Homenagem ao centenário de Chacrinha se mostrou nostálgica e acertada
05/09/2017 às 10h00
No último sábado (26/08), o Canal Viva exibiu uma ótima homenagem a Abelardo Barbosa (1917-1988), cujo centenário é comemorado neste ano. Através de Chacrinha – o Eterno Guerreiro, o canal a cabo recriou a atração mais lembrada de um dos mais queridos comunicadores do país: o Cassino do Chacrinha, exibido pela Globo entre 1982 e 1988. O programa – que será transmitido pela Globo no dia 6 de setembro – ficou muito bem feito, conseguindo provocar uma gostosa nostalgia em quem assistia.
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Stepan Nercessian foi o escolhido para representar o velho guerreiro e nem tinha como ser outra pessoa, pois o ator deu um show no espetáculo Chacrinha, o musical, dando vida ao ícone. E novamente ele mostrou como conseguiu pegar com maestria vários trejeitos do apresentador, inclusive a maneira de se portar diante dos convidados e números musicais.
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Chama atenção também a forma não caricata como o ator compõe o personagem. Até porque Chacrinha já era uma grande caricatura, parecendo um carro alegórico em desfile de escola de samba. As imitações de vários humoristas descambam para o exagero e o intérprete acaba se diferenciando por isso.
A atração recriou com riqueza o cenário do clássico Cassino do Chacrinha, mas imprimindo características mais modernas em torno da iluminação e de detalhes do palco, naturalmente. Também ficou perceptível um maior afastamento da plateia, evitando aquela sensação de tumulto que existia no formato original. Nesse caso, poderiam ter mantido para preservar o DNA do produto. Afinal, na época era mesmo algo ‘trash’ (de gosto duvidoso) e extremamente popular.
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Outra característica que foi visivelmente alterada foi a vestimenta das chacretes. Na década de 80, todas usavam maiôs cavadíssimos e os câmeras faziam ‘closes’ bem exagerados. Agora, as bailarinas usavam bem mais pano e o politicamente correto novamente venceu. Pena, pois era uma homenagem e merecia seguir à risca.
O show de calouros foi mantido e, para avaliar os candidatos, a Globo escalou várias estrelas da emissora. Angélica, Luciano Huck, Regina Casé, André Marques, Ana Maria Braga, Tiago Leifert, Glória Maria e Fernanda Lima marcaram presença na bancada e se divertiram na função, embora só Tiago tenha optado por ‘imitar’ o ranzinza Pedro de Lara.
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Já as atrações musicais contaram com nomes que fizeram parte da história do Cassino, como Roberto Carlos, Luiz Caldas, Sidney Magal, Alcione, Fábio Jr. e Ney Matogrosso. Até a banda Blitz participou. O interessante dessas exibições foi o detalhe das chacretes segurando o LP de cada cantor da época, enquanto estavam no palco, como era realmente feito para a divulgação do trabalho. Porém, para não ficar algo muito datado, houve também a apresentação de Luan Santana, Ivete Sangalo, Marília Mendonça e Anitta, que nem ‘existiam’ na década de 80.
Foi uma pena, todavia, a ausência de vários cantores que fizeram história no programa, como Rosana, Byafra, Wanderléa, entre tantos outros. Até mesmo a clássica Titãs era uma banda que costumava se apresentar lá. Outra participação que fez muita falta foi a de Rita Cadilac, a mais famosa chacrete de todas. Ao menos no júri ela merecia estar. Não deu para entender.
No entanto, o conjunto se mostrou bem realizado e a homenagem funcionou. Vale citar ainda o divertido momento em que calouros tentaram imitar Chacrinha, sendo avaliados pelo júri. Tom Cavalcante, Otaviano Costa, Marcelo Adnet e Welder Rodrigues compuseram tipos propositalmente toscos, sendo avacalhados pelos jurados. Foi divertido. Já o encerramento, com Ivete Sangalo cantando parabéns para o Velho Guerreiro, provocando a comoção de Stepan, fechou o especial de forma singela.
Chacrinha – o Eterno Guerreiro, dirigido por Rafael Dragaud e Daniela Gleiser, pecou em alguns aspectos, mas se mostrou uma deliciosa iniciativa do Viva, em parceria com a Globo, para celebrar os 100 anos de um dos mais lembrados comunicadores do país. Abelardo Barbosa fez história na televisão brasileira, virando referência para vários outros apresentadores, e esse centenário realmente não tinha como passar em branco.
SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas