Uma das principais atrizes da televisão brasileira, Aracy Balabanian faleceu no dia 7 de agosto, aos 83 anos. Ela estava internada na Clínica São Vicente, na Gávea, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e fazia um tratamento contra um câncer de pulmão desde o fim do ano passado.

Aracy Balabanian
Aracy Balabanian (Reprodução / Web)

Sempre muito discreta com sua vida pessoal, a veterana nunca se casou e nem teve filhos. Sendo assim, fica a pergunta: com quem ficará o patrimônio da intérprete de dona Armênia, Cassandra e tantas outras personagens marcantes?

O destino da herança de Aracy deve seguir o mesmo caminho de outras estrelas, como Jô Soares e Cláudia Jimenez, que também não deixaram herdeiros.

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Sem herdeiros

Rainha da Sucata
Rainha da Sucata (Divulgação / Globo)

Aracy Balabanian sempre foi muito discreta com relação à vida pessoal. Ela nunca se casou e não teve filhos. Um dos poucos relacionamentos da artista que se tornou público foi um breve namoro com Antonio Fagundes, na juventude. Em sua autobiografia Nunca Fui Anjo, lançada em 2005, Aracy contou que fez dois abortos.

“Fiz um pensando em quão problemática seria a minha vida com um filho, tendo que trabalhar muito e sendo mãe solteira. Fiz um segundo, porque meu filho teria um pai que não desejaria para ninguém”, narrou a estrela na publicação.

Apesar de não ter tido filhos, Aracy sempre falou com muito carinho dos sobrinhos e da afilhada, Antônia, filha da diretora Denise Saraceni e da figurinista Gogoia Sampaio.

“Tenho vários filhinhos. Tenho 13 sobrinhos, 12 sobrinhos-netos e já, já serei bisa-tia-avó, acho que é isso. E tenho Antônia, minha afilhada, uma paixão na minha vida. Está com 10 anos, é filha da Gogoia, participo de tudo da vida dela. Levo ao dentista, ao balé”, contou, em entrevista à Quem.

Testamento

Aracy Balabanian em Elas por Elas
Aracy Balabanian como Helena em Elas por Elas (Nelson Di Rago / Globo)

Como Aracy Balabanian era solteira e não teve filhos, seus herdeiros devem ser indicados por meio de um testamento. No entanto, ainda não se sabe se a atriz deixou documentado os nomes a quem pretendia deixar os seus bens. Caso não haja um testamento, seu patrimônio deve ser dividido entre os herdeiros de acordo com a vocação hereditária.

Trata-se de uma situação parecida com a de Jô Soares e Claudia Jimenez, que também não eram casados e não tinham filhos – o filho de Jô já havia falecido. De acordo com o site da Istoé, a ordem sucessória é estabelecida pelo Código Civil e, na falta de cônjuge e filhos, são considerados irmãos, sobrinhos, tios, primos, tio-avô e sobrinho-neto. Porém, nestes casos, uma classe de herdeiros exclui a outra.

“Se o falecido tiver esposa e filhos, os pais não recebem nada. Se tiver apenas esposa, a herança será dividida entre ela e os pais do falecido. Se tiver apenas pais, ou apenas esposa, os irmãos não têm direito à herança. Se tiver apenas irmãos (e nenhum herdeiro necessário), os tios e sobrinhos não irão herdar coisa alguma, e assim por diante. Se o autor da herança quiser beneficiar algum parente que não seja herdeiro necessário, ele deverá fazer um testamento”, explicou a advogada Danielle Freitas no site Jus Brasil, falando sobre o caso de Jô Soares.

Dessa forma, caso Aracy Balabanian não tenha deixado um testamento, seu patrimônio deve ser dividido entre seus parentes mais próximos vivos. No entanto, esses detalhes provavelmente não serão conhecidos publicamente.

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Veterana

Toma Lá, Dá Cá - Aracy Balabanian, Marisa Orth e Miguel Falabella
Aracy Balabanian, Marisa Orth e Miguel Falabella em Toma Lá, Dá Cá (Reprodução / Globo)

Considerada uma das pioneiras da televisão brasileira, Aracy Balabanian entrou na telinha em Marcados Pelo Amor, novela da Record exibida em 1964. Na sequência, ela migrou para a TV Tupi e se tornou uma das principais estrelas do canal, emplacando diversas mocinhas em folhetins.

A atriz estrelou sucessos como Antonio Maria (1968) e Nino, o Italianinho (1969). Ela chegou à Globo em 1972, atuando na novela O Primeiro Amor. Em seguida, fez sucesso entre as crianças ao participar de Vila Sésamo (1972), um clássico infantil.

De lá para cá, foram inúmeras novelas, como Elas por Elas (1982), cujo remake estreia na Globo em setembro, na faixa das seis. Além de papéis dramáticos e mocinhas, Aracy emplacou vilãs, como Filomena Ferreto, em A Próxima Vítima (1995), e personagens cômicos, como dona Armênia em Rainha da Sucata (1990) e Deus nos Acuda (1992). Outro tipo marcante foi a perua falida Cassandra no humorístico Sai de Baixo (1996).

Herança dos colegas

Programa do Jô - Jô Soares
Jô Soares à frente de seu programa na Globo (Reprodução / Globo)

Assim como Aracy Balabanian, a humorista Cláudia Jimenez, que trabalhou com a veterana no Sai de Baixo, não tinha herdeiros diretos, já que não teve filhos. A atriz faleceu no dia 20 de agosto de 2022, vítima de insuficiência cardíaca, deixando todos os seus bens para a ex-mulher, com quem foi casada entre 1998 e 2008.

Mesmo separadas oficialmente, Cláudia e Stella Torreão mantinham uma relação terna de amizade e viviam na mesma casa. A herança da atriz incluía três apartamentos, joias, relógios e ações em bancos e numa clínica de fisioterapias onde eram sócias.

Já o apresentador faleceu no dia 5 de agosto de 2022, aos 84 anos, vítima de insuficiência renal e cardíaca. Sem herdeiros diretos, já que o único filho do artista faleceu antes dele, Jô Soares alterou seu testamento dois meses antes de partir.

Flávia Pedras, ex-mulher do apresentador, ficou com a maior parte da herança. Já funcionários que compartilharam os últimos anos de vida de Jô ficaram com uma fração menor do patrimônio.

Jô tinha dois apartamentos avaliados em R$ 7,3 milhões cada, além de outros bens não divulgados que, se considerarmos que ele era um dos apresentadores mais bem pagos da televisão brasileira, deviam somar uma verdadeira fortuna.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor