Após sofrer uma insuficiência cardíaca, o humorista Mussum precisou fazer um transplante urgente de coração. Mas, apesar de encontrar um doador e da operação ter sido um sucesso, o artista acabou não resistindo, falecendo pouco tempo depois.

Os Trapalhões

Antônio Carlos Bernardes Gomes, popularmente conhecido como Mussum, foi um dos integrantes mais queridos do quarteto Os Trapalhões, ao lado de Renato Aragão, Dedé Santana e Zacarias.

Antes disso, o artista se destacou como fundador do grupo Os Originais do Samba, atuando como compositor e sambista.

Transplante urgente

Só que o humorista passou por uma situação difícil nos seus últimos dias de vida. Em 7 de julho de 1994, o comediante deu entrada no Hospital de Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Ele precisou ser internado após ser diagnosticado com uma miocardiopatia dilatada, uma doença do músculo cardíaco que reduz a capacidade de bombear sangue pelos ventrículos, necessitando urgentemente de um transplante de coração.

“Ele não pode esperar”, alertou o médico Dante Serra, responsável pela UTI do hospital, em entrevista à Folha de São Paulo em 12 de julho de 1994.

De acordo com Serra, dois corações haviam sido doados para Beneficência, mas nenhum deles estava apto para o procedimento cirúrgico. A divulgação de que Mussum necessitava de um transplante fez com que o número de órgãos disponíveis tivesse um aumento de 700%. Caso o sambista fosse uma pessoa anônima, ele precisaria enfrentar uma longa fila de espera.

Operação de sucesso

O coração que foi transplantado no humorista foi doado pela família de Darlinton Fonseca de Miranda, de 23 anos, morador do estado do Tocantins, que faleceu após sofrer um acidente de moto.

A operação, realizada em 12 de julho, foi um sucesso, tudo saiu como o esperado e não houve um quadro de rejeição aguda.

Só que no dia 16 de julho o humorista precisou passar por uma segunda operação devido ao sangramento com acúmulo de coágulos na caixa torácica.

O médico chefe da equipe que realizou o transplante, Sérgio Almeida de Oliveira, contou à Folha de São Paulo que o sangramento em Mussum era difuso nos tecidos do tórax e principalmente no osso do peito (esterno), que havia sido serrado para a troca do coração.

Contudo, ele ressaltou que durante a nova cirurgia foi possível observar o órgão e notar que não tinha sinais de rejeição. Um novo medicamento estava sendo ministrado no comediante, além dos que ele já tomava para evitar a rejeição.

Últimos dias

Dez dias após a segunda intervenção, o coração de Mussum acabou sofrendo uma infecção que tomou conta do pulmão do artista. Logo em seguida, os rins do humorista pararam de funcionar e, dias depois, a infecção do pulmão acabou se espalhando para os demais órgãos.

Na madrugada do dia 29 de julho de 1994, Mussum faleceu aos 53 anos de idade. A causa da morte foi a queda de pressão que ele sofreu por conta do aumento do tamanho dos vasos sanguíneos, aumentando o esforço de bombear o sangue para o coração transplantado.

Os médicos tentaram reverter o quadro de choque séptico com o auxílio de aminas vasopressoras (medicamentos que têm função de contrair os vasos e elevar a pressão arterial), porém, nada surtiu efeito.

A morte de Mussum causou comoção em todo o país, que ainda não havia se recuperado do falecimento de Ayrton Senna, que aconteceu em 1° de maio daquele mesmo ano.

O enterro aconteceu no cemitério Congonhas, Zona Sul de São Paulo, que contou com a presença de 600 pessoas, além de 12 integrantes da escola de Samba Mangueira, onde o sambista desfilou por 40 anos.

Renato Aragão

Coincidentemente. a morte de Mussum aconteceu no dia que a Globo programou a exibição do show do Criança Esperança, que era comandado por Renato Aragão (foto acima). A emissora não descartou a possibilidade de mudanças, mas manteve assim mesmo a realização do espetáculo, que foi transmitido ao vivo e fez uma homenagem ao artista.

Passados 28 anos da morte de Mussum, o seu legado continua vivo, seja pelos memes pela Internet, pela comercialização de uma cerveja que leva o seu nome ou de um comercial de uma marca automotiva que usou a imagem do humorista com ajuda de computação gráfica.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor