido como resposta “se queria dançar o voo do urubu no lugar do Lago dos Cisnes”.
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Quem a incentivou a seguir no meio foi o bailarino e coreógrafo Lennine Dale, que a integrou no grupo folclórico As Brasilianas, onde chegou a se apresentar na Europa e nos Estados Unidos durante dois anos.
Ela também integrou o elenco do musical Hair, dirigido por Ademar Guerra em 1969, ao lado de Sônia Braga, Armando Bógus e Antônio Fagundes. Em 1970, fez sua estreia no cinema.
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Começou na televisão em 1976, na novela Escrava Isaura, exibida pela Globo em 1976, quando interpretou a personagem Ana.
As Frenéticas
No mesmo ano, passou a integrar o conjunto musical As Frenéticas, juntamente com as amigas Leiloca, Sandra Pêra, Lidoka, Regina Chaves e Dhu Moraes. A empreitada foi idealizada pelo produtor musical e jornalista Nelson Motta, que era proprietário da boate Frenetic Dancin’ Days.
Elas lançaram cinco álbuns de estúdios, contendo vários hits que entraram para as paradas de sucesso e que continuam sendo executadas até hoje, como Perigosa, Dancin’ Days, que se tornou tema de abertura da novela homônima de 1978, e O Preto que Satisfaz, tema de abertura da novela Feijão Maravilha (1979).
Outros sucessos foram A Felicidade Bate à Sua Porta, Agito e Uso e Perigosas Peruas. O conjunto se desfez em 1984, voltando a se reunir em 1992 com a formação original.
Retorno para a televisão
Com o fim das Frenéticas, Edyr retomou à carreira de atriz, participando no humorístico Chico Anysio Show e de alguns episódios do programa Caso Verdade. Em seguida, fez as minisséries A Máfia no Brasil (1984) e Tenda dos Milagres (1985). Depois, vieram as novelas Livre Para Voar (1984), Roque Santeiro (1985), Cambalacho (1986), Bebê a Bordo (1988) e Pacto de Sangue (1989).
Em 1991, trabalhou novamente ao lado de Chico no humorístico Estados Anysio de Chico City e, no ano seguinte, esteve presente na minissérie Anos Rebeldes, de Gilberto Braga.
Em 1997, viveu seu papel de maior destaque na televisão: a empregada Elvira, de Por Amor. Outros trabalhos se seguiram, como Mulher (1998), Chiquinha Gonzaga (1999), Agora é que São Elas (2003), Cabocla (2004), Sinhá Moça (2006) e Sete Pecados (2007).
Neste mesmo ano, transfere-se para Record, onde atuou em Amor e Intrigas e, em 2009, em Poder Paralelo, seu último trabalho na televisão.
Luta contra o Alzheimer
Em 2011, Edyr de Castro trocou a casa onde vivia com sua mãe pelo Retiro dos Artistas, onde fazia apresentações para os moradores do espaço. Porém, em 2014, a cantora foi diagnosticada com o grau mais alto do Mal de Alzeimer. Procurada pelo jornal Extra em 17 de março de 2015, Edyr resumiu:
“Sou feliz aqui. Estou em paz comigo mesma”.
Ela, que na época estava com 68 anos, caminhava até a porta de sua residência no asilo com ajuda de uma cuidadora. Por conta da medicação controlada que tomava três vezes por dia, tinha suas mãos muito trêmulas, pouco falava e se expressava com dificuldade.
Sua filha, a psicóloga Joy Rodrigues, do seu relacionamento com o cantor Zé Rodrix, foi quem procurou o Retiro, alegando que não tinha como cuidar da mãe, pois precisava trabalhar fora.
A rotina de Edyr no asilo consistia em assistir a DVDs de palestras sobre espiritismo e cantarolar baixinho os antigos sucessos do tempo em que era integrante das Frenéticas.
De acordo com a cuidadora Katya Yamada, as companheiras de grupo ainda se comunicavam com Edyr:
“Elas mandam mensagens diariamente através do WhatsApp, e cada dia é uma reação diferente. Ela ouve e se emociona. Outro dia, ela não reconheceu um amigo aqui do Retiro, e ela mesma disse: ‘acho que estou com Alzheimer’”, relatou a cuidadora, que a acompanhava há três anos.
Edyr de Castro morreu no dia 15 de janeiro de 2019, aos 72 anos. Ela, que se encontrava internada com pneumonia no Hospital Lourenço Jorge, teve falência total dos órgãos.
“Edyr era sempre foi muito na dela, tranquila. Mas o Alzheimer a atacou de forma muito agressiva; já não esboçava reação”, declarou Maria Aparecida Cabral, administradora-geral do Retiro dos Artistas, à Folha de S.Paulo.
A artista foi velada e teve seu corpo cremado no Memorial do Carmo, no bairro do Caju, no Rio, deixando apenas boas lembranças e saudades em seus fãs.