Imperdoável: artista de Amor Perfeito não merecia passar por isso

Ana Cecília Costa e Carmo Dalla Vecchia

Ana Cecília Costa e Carmo Dalla Vecchia em Amor Perfeito (Reprodução / Globo)

Coluna do Sérgio Santos

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O fenômeno Vai na Fé deixou sua marca na teledramaturgia e dificilmente perderá o posto de melhor novela de 2023. Rosane Svartman fez um novelão que deixou o público saudoso desde o seu término. No entanto, a trama foi manchada pela cúpula da Globo, comandada por Amauri Soares, que censurou vários beijos de casais homoafetivos.

Ana Cecília Costa e Carmo Dalla Vecchia em Amor Perfeito (Reprodução / Globo)

Já no caso da atual novela das seis, em plena reta final, fica a dúvida se houve interferência da emissora ou apenas um desenvolvimento bastante questionável envolvendo Érico (Carmo Dalla Vecchia).

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O personagem de Amor Perfeito sempre foi descrito como homossexual, inclusive no Gshow, site oficial da Globo. Na coletiva de imprensa, vale lembrar, o ator falou da questão que envolvia o seu personagem com alegria, já que se assumiu não tem muito tempo.

Casado há anos com o autor João Emanuel Carneiro e pais de um menino, Carmo não esconde mais o quão é bem resolvido e feliz. Tanto que perguntas sobre o seu relacionamento foram frequentes na festa de lançamento da trama por conta da identificação com o seu papel, que vivia um romance às escondidas.

[anuncio_2]

Medo de se assumir

Carmo Dalla Vecchia como Érico em Amor Perfeito (reprodução/Globo)

A dificuldade de assumir uma relação gay em uma história de época era o maior conflito de Érico. O advogado tinha um romance secreto com o trompetista Romeu Telles (Domingos de Alcântara) e o caso acabou descoberto por Gilda (Mariana Ximenes) e Gaspar (Thiago Lacerda), o que causou a sua subserviência ao então casal de vilões.

A inimiga mortal de Marê (Camila Queiroz) chantageou o rapaz para que a ajudasse a prejudicar a mocinha, que foi acusada de ter matado o próprio pai. Assim foi feito, afinal, o personagem tinha pânico de ser apontado pela cidade toda como ‘invertido’. O conflito do papel era esse. Ponto.

Mudança de trama

Ana Cecília Costa e Carmo Dalla Vecchia em Amor Perfeito (Reprodução / Globo)

No entanto, Érico se aproximou de Verônica (Ana Cecília Costa) e a amizade acabou se fortificando cada vez mais. Até que os personagens se apaixonaram e passaram a viver uma linda relação.

Houve uma breve cena em que o advogado confessou para a mãe de Júlio (Daniel Rangel) que teve um envolvimento com um homem no passado. A confissão foi motivada por um reencontro de Érico com Romeu em um restaurante, estando com a nova companheira do lado. O constrangimento fez a ex-amante do prefeito questionar a razão. E tudo acabou contado como se tivesse sido algo passageiro.

A sintonia entre Ana Cecília Costa e Carmo Dalla Vecchia é visível e o casal é bonito de se ver. É evidente que a bissexualidade não pode ser anulada, mas nunca foi a intenção dos autores abordá-la na trama. Foi uma clara mudança de percurso na trajetória do personagem.

Censura no Domingão

Carmo Dalla Vecchia no Domingão (Reprodução / Globo)

Ironicamente, no último domingo (10), Carmo se apresentou no Domingão do Huck na Batalha do Lip Sync, onde fez uma ótima performance como Madonna e recebeu a companhia de Amaury Lorenzo e Diego Martins no palco, gratas revelações de Terra e Paixão, que vêm roubando a cena como o casal Ramiro e Kelvin.

O selinho que o ator deu em Amaury durante sua apresentação foi cortado pela edição em uma censura evidente. Carmo, sem saber do corte porque o programa é gravado, fez questão de agradecer publicamente aos colegas e a Walcyr Carrasco por estar normalizando e naturalizando o amor entre dois homens no horário nobre. Seria uma crítica velada ao que aconteceu com seu personagem na novela das seis?

E por qual motivo houve a anulação da homossexualidade de Érico? Foi uma exigência da cúpula da Globo ou Duca Rachid, Júlio Fischer e Elísio Lopes Jr. tiveram autonomia para a condução da saga do advogado? A resposta dificilmente virá, mas é de se lamentar e muito o tamanho retrocesso diante dos romances homoafetivos na teledramaturgia em pleno 2023.

Autor(a):

Sair da versão mobile