O Fantástico está prestes a celebrar 50 anos no ar. No entanto, as comemorações vão acontecer em meio a uma crise de audiência e de identidade pela qual passa a atração. O dominical da Globo está longe de repetir o sucesso de outrora.

Fantástico - Maju Coutinho e Poliana Abritta
Maju Coutinho e Poliana Abritta no Fantástico (Reprodução / Globo)

Na última semana, a atração chegou ao fundo do poço ao atingir um dos mais baixos índices do ano. Com isso, o programa corre o sério risco de chegar ao meio século de existência de uma maneira um tanto melancólica…

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Audiência em queda

Fantástico - Poliana Abritta
Poliana Abritta no comando do Fantástico (Reprodução / Globo)

No último domingo (23), o Fantástico registrou uma de suas piores audiências no ano. De acordo com dados do Kantar Ibope Media divulgados pelo site Notícias da TV, a atração anotou média de 16,3 pontos, a terceira pior marca de 2023.

Os números em baixa mostram uma tendência de queda do Fantástico, que vai se acentuando ano a ano. Esta não é a primeira crise da história do programa, mas o que chama a atenção é que, desta vez, a atração não é ameaçada por nenhum concorrente direto.

O Fantástico já enfrentou pesos-pesados da audiência e cambaleou por diversas vezes, mas sempre soube dar a volta por cima. Mas, desta vez, parece que a crise é um pouco mais complexa.

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Em baixa

Casa dos Artistas - Silvio Santos
Silvio Santos apresentando a Casa dos Artistas (Divulgação / SBT)

Em sua história, o Fantástico já bateu de frente com fenômenos de audiência. Um deles foi Silvio Santos, que conseguiu roubar preciosos pontos da revista da Globo ao comandar atrações como Topa Tudo por Dinheiro, Show do Milhão e Casa dos Artistas, este último um fenômeno histórico.

Nos anos 2000, o programa viu sua audiência diminuir quando a noite de domingo ganhou novos concorrentes, o que pulverizou a atenção do público. Domingo Espetacular, da Record, Pânico na TV, da RedeTV!, e Domingo Legal e Programa Silvio Santos, do SBT, dividiram a fatia do público e passaram a brigar praticamente de igual para igual.

Mas isso mudou. Atualmente, Domingo Espetacular e Programa Silvio Santos com Patrícia Abravanel disputam a tapa a vice-liderança com resultados mais modestos. Enquanto isso, o Fantástico se mantém em sua confortável liderança, mas com números cada vez menores.

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Previsível

Andréia Sadi
Andréia Sadi à frente do Estúdio I (Reprodução / GloboNews)

Se não há concorrentes, o que explica a queda do Fantástico? Um dos fatores, claro, é a concorrência com o streaming. Plataformas de vídeos como o YouTube e a Netflix já abocanharam uma boa parte do público que, anteriormente, via a TV aberta.

Mas não é só isso. Em seus anos de existência, o Fantástico perdeu a capacidade de surpreender o público, tornando-se cada vez mais irrelevante. Se, no passado, a revista era a grande fonte de novidades para o brasileiro, atualmente o programa se encontra fraco, totalmente dependente do factual.

O Fantástico ficou previsível, quase como um telejornal de domingo, baseando-se apenas no que foi notícia durante a semana. Os shows e variedades estão mais escassos. Já os quadros de dramaturgia e humor, que sempre atraíam a atenção do público, desapareceram. O programa enfraqueceu.

A Globo tem planos de uma reformulação, mas as tentativas anteriores se revelaram puramente cosméticas e pouco frutíferas. Há quem diga que o canal pretende apostar em Andréia Sadi no comando, mas a verdade é que a apresentadora da GloboNews não parece ter perfil para a função. Fato é que, aos 50 anos, o Fantástico está mais perdido do que nunca.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor