Herança maldita: sucesso de Vai na Fé gera problema para a Globo

Se por um lado o sucesso de Vai na Fé, atual novela das sete, coloca a Globo em um momento favorável no horário, por outro a boa repercussão da trama joga uma responsabilidade grande na emissora, que pode ficar com uma “herança maldita” para os próximos folhetins da faixa.

Samuel de Assis e Sheron Menezzes em Vai na Fé (Reprodução / Globo)

A situação se torna ainda mais delicada pela forma que a Globo tem tratado seus profissionais. Com a dispensa de grandes medalhões da teledramaturgia, a emissora tem demonstrado dificuldades em planejar a fila de suas novelas a longo prazo. Tanto que, até pouco tempo atrás, mal se sabia que trama viria após Terra e Paixão na faixa das 21 horas.

Pois o mesmo problema se aplica à faixa das 19 horas. Vai na Fé é considerada um êxito estrondoso, e Fuzuê já está pronta para estrear. E só. O autor Daniel Ortiz já está escalado para assinar a trama seguinte, mas e depois? A fila do horário das sete da emissora também sofre com a escassez de autores.

Que novela substitui Vai na Fé na faixa das sete?

Fuzuê, de Gustavo Reiz, já está com suas gravações a todo vapor. A trama, que reúne nomes como Nicolas Prattes, Marina Ruy Barbosa, Edson Celulari e Giovana Cordeiro, tem estreia confirmada para o dia 14 de agosto.

Após Fuzuê, a Globo já bateu o martelo e definiu que uma novela de Daniel Ortiz ocupará o horário. O autor dos sucessos Alto Astral (2014), Haja Coração (2016) e Salve-se quem Puder (2020) volta ao horário que ele já demonstrou conhecer bem com A Vovó Sumiu!, que estreia no ano que vem.

A nova trama de Ortiz gira em torno de cinco irmãos por parte de pai que não têm uma relação próxima. Mas eles terão que se unir quando a avó deles desaparecer misteriosamente.

Escassez

A Globo enfrenta uma escassez de autores tarimbados, já que boa parte dos novelistas que fez história no canal foi dispensada ou se aposentou. Com isso, o planejamento a longo prazo, que chegava a definir que novelas seriam produzidas num prazo de três a quatro anos, não existe mais.

O horário das nove da emissora vem penando com essa situação. Terra e Paixão já estava em gravações quando a Globo ainda não tinha batido o martelo quanto à nova versão de Renascer (1993), confirmada depois como a sucessora. Depois, demorou mais um bom tempo até anunciar que João Emanuel Carneiro assinará a trama seguinte. Carneiro, vale lembrar, não vai ter férias, já que concluiu Todas as Flores no Globoplay recentemente.

Pois a faixa das sete vive situação semelhante. Gustavo Reiz foi a mais recente aquisição para o horário, que também conta com Rosane Svartman, Claudia Souto e Daniel Ortiz. Svartman está no ar, Reiz virá a seguir, e Ortiz na sequência. Mas o que acontece depois? A emissora já programará a volta de Rosane ou Claudia? Ou trará novidades?

Nos últimos anos, a emissora revelou no horário nomes como Maria Helena Nascimento (de Rock Story), Izabel de Oliveira, Paula Amaral (dupla que assinou Verão 90), Daniel Adjafre (de Deus Salve o Rei) e Mauro Wilson (Quanto Mais Vida, Melhor!). Porém, Nascimento está às voltas com O Grande Golpe, novela das nove que nunca sai do papel, enquanto Oliveira, Amaral e Adjafre foram dispensados.

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Longo prazo

Ou seja, no momento, apenas a faixa das seis da Globo está mais organizada. Elas por Elas, obra de Alessandro Marson e Thereza Falcão, baseada no clássico de Cassiano Gabus Mendes, substituirá Amor Perfeito em setembro.

Depois disso, já está confirmada O País de Alice, novela que marcará a volta de Lícia Manzo ao horário das seis. A autora de Um Lugar ao Sol (2021) volta à faixa na qual emplacou os sucessos A Vida da Gente (2011) e Sete Vidas (2015).

Na sequência, deve vir uma nova novela de Alessandra Poggi, a autora de Além da Ilusão (2022). Por fim, Thelma Guedes, que atualmente escreve Terra e Paixão com Walcyr Carrasco, é a mais cotada para assinar a trama que virá na sequência.

Sendo assim, a direção de teledramaturgia da Globo, encabeçada por José Luiz Villamarim, tem como principal desafio conseguir deixar os horários das sete e das nove tão organizados quanto à faixa das seis.