Importante nome das novelas da Globo pediu abrigo no Retiro dos Artistas

Vale Tudo

Ator, produtor de elenco e gerente de produção, Evaldo Lemos, nascido no Rio de Janeiro em 11 de março de 1932, tem uma história de vida marcada por superações. Ele foi um dos nomes fortes nos bastidores das novelas da Globo, como Vale Tudo, estrelada por estrelas como Cássio Gabus Mendes e Lídia Brondi (foto abaixo).

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Evaldo passou a infância no bairro Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio. O pai Demétrio Lisboa Lemos, que atuava no movimento integralista, foi preso no dia do aniversário de dois anos do menino.

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Na década de 1950, atuou como redator e repórter do Jornal do Brasil. Ligado à rádio do mesmo grupo, ele frequentou o bar O Cangaceiro, onde conheceu grandes nomes da música brasileira, como Dolores Duran, Marisa Gata Mansa, Miltinho e Helena de Lima, com quem teve um relacionamento. Ainda, ator nos tempos da TV “ao vivo”, com passagens por Tupi e Rio – onde também trabalhou como repórter.

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Certa noite, ao sair dos estúdios da TV Rio, Evaldo Lemos foi atropelado por um automóvel que seguia com os faróis apagados. O bico de aço do carro atingiu sua virilha, lesionando a coxa e afetando a circulação sanguínea. Por conta disto, Lemos precisou amputar o membro, passando a usar uma prótese.

Quatro décadas após o ocorrido, Evaldo sofreu um AVC e uma isquemia cerebral, o que afetou o outro membro, impedindo que ele mantivesse o equilíbrio e, consequentemente, o caminhar.

História de sucesso na Globo

Evaldo Lemos passou a assessor de Mário Lúcio Vaz (foto acima, com Xuxa), diretor da Central Globo de Produções, em 1981. Foi gerente de produção de sucesso como Corpo a Corpo (1984), Roque Santeiro (1985), Roda de Fogo (1986), O Outro (1987) e Vale Tudo (1988) – considerada por ele a grande obra de dramaturgia da TV brasileira.

Em entrevista para o Museu da Pessoa, datada de 13 de junho de 2006, Evaldo deu detalhes a respeito de sua função na casa:

“Assessorei o Mário Lúcio Vaz, que era o diretor artístico de novelas. Comecei a trabalhar com ele e fui aprendendo, porque ele sabia de tudo e foi me ensinando. Eu assistia as três novelas na época – a das seis, sete e oito – e fazia os comentários. Tinha que reduzir, tinham coisas que precisavam ser cortadas antes de ir para o ar, porque ultrapassava, outras não e outras menos”.

Nos anos 1990, Lemos assumiu o Departamento de Elenco, antes nas mãos de Guta Matos, falecida em 1993. Foi Ary Nogueira, então em posto de comando no Globo, quem levou o nome dele ao elenco. Eva Wilma, uma das estrelas da casa, aprovou de imediato: “Então, não se fala mais no assunto”.

Missão quase impossível

Entrega de roteiros, correspondências contracheques passavam por Evaldo Lemos, na tentativa de chegar próximo da excelência de Guta, considerada por muitos como a “mãezona” do elenco global.

“É muito difícil. A Guta era um personagem, não existe parâmetro. Estou tentando preencher um espaço. Os atores devem receber todo o carinho, eles são a nossa matéria-prima e por trabalharem com a emoção são muito sensíveis”, confidenciou ele ao Jornal do Brasil, de 9 de outubro de 1993.

Outro ponto importante da vitoriosa trajetória de Evaldo na televisão envolve a supervisão do narrador Galvão Bueno, que dava seus primeiros passos na profissão e hoje, às vésperas da aposentadoria, ocupa o mais alto posto do departamento de Esportes do canal.

Retiro dos Artistas

Lemos foi casado por 34 anos com uma mulher chamada Mônica, que conheceu num baile de Carnaval. Ela faleceu há mais de duas décadas.

Hoje, aos 90 anos, Evaldo Lemos reside no Retiro dos Artistas, onde convive com tantos nomes que acompanharam sua jornada. O ingresso na instituição passou pelo contato com um amigo da atuação, conforme relatou ao Museu da Pessoa:

“Tem um ator chamado Stepan Nercessian, que fez umas cinco novelas comigo, quando eu era produtor de novelas. Há uns dois anos e meio atrás, eu liguei para o Stepan e disse: ‘Stepan, tem um lugar para mim lá no Retiro?’ E ele: ‘Tem, claro que tem’”.

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