“Insuportável”: astro de Elas por Elas abriu o jogo sobre trabalho com atriz

Marcos Caruso em Elas por Elas

Marcos Caruso em Elas por Elas

Intérprete de Sérgio em Elas por Elas, Marcos Caruso tem uma longa carreira na TV e já esteve do outro lado das câmeras. O ator também se aventurou como autor de novelas – A História de Ana Raio e Zé Trovão (1991) – e até dirigiu Dercy Gonçalves.

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Marcos Caruso em Elas por Elas

Caruso foi um dos diretores de Fala Dercy, atração comandada pela veterana do humor nas noites de terça-feira do SBT, em 2000. O programa ficou pouco tempo no ar, mas foi o suficiente para marcar a vida do ator para sempre.

O artista, inclusive, não se fez de rogado na hora de classificar a atriz: “insuportável”, disse ele.

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Saída da Globo

Dercy Gonçalves era considerada a grande dama do humor nacional. Sem papas na língua, a atriz arrancava gargalhadas do público com seu jeito desbocado e sua famigerada preferência por palavrões.

Nos anos 1960, ela foi contratada pela Globo, onde fez várias atrações. Além de comandar programas como Dercy de Verdade (1966), ela também participou de humorísticos e novelas. Mas, depois da novela Deus nos Acuda (1992), Dercy era escalada apenas para participações nos programas da emissora.

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Em 1999, ela foi anunciada como parte do elenco do Zorra Total. No entanto, seu quadro não vingou e nunca chegou a ir ao ar. Insatisfeita, Dercy acabou aceitando o convite de Silvio Santos, que lhe ofereceu um contrato vitalício e um programa semanal. Nascia Fala Dercy.

“Insuportável”

Lançado em 4 de janeiro de 2000, Fala Dercy trazia Dercy Gonçalves diante de um auditório e falando tudo o que lhe vinha à cabeça. A atriz e apresentadora recebia convidados para debates e também atuava em esquetes, que eram dirigidos por Marcos Caruso.

Os esquetes traziam sátiras de grandes clássicos, como Madame Butterfly e A Dama das Camélias. A saudosa Jandira Martini, parceira de Marcos Caruso em vários trabalhos, assinava alguns dos roteiros.

Em entrevista ao Programa do Jô, em março de 2013, Marcos Caruso contou como era trabalhar com Dercy.

“Insuportável. É como você tentar desviar o curso do Rio Amazonas. Uma mulher genial. Foi um privilégio ter trabalhado com ela”, disparou o artista.

Perrengues com Dercy

Dercy Gonçalves no Fala Dercy

Na mesma entrevista, Marcos Caruso se lembrou de outros momentos inusitados que passou enquanto tentava dirigir Dercy. O ator revelou que, na gravação de uma sátira de Chapeuzinho Vermelho, a atriz se recusou a continuar o trabalho.

“Estávamos em uma estradinha na [rodovia] Regis Bittencourt, e falei para ela: ‘Dercy, vai parar um carro de boi e você pede carona…’ e ela disse que iria subir direto no carro. Eu disse que não, ela se irritou, pegou um cajado e colocou todos os figurantes pra fora. Ela, que estava em cima de um boi, bateu nele que saiu em disparada, e ela quase caindo”, relatou Caruso.

“Ela saiu gritando, dizendo que não ia mais gravar, pois estava exausta. E eu dizendo que tínhamos que gravar, mas ela não me escutava. Ela foi embora, de Chapeuzinho Vermelho, e a produção, desesperada. E eu disse para que deixassem ela. Até que ela sumiu e tive que ir atrás dela de carro”, contou.

Caruso também revelou que costumava acompanhar Dercy ao bingo, uma de suas grandes paixões.

“Ela me levava para o bingo de madrugada, e eu tinha que acompanhar. E eu perdia dinheiro, enquanto ela ganhava. Ela morava em um flat, ia até o mercado municipal de São Paulo e comprava uma galinha viva, matava no flat e depenava para fazer almoço pra equipe. Foram 11 meses maravilhosos, que eu não quero que se repita”, contou.

Vida curta

Apesar da grande aposta do SBT, Fala Dercy não chegou a atingir índices de audiência expressivos. Tanto que, em abril de 2000, a atração teve que ceder as noites de terça-feira ao Cine Espetacular, já que a emissora havia comprado um poderoso pacote de filmes da Warner e da Disney.

Com isso, Fala Dercy foi encaixado nas tardes de domingo, mas também não durou muito no novo horário. A atração ficou no ar até 27 de agosto de 2000. Depois disso, a atriz foi escalada para participações em A Praça É Nossa, mas também ficou pouco tempo no humorístico.

Mas ela seguiu contratada do SBT até sua morte, em 19 de julho de 2008, aos 101 anos.

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